quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O Onzeneiro

Cena II

O ONZENEIRO

Eis um cristão que conservava algo de comum com os judeus: a sua paixão pelo dinheiro. Era um usurário que enriquecera à custa dos altos juros (11% = onzena) do dinheiro que emprestara aos necessitados – um antepassado dos nossos modernos penhoristas e banqueiros, a quem o Diabo chama seu parente.

Apresenta-se no estrado com um bolsão que ocupa quase toda a barca. O Onzeneiro informa-nos que vai vazio, certamente porque não pudera trazer com ele os vinte e seis milhões de cruzados que deixou bem escondidos no fundo de uma arca. Mas é só neles que ele pensa e chega a rogar ao Diabo que o deixe voltar ao mundo para ir buscá-los. Mas ali, no espaço para além da vida, apresenta-se tão pobre que nem sequer dispõe de uma moeda para pagar a viagem ao barqueiro.

O símbolo do Onzeneiro é um bolsão onde guardava o dinheiro. Significa ele a ambição, a avareza, a cobiça e a ganância. Efectivamente, através desta personagem-tipo, Gil Vicente critica a ganância, a exploração e a cobiça do usurário e denuncia aqueles que fazem fortunas desonestamente, explorando as necessidades alheias.


Recursos que contribuem para o cómico

Com a intenção de divertir a corte, seguindo a máxima “a rir, corrigem-se os costumes”, Gil Vicente recorre a alguns recursos estilísticos.

Atenta no seguinte exemplo:

“Onz. – Na safra do apanhar

me deu Saturno quebranto.”

Nestes versos, o Onzeneiro refere-se indirectamente à sua morte, utilizando expressões menos bruscas. A este recurso damos o nome de eufemismo.

A ironia é também um recurso estilístico muito usado por Gil Vicente para provocar o riso.

“Dia. – Oh! Que gentil recear,

E que cousas pera mim!”

Atitude trocista e mordaz por parte do Diabo.

A ironia consiste na expressão do contrário daquilo que se pensa ou sente. Através da ironia pode-se zombar de alguém, assim como censurar ou humilhar.


aqui o vídeo com a representação da cena do Onzeneiro.

Origem da língua portuguesa: latim vulgar

Já reparaste que o português do séc. XVI, que é usado no Auto da Barca do Inferno, é muito diferente do actual?

Conhecer a origem e a evolução da língua portuguesa pode ajudar-te a compreender o porquê da utilização de certas palavras.

O português provem do latim, língua que se falava na região do Lácio, cuja capital era Roma. Os romanos através das suas conquistas construíram um grande império, levando a que muitos povos conquistados passassem a falar o latim. No séc. III antes de Cristo, os romanos conquistaram também a Península Ibérica. Como os soldados que ocupavam os territórios conquistados eram quase todos incultos e iletrados, o latim que falavam era o latim vulgar, usado por pessoas com pouca instrução e, por isso, muito diferente do latim falado pelas pessoas mais cultas que se expressavam no chamado latim erudito.

Foi através do latim vulgar, que se ia espalhando pelas terras conquistadas pelos romanos e misturando com as línguas já faladas nesses locais, que algumas línguas foram nascendo. As que se formaram a partir do latim designam-se por línguas novilatinas e são o português, o castelhano, o francês, o italiano e o romeno.

Noção de estrato, substrato e superstrato

A língua actual não é só constituída pelo latim. Como acabámos de ver, quando os romanos conquistavam um novo território, nele já habitavam outros povos que tinham a sua própria língua. Estes passavam a misturar a sua língua com o latim vulgar, dando origem às diferentes línguas. Mais tarde, outros povos chegaram a esses territórios, trazendo também a sua influência. Assim, a língua que hoje falamos parece construída em várias camadas ou estratos.

Estrato

Designa a língua que se impôs numa determinada região, sobrepondo-se às que já existiam e às que surgiram mais tarde.

A maioria das palavras portuguesas é de origem latina.

Substrato

Refere-se às línguas que já existiam antes do estrato e que deixaram as suas influências, pois não desapareceram completamente. No caso da língua portuguesa, o substrato mais importante é o céltico. Exemplos de palavras de origem celta são: camisa, cabana, dólmen, etc.

Superstrato

Refere-se às línguas que surgiram depois do estrato, através de povos que ocuparam essas regiões, deixando também as suas influências. Os superstratos germânicos e árabe são os que mais marcaram a língua portuguesa. Dos germânicos ficaram vocábulos relacionados com actividades guerreiras: guerra, bandeira, dardo, etc.

Os árabes deixaram muitas palavras, normalmente começadas por “al”: algarismo, álgebra, Alcácer do Sal, Algarve, etc..

Palavras divergentes e convergentes

Como viste, o latim vulgar esteve na origem da língua portuguesa.

Mas, durante o séc. XVI, o século do Renascimento, em que se procurou imitar a civilização greco-latina, adoptaram-se palavras novas retiradas directamente do latim erudito ou clássico.

Diz-se então que estas palavras chegaram por via erudita, porque entraram tardiamente na língua portuguesa, entre os sécs. XVI e XIX, e que, por isso, sofreram poucas alterações.

As palavras que entraram por via erudita estão, normalmente, mais próximas do étimo latino, porque não sofreram tantas evoluções.

As palavras que entraram no nosso léxico, aquando da romanização e que, por isso, sofreram várias evoluções ao longo dos tempos, diz-se que chegaram até nós por via popular, porque se afastam muito do étimo latino.

Exemplo: plenum > cheio (via popular); pleno (via erudita).
arenam > areia (via popular); arena (via erudita)

Pode verificar-se o inverso:

Palavras iguais, provenientes de étimos latinos diferentes e com significados diferentes.

