sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Um cesto de abacates!


Um velho bombeiro

Era uma vez um homem de certa idade e coxo que passava os seus dias a perscrutar o horizonte, olhando aqui, examinando ali, mirando acolá, fixando o olhar além. E todos os dias o víamos trilhando o mesmo caminho, subindo as mesmas encostas, espreitando aqui e ali. Que homem estranho! - dizíamos, entre dentes. Mas ele não ouvia nada, nada lhe parecia interessar, além do que procurava lá longe ou nem tão longe assim… e continuava a alongar o olhar, a esticar os olhos…

Um dia, uma senhora, vendo-o tão alheado e ausente, dirigiu-se-lhe e meteu conversa:

- Está a sentir-se bem?

O homem pareceu acordar de repente e disse que sim, que estava bem.

- É que costumo vê-lo sempre por aqui a olhar, a olhar tempos infinitos, pensei que alguma coisa não estivesse bem consigo.

-Ah, não se preocupe, este é o meu trabalho.

- Trabalho?

- Eu era bombeiro, tive um acidente que me deixou assim disse, apontando para a perna.

- Foi num incêndio que ficou com esse problema na perna?

- Valeu-me a reforma e agora tenho este trabalho, sou responsável por toda a área que se avista daqui deste outeiro, há muita zona protegida e isto tem uma vista linda, há sempre quem queira deitar fogo para depois, não havendo nada mais, construírem - dizia, apontando tudo à sua volta.

- Ah!

- Tenho um telemóvel e se vir fumo ou algo fora do normal, contacto com o quartel dos bombeiros.

Este homem é meu vizinho e a senhora que meteu conversa com ele é a minha mãe. Ficou assim desvendado aquele mistério.

A verdade é que parecia que o homem andava sempre a cuscar e toda a gente achava aquele comportamento bem estranho, até tínhamos um certo receio. Hoje, já não nos faz qualquer impressão vê-lo a sondar por aqui e até nos tranquiliza muito saber que toda esta área está sob a sua protecção. Foi graças a ele que há dois anos um incêndio não colocou muitas habitações em perigo.

Foi horrível, estávamos na praia e recebemos um telefonema de um vizinho a dizer que tínhamos a casa rodeada por fogo. Viemos logo e as estradas estavam cortadas, não sabíamos que caminho tomar para chegar a casa. A polícia não deixava ninguém passar a não ser os bombeiros. O meu marido lembrou-se de ir por um atalho que passa por dentro de pinhais e eu não gostei nada da ideia! O certo é que lá fomos! Começámos a ver as labaredas e fumo por todo o lado, ele parou o carro e mandou-nos sair (a mim e aos miúdos) e voltar para trás. Disse-lhe que voltávamos todos para trás, ele não concordou, que ia para casa, que tinha de chegar lá.

A minha filha chorava, mas nenhum de nós saiu. Fechámos os vidros e o tecto do carro. Passámos pelo meio das chamas. Eu só dizia que não íamos conseguir passar e rezava... O meu filho afirmava que os pneus iam derreter…. A minha filha perguntava se íamos morrer queimados… O meu marido mandava-nos calar… O carro ia a uma velocidade maluca, era tudo vermelho e preto à volta e um calor abrasador. O caminho não é longo, mas naquele momento parecia nunca mais acabar. Passámos a casa do vizinho coxo que andava com uma mangueira a afastar as chamas para fora do seu território, a molhar tudo. Chegámos a casa. O ar estava empestado de partículas negras, pegámos em mangueiras e tratámos de molhar tudo à volta da casa, os muros, as árvores, a estrada e até a casa. Do lado de lá da estrada, o fogo crepitava. À noite, por fim, o fogo estava apagado, mas o vizinho andou toda a noite a rondar, a rondar, não fosse aparecer algum foco e começar tudo de novo.

A verdade é que o meu marido tornou-se amigo deste antigo bombeiro e por causa dessa amizade uma árvore sobreviveu a um ataque de fúria. O vizinho tem uma casa rodeada por um terreno em que cultiva um pouco de tudo e onde tem uma série de árvores de fruto, entre elas uma “pereira” linda, com folhas brilhantes que se mantêm todo o ano. Comprou-a no mercado, disseram-lhe que dava uns frutos óptimos. Plantou-a, cuidou dela, esperou que desse flores e frutos, mas qual não foi o seu espanto quando viu aquela espécie de pêras, nunca vira nada parecido. Descascou uma, que casca grossa! Comeu, que sabor horrível! Deve estar verde, pensou. Grande caroço, não, isto não é nenhuma pêra! Tratou de ditar logo ali a sorte da árvore: ia cortá-la. O meu marido, no seu passeio de bicicleta, meteu conversa com o vizinho e perguntou-lhe se ia cortar lenha. Que não, que ia cortar uma pereira de frutos lindos e brilhantes, mas intragáveis. O meu marido perguntou se precisava de ajuda e apeou-se logo, seguindo o velho bombeiro.

- Ó vizinho, isto são pêras abacates, não corte a árvore, é um fruto muito bom. A árvore está carregadinha, é uma pena cortá-la.

O meu marido explicou ao vizinho como arranjar e comer o fruto, mas não conseguiu fazê-lo gostar de abacate. Mas graças a esta conversa, a árvore ainda lá está e nós temos de comer todos os abacates que o vizinho nos vem trazer. Aqui está a primeira cesta deles, deste ano!




Trabalhinhos:

O trabalhinho mistério vai assim!

