segunda-feira, 2 de março de 2009

A Formosíssima Maria




Canto II e Canto III


A paragem em Melinde…


Tal como os deuses tinham decidido em Consílio, a armada portuguesa encontra um lugar para descansar (Canto II, estrofe73), na costa africana, em Melinde, onde os navegadores são muito bem acolhidos por toda a gente, em especial pelo rei que já tinha conhecimento da fama dos portugueses. O rei revela a Vasco da Gama a sua vontade de conhecer melhor o povo lusíada e pede que este lhe conte tudo sobre a sua pátria (Canto II, estrofes 109 a 113).

É por isso que o Canto III abre com uma nova invocação, desta vez a Calíope, musa da Epopeia, da Eloquência e da História, a quem o poeta pede que o ensine a narrar com exactidão aquilo que Vasco da Gama contou ao rei de Melinde.





Vasco da Gama, narrador da História de Portugal


A partir da terceira estrofe do canto III de Os Lusíadas há uma mudança de narrador da acção, pois deixa de ser o poeta – narrador não participante (heterodiegético) – para ser Vasco da Gama, um narrador autodiegético. Vasco da Gama revela nas suas palavras o prazer que tem em contar ao rei a história do seu povo: ”Mandas-me, ó rei, que conte declarando/De minha gente a grão genealogia; /Não me mandas contar estranha história, /Mas mandas-me louvar dos meus a glória.” Vasco da Gama torna-se narrador, aquele que conta, e o rei de Melinde, narratário, aquele a quem a história é narrada.

E é assim que Vasco da Gama inicia a narração da História de Portugal, através de uma longa analepse, desde a fundação da nacionalidade até ao momento da viagem, dando-se lugar na acção a um outro plano diferente do da viagem e da mitologia, o plano da história.





A Formosíssima Maria


Circunstâncias que levaram D. Afonso IV a ir em socorro do seu genro (verdade histórica)


Em 1336, o rei de Marrocos organizou um grande exército e ele próprio comandou uma invasão à Península Ibérica. Como o rei de Castela receava a grande força dos mouros, resolveu pedir auxílio ao rei de Portugal, D. Afonso IV, seu sogro. Envia, então, a Portugal a sua mulher, D. Maria, a suplicar ao pai que vá em socorro de Castela. Dá-se a batalha do Salado, onde D. Afonso IV se enche de glória, ganhando o cognome de "o bravo".



Divisão do texto em partes e síntese de cada uma delas


O assunto deste episódio (III, 102-106) desenvolve-se em três partes lógicas:


- Primeira parte (1.ª estrofe) – introdução em que o poeta descreve a entrada de Maria “pelos paternais paços sublimados”, traçando um breve mas expressivo retrato de D. Maria;


- segunda parte (103 – 105) – fala de Maria a procurar convencer o pai a ir em socorro do marido;


- terceira parte (106) – é a conclusão em que o poeta compara a súplica de Maria junto do pai ao pedido de Vénus a Júpiter para que este socorra Eneias.



Processos utilizados pelo poeta para realçar a comoção da entrada de Maria nos paços paternais


O poeta impressiona logo o leitor ao assinalar o ambiente de grandeza em que Maria entrava: "pelos paternais paços sublimados".
Segue-se depois a descrição de Maria, salientando-se toda a sua beleza e dignidade. O poeta serve-se sobretudo dos adjectivos expressivos para a caracterizar, ao mesmo tempo que vai apontando as atitudes graves e dignas da princesa: "Fermosíssima Maria" (repara no superlativo), "lindo o gesto, mas fora de alegria", "...seus olhos em lágrimas banhados,/ Os cabelos angélicos.../ Pelos ebúrneos ombros espalhados,/ Diante do pai ledo..., /Estas palavras tais, chorando, espalha". Nota o contraste entre a alegria do pai ("pai ledo") e a tristeza da filha ("chorando"), o que realça a grande preocupação desta última. A gravidade e a tristeza está patente logo na expressão "lindo o gesto, mas fora de alegria", em que o contraste entre a beleza do rosto e a sua tristeza mais serve para realçar esta última (é mais impressionante a tristeza num rosto belo). Repara também na antítese entre "cabelos angélicos" (que apontam para uma tranquilidade pacífica) e "espalhados" (que denunciam agitação dramática, grande preocupação). Esta ideia é repetida no fim da estrofe pelo mesmo verbo: "espalha". Há na expressão "chorando espalha" uma sugestão dramática de tragédia possível. Mas é nas lágrimas que a tristeza mais claramente se revela: "...seus olhos em lágrimas banhados, chorando" (nota a repetição da mesma ideia através de palavras diferentes, e a sugestão de continuidade, ou persistência dessas lágrimas, dada pelo aspecto durativo do gerúndio "chorando"). Repara ainda na expressividade do vocábulo "tais" na expressão "Estas palavras tais", que poderemos interpretar como: estas palavras tão cheias de emoção e tristeza.


1. Caracterização física e psicológica de Maria:

"formosíssima Maria"
"lindo o gesto" (rosto lindo)
"cabelos angélicos" (cabelos longos e belos)
"ebúrneos ombros" (ombros muito brancos e lisos)
"fora de alegria"; "olhos em lágrimas banhados"; cabelos... espalhados (em desalinho); "chorando" - o retrato psicológico de Maria é-nos dado através da caracterização indirecta: ela é tímida, está triste, preocupada, chorosa.