Exemplo: rivu rio (substantivo)

rideo rio (verbo rir)


sanu são (adjectivo)

sunt são (verbo)

sanctu → são (adjectivo)

As palavras com étimos latinos e significados diferentes que dão origem a palavras que, embora com significados diferentes, têm a mesma forma, o mesmo significante (som), dizem-se CONVERGENTES.

As palavras que provêm do mesmo étimo latino, com formas diferentes (via popular e erudita) e significados iguais dizem-se DIVERGENTES.





A Mena na cozinha

Creme de couve-flor

300 g de couve-flor
200 g de abóbora limpa
1 cenoura
1 cebola
2 batatas
1 l de água
sal
azeite
coentros


Separe a couve-flor em raminhos, lave-os e deite numa panela.
Junte os restantes legumes descascados e cortados aos pedaços. Adicione a água e tempere com sal. Leve ao lume e deixe ferver durante 30 minutos ou até os legumes estarem macios.

Triture tudo com a varinha até fazer um creme bem aveludado. Tempere com azeite.

Sirva a sopa salpicada com coentros picados.
Bom apetite!




Trabalhinho: colar em trapilho lilás





Desafio

Recebi este desafio da Nile.

Temos de escrever uma lista de coisas que nós gostavariamos de fazer antes de terminar a nossa missão nesta vida.

Depois devemos passar este desafio a 8 blogues amigos, exibindo as regras.

Estas são algumas dessas coisas:
1- Ver os meus filhos felizes e realizados.
2- Ter sido avó.
3- Deixar algumas marcas positivas nas pessoas que privaram comigo durante esta vida, algo que as fizessem recordar-me com carinho...
4- Continuar a ensinar aos meus alunos não só conteúdos programáticos, mas valores e atitudes que os valorizem como seres humanos.
5- Ajudar a estabelecer a paz no mundo, abrir as mentalidades dos governantes para o problema da fome, pegar num camião cheio de comida, roupa, brinquedos, livros, medicamentos, vacinas... e partir com o meu marido para lugares que têm pessoas, crianças que ficariam tão felizes, mas tão felizes com um pouco daquilo que os chamados países ricos desperdiçam! Fazer todo o mundo feliz!...

Agora, vou passar não a oito blogues amigos, mas a todos os que quiserem participar neste desafio.

13 comentários:

Dulce disse...

P
R
I
M
E
I
R
A
a comentar todas estas coisas lindas que por cá existem. Ando deliciada com os teus cozinhados e este creme, hum...vem mesmo a calhar. Gosto muito dos teus colares, são o máximo.
O desafio hei-de levá-lo, ando com muito trabalho e tempo a menos. Venho às visitas de fugida, maldito tempo que não chega para tudo. Já sabes, vou passando sempre que posso.
Beijokas
Dulce

DUPLARTE disse...

ola...gostei muito do seu blog...nao so dos artesanatos mas das informações culturais...beijocas

Chocolate disse...

oi querida! adorei os trabalhos e a informação cultural :)) obrigada pelo desafio, qdo puder coloco-o! beijinhos

Sonia Facion disse...

Qierida Mena

Continuas a fazer coisas lindas.

O creme parece ótimo, deu até vontade de comer.

Bjks

Sonia

Feltro em casa disse...

Oi Mena!!!
Um adoro essas sopas-creme!!!Acompanhadas de um pão bem fresquinho, nham,nham...
Adorei o colar-lenço, bem vistoso e bacana!!!!
Estou indo para a praia amanhã e volto no domingo!!!Até a semana que vem então e um grande beijo!!!
Malú

Unknown disse...

Olá Mena,
Já conhece a minha opinião sobre estes seus "posts" e portanto, nem me alongo muito.
AMEI, simplesmente. Adoro os momentos culturais que aqui passo e tudo o resto de que, como sabe, sou fã!!
Beijinhos e votos de excelente resto de semana,
Lia.


P.S. - Ontem foi dia de "Gratinado da Mena". Foi tanto o sucesso que, cá em casa, pediram bis...

artes_romao disse...

Boa tarde,td bem?
mais um post fantastico...
qt ao colar ja o tinha visto e comentado...mas nc e demais falar num acessorio tao bonito...
o desafio faço assim k possa.
fika bem,jinhos***

caloca disse...

Olá Mena, obrigado pelo desafio, tenho um outro para ti la no meu cantinho.
E tudo por aqui continua maravilhoso

Jinhos
armanda

mfc disse...

Obrigado por me relembrares o Onzeneiro.
A sopinha claro que vai...!

A resposta ao desafio é linda.

Unknown disse...

Oi amiga!
A sopa deve ter ficado uma delícia, e o colar ficou lindo...
Obrigada pelo desafio, logo o postarei..
Tem novo post no meu novo blog "Carol's Weblog", passe para e confira, mas não esqueça de deixar sua marquinha...
Uma breve passadinha para te desejar um maravilhoso e encatador FIM DE SEMANA.

Bjs

APO (Bem-Trapilho) disse...

olá Mena! adoro essa musica dos fingertips e nao conhecia o video. gostei imenso! ora aí está uma coisa gira que se pode fazer sem grandes recursos (uma banda, uma sala vazia, e pouco mais).
e tb adorei o teu colar! boa!
quanto ao desafio: é muito imteressante e adorei as tuas respostas, reflectem a pessoa sensivel que és! mas eu ando em tempo amiga. se tiver um tempinho mais jeitoso eu respondo.
bjokinhas grandes!

Dulce disse...

Mena,
Para informar que já fiz este creme e é soberbo! Quero mais receitinhas assim.
Bom fim de semana.
Beijokas
Dulce

Sonia Facion disse...

Passei para deixar-te o desejo de um bom fim de semana.

Sonia

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