Reciclei este saco para pôr o presente da minha mãe. Ela adorou a toalha, gostou imenso das flores, das cores e do vivo verde que coloquei à volta da toalha e que à conta disso, tenho um dedo todo furadinho, vermelho e que dói "p'ra caramba". É que eu cozi tudinho à mão e como não me ajeito com o dedal, o resultado não foi grande coisa para o meu dedinho. Ah, quanto ao saco, ela também gostou muito.


A Mena na cozinha


Batatas louras

1 kg de batatas descascadas
100 ml de vinho branco
1 ramo de salsa
1 folha de louro
50 g de banha

1 colher de sopa de pimentão-doce
4 dentes de alho descascados
300 ml de caldo de carne
sal

pimenta

Pré-aqueça o forno a 220ºC.
Esmague os alhos num almofariz juntamente com um pouco de sal grosso.
Corte as batatas em cubos e tempere com o preparado anterior e alguma pimenta. Coloque num pirex ou tabuleiro de barro.
Junte a folha de louro partida em pedaços. Polvilhe com o pimentão-doce e regue com o vinho branco.


Regue com o caldo de carne e distribua a banha cortada em pedacinhos. Polvilhe com a salsa previamente picada.
Cubra com uma folha de alumínio e leve ao forno por 20 minutos, a 220ºC. Remova a folha de alumínio e prolongue a cozedura por 20-25 minutos, ou até as batatas se apresentarem cozidas e douradas.

Sirva de seguida. Acompanhe com filetes ou carne assada.


Miminhos


Deixo-vos aqui estes miminhos para levarem para os vossos cantinhos. Agradeço-os a esta amiga e também a esta.

14 comentários:

MAR disse...

olá mena! adorei os miminhos e o trabalho mistério está mesmo um espanto!muito bem elaborado(adoro o pormenor do passarinho! além do presente personalizado e igualmente embrulhado num lindo saco reciclado!...sem querer até rimei :)
um beijinho grande
ps: hei-de fazer a receitinha das batatas...cá por casa somos cá uns batateiros!

artes_romao disse...

boa noite,td bem?
adorei as novidades...
o trabalho mistério, um mimo.
assim como o saquinho para a toalha da mamã.
parabéns.
tb digo o mesmo k a menina anterior, eu sou muito 'batateira',heheh.
ainda ao jantar o disse,lol...
agradeço imenso os miminhos.
bom fdsemana,fika bem.
jinhos***

Habiba disse...

ola mena... passei para te desejar 1 bom fim de semana.

Beijinhos

Ângela

mfc disse...

Adorei a música, a história comovente e as batatas óptimas!
um beijo.

~*Rebeca*~ disse...

Faz tanto tempo que não como abacate, Mena. Fiquei até com água na boca...

Amei o mimo, menina linda.

Já está guardadinho no nosso blog de selos.

Beijo imenso!

Rebeca

-

Sonia Facion disse...

HUUUU.....GOSTO MUITO DE ABACATE, COM LIMÃO E AÇ~UCAR, UAU....QUE DELÍCIA!!!!

ESTE TRABALHO MISTERIOSO ESTA A ME INTRIGAR, É UM QUADRO?

TANKS, ESTOU A LEVAR OS MIMINHOS.

sONIA

Maria Cusca disse...

Olá amiga.
Adorei a história do velho bombeiro e da abacateira.
Mas fiquei arrepiada, com a situação do fogo.
As batatinhas tem um óptimo aspecto.
O saco ficou lindo, claro que a tua mãe só podia ter gostado e quando viu a toalha ainda gostou mais.
O trabalho mistério, continua lindo e cada vez mais misterioso.
Jinhos amiga e um óptimo fim de semana

Maria Cusca disse...

Ah, esqueci-me.
Levei um miminho o outro já tenho.
E também dar-te os parabéns, pela narrativa, está linda.
Conseguiste transportar-me para dentro da história.
Nem toda a gente consegue.
Jinhos grandes

Mona Lisa disse...

Olá Mena

A história comoveu-me.

Adorei os abacates. Gosto muito.

Em Luanda comia com frequência , pois tínhamos no quintal.

Estou ansiosa por ver o trabalhinho completo.
Levei mais um miminho. Quando tiver mais tempo dou-lhes destaque.

Obrigada.

Bjs.

APO (Bem-Trapilho) disse...

que giro vai o trabalhinho mistério Mena! está a dar uma trabalheira, nao é? mas quero ver o que vai sair daí amgia! :)
olha, venho falar-te da sensação do momento, o novo blog da M.! :) tens que ver! passa por lá ok?
bjinhos

Brunette disse...

Olá Mena!
Gostei muito da história dos abacates... há pessoas que aparecem na nossa vida, aparentetemente sem um propósito, mas depois fazem toda a diferença, não é?
O trabalhinho mistério evolui lindamente envolto em surpresa...
Bjos e aproveita as férias.

Chocolate disse...

ola amiga! vim desejar-te boa semana! beijinhos

Ana Rodrigues disse...

Olá!
Quanta novidade!
Adorei a história! e melhor ainda porque ñ gosto nem um pouco dessas "peras"... hehehe
O trabalho mistério cada vez melhor... lindo colorido e alegre!
A mãe só podia gostar... ficou uma linda toalha c/ uma bela embalagem!
E é caso p/ dizer... isso é que foi dar ao dedo!... hehehe
Bjs e boa semana

Noah disse...

Quando vais para a cozinha sempre fico com "fome".
ihihihihi

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