1.1. Encontramos uma antítese entre o retrato físico e o psicológico:

A beleza / o sofrimento
A elegância / a comoção


1.2. Há também um contraste entre a atitude de Maria e a do pai, D. Afonso IV:

As forças do sentimento: patriótico e familiar.


1.3. O tempo verbal:

O pretérito imperfeito - dando o visualismo e o aspecto durativo da acção.

O gerúndio - sugerindo continuidade.

O presente - criando vivacidade.


Continuarei no próximo post a análise deste episódio.




Trabalhito:

porta-chaves (mais pormenores aqui)




A Mena na cozinha

Pêra cozida em Moscatel de Setúbal com queijo de Azeitão

6 ou 8 pêras rocha (conforme o tamanho)
1 l de água
2 dl de vinho Moscatel de Setúbal
140 g de açúcar
2 unidades de anis estrelado
1 limão
1 saqueta de chá de erva cidreira
1 queijo de Azeitão

Descasque as pêras e leve-as ao lume com a água, o vinho e o açúcar. Quando levantar fervura, junte o anis estrelado e o zesto de um limão. Deixe cozinhar.
Quando as pêras estiverem cozidas, apague o lume e junte a saqueta do chá. Deixe em infusão durante 15 minutos. Depois retire as pêras e reserve-as no frigorífico.
Leve de novo a calda de cozer as pêras ao lume, retirando antes a saqueta do chá, e deixe ferver em lume brando, até ficar com metade da calda inicial.

Na hora de servir, corte as pêras ao meio e com a ajuda de uma colher de sobremesa retire-lhes o caroço e no seu lugar coloque o queijo de Azeitão. Regue as pêras com a calda e decore com uma estrela de anis ou com raminhos de erva cidreira e com zesto de limão.
Também pode servir as pêras simples, sem queijo, só com o molho por cima e zesto de limão. São uma delícia!



Desafio das mentirinhas

As minhas mentirinhas são as seguintes:

1) Gosto muito de falar, sou uma fala-barato (realmente não sou muito faladora, sou melhor ouvinte).
5) Sou muito cusca, adoro saber tudo acerca de toda a gente (não sou nada dada a saber acerca da vida das outras pessoas, chega saber da minha vida e da dos meus. A vida dos outros não me interessa).
6) Adoro gatos ( apanhei um susto tal com um gato... que gatos só ao longe).


Houve duas meninas que acertaram: a Estela e a Malú. Parabéns!

9 comentários:

Feltro em casa disse...

EEEHHH!!!
Eu acertei!!Eu acertei!!!
Não consigo te imaginar sendo uma pessoa tagarela e curiosa!!!!Como tu mesma escreveu, sempre te imaginei uma boa ouvinte!!!!
E sobre os gatos...bem...foi um "chute"!!!!Eu tenho um gato, mas não sou muito fã da espécie, (sempre vou amar mais os cães), então imaginei que tu também não fosse muito fã...adivinhei no fim!!!
Legal!!!
Adoro jogos de adivinhação!!!
Um beijo
Malú

Sonia Facion disse...

hehehe, não acertei nada!!!!

Bjks Mena

Sonia

Delícias e Talentos disse...

Olha que pêras com queijinho, nunca provei! Que bela sobremesa!
Mena, eu também adoro soja texturizada, em nacos finos ou grossos, o segredo está na confecção, como dizes. E misturada com outros ingrediente e bem temperada passa por carnita e tudo!
O tofu é uma experiência mais recente, mas digo-te que esta receita à Gomes de sá fica sensacional e nem dás pela falta do bacalhau! Quem quiser testar a título de curiosidade não se arrepende, senão eu dizia! Hihihi
Bjókas:)

APO (Bem-Trapilho) disse...

olá linda!
pois... parece que só acertei numa! :)
obrigada por teres arriscado um palpite lá no meu desafio. acertaste!!! era mesmo o idiota do vizinho que se pôs a fazer uma queimada junto ao nosso muro em pleno Verão!!! Sorte a dele nao ter levado uma mangueirada! mas o alivio foi tal que escapou-se! :) outra coisa, nao te preocupes com a troquinha. eu tb ando Às voltas com o fimo ainda! é normal o verniz nao aderir bem às peças de fimo? é uma seca de envernizar! :(
bjo imenso!!! boa semana!

Chocolate disse...

hehehheh
uma delas está errada lol
beijinhos!!

Brunette disse...

Olá!
É engraçado como se consegue conhecer um pouco mais de cada um através do que escreve. Tive logo a certeza nas 2 primeiras mentiras, a terceira foi só decidir entre os cães e o gato. Ainda bem que tomei a decisão certa!
O porta-chaves está uma fofura e a receita deixou-me com vontade de a experimentar!
Bjos e continuação de boa semana.

mfc disse...

Humm... passei ao lado das mentirinhas!!!
Mas posso comer uma perinha?!

Bijoyce,Lda. disse...

Ola obrigada pela visitinha e comentario.
Tens peças lindas!!!
Adorei as do slide.
Bjinhos gd!!!

Daniela Tavares disse...

Oi!!

Oh... Só errei numa!! Que pena!!

Mas fico contente por quem ganhou!

Pode ser que da próxima tenha eu sorte, não é?!... ;)

Beijinho *

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