quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A carta pessoal

Esta foto tirei-a à saída da Igreja de Santos. O pombo deixou-me aproximar e eu aproveitei e registei o momento.





Carta pessoal


A carta pessoal é aquela que redigimos aos amigos e familiares. Apresenta uma estrutura muito própria, embora não muito rígida. Em primeiro lugar, surge a localidade e a data do lado direito. Em seguida, a denominação do destinatário e respectiva fórmula de tratamento informal (saudação inicial). Posteriormente, surge o corpo da carta propriamente dito, contendo a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. As últimas linhas condensam o momento da despedida (fórmula de despedida) e por fim aparece a assinatura do remetente.



Santarém, 30 de abril de 2009

Querida avó,


Então tudo bem?

As férias estão a correr bem e nós estamos encantadas com este lugar: a praia é óptima, o tempo está muito bom, por isso passamos a vida dentro de água.

Eu e a Cristina estamos à vossa espera, lembrem-se que prometeram vir cá no próximo fim-de-semana. Já estou a ver os dias maravilhosos que vamos passar todos juntos. Tenho saudades das histórias do avô!

Convosco aqui, a praia ainda vai ficar mais bonita, vai ser bom estar na vossa companhia. Ah, avó, mal posso esperar para comer a tua comidinha boa.

Esperamos ansiosamente a vossa chegada. Temos muitas saudades!

Um grande beijinho,

Sara



A adequação discursiva é fundamental para escolhermos a forma de tratamento para cada situação e destinatário:


Presidente da República - Excelentíssimo(a) Senhor(a) Presidente(a)

Ministro - Excelentíssimo(a) Senhor(a) Ministro(a)

Papa - Santíssimo Padre

Cardeal - Eminentíssimo Senhor

Arcebispo e Bispo - Reverendíssimo Senhor

Licenciado ou grau superior - Excelentíssimo (a) Senhor(a) Doutor(a)

Cidadão (em geral) - Prezado(a) Senhor(a)

Rei - Excelentíssima Majestade


As cartas pessoais não têm obrigatoriamente de possuir todos os elementos estruturais das cartas formais, já que não estão sujeitas a fórmulas rígidas. Há uma maior liberdade na sua construção.


Opicina, 16 de Novembro de 1992


Partiste há dois meses e há dois meses, exceptuando um postal onde me comunicavas que ainda estavas viva, que não tenho notícias tuas. Esta manhã, estive parada durante muito tempo no jardim, diante da tua rosa. Apesar de o Outono já ir avançado, destaca-se com a sua cor púrpura, solitária e arrogante, sobre o resto da vegetação já murcha. Lembras-te de quando a plantámos?

Tinhas dez anos e leras há pouco tempo O Principezinho. (...)

Durante os últimos meses, enquanto andava a vaguear pela solidão da casa, os anos de incompreensão e mau humor da nossa convivência foram desaparecendo. As recordações que há à minha volta são recordações de quando eras criança, cachorrinho vulnerável e perdido. É a essa criança que escrevo, não à pessoa fechada e arrogante dos últimos tempos. Sugeriu-mo a rosa. Esta manhã, quando passei junto dela, disse-me: «Pega num papel e escreve-lhe uma carta.» Sei que um dos pactos que fizemos no momento da tua partida era não nos escrevermos, e é a custo que o respeito. Estas linhas nunca irão ter contigo à América. Se eu já cá não estiver quando regressares, estarão aqui, à tua espera. (...)


Vai onde te leva o coração de Susanna Tamaro




Ao longo desta carta, apercebemo-nos de inúmeros aspectos que caracterizam a relação existente entre o destinador e o destinatário:



A ausência do destinatário já se faz notar há algum tempo. - “Partiste há dois meses”

O destinador faz incursões nostálgicas pelo passado. - “Tinhas dez anos e leras há pouco tempo O Principezinho.”

O destinatário não se corresponde com o destinador há muito tempo. - “(...) há dois meses, exceptuando um postal onde me comunicavas que ainda estavas viva, que não tenho notícias tuas.”

A relação entre destinador e destinatário teve momentos mais atribulados. - “(...) os anos de incompreensão e mau-humor da nossa convivência (...)”

O destinador escreve as cartas sem intenção de as remeter ao destinatário. - “Estas linhas nunca irão ter contigo à América.”




Em determinados momentos da carta, são claramente visíveis as emoções, sentimentos e estados de espírito do destinador.



Estado nostálgico em que a avó recorda o passado:

- “Esta manhã, estive parada durante muito tempo no jardim, diante da tua rosa."

- “As recordações que há à minha volta são recordações de quando eras criança, cachorrinho vulnerável e perdido”

Estado de solidão:

- “(...) enquanto andava a vaguear pela solidão da casa”

Desvanecimento dos problemas de relacionamento avó/neta:

- “(...) os anos de incompreensão e mau-humor da nossa convivência foram desaparecendo.”

Consciência da velhice e eminência da morte:

- “Se eu já cá não estiver quando regressares, estarão aqui, à tua espera.”

Dor de não se corresponder com a neta:

- “Sei que um dos pactos que fizemos no momento da tua partida era não nos escrevermos, e é a custo que o respeito.”




Nesta carta há o predomínio da função emotiva, como aliás na generalidade das cartas pessoais (familiares). Podemos verificar isso pela centralidade no emissor, veiculada através da narração em 1.ª pessoa gramatical e da transmissão das suas emoções, sentimentos e estados de espírito.



A relação de familiaridade existente entre destinador e destinatário é assegurada, entre outros aspectos, pela forma de tratamento e por outras marcas linguísticas como a utilização da 2.ª pessoa gramatical:



“Partiste há dois meses e há dois meses, exceptuando um postal onde me comunicavas que ainda estavas viva, que não tenho notícias tuas. Esta manhã, estive parada durante muito tempo no jardim, diante da tua rosa. Apesar de o Outono já ir avançado, destaca-se com a sua cor púrpura, solitária e arrogante, sobre o resto da vegetação já murcha. Lembras-te de quando a plantámos?

Tinhas dez anos e leras há pouco tempo O Principezinho.”

A utilização da 2.ª pessoa do singular e do plural comprova a familiaridade e a proximidade entre o destinador e o destinatário e contribui para assegurar o carácter pessoal e informal desta carta. De facto, nas cartas pessoais predominam as formas de tratamento informais, como esta, e o registo de língua familiar.




Registos de língua


Os enunciados, orais e escritos, dependem das situações de comunicação. Para transmitir a mesma informação, o mesmo indivíduo utilizará registos de língua diferentes em função do seu interlocutor, do local e das circunstâncias em que se encontra e da natureza da mensagem.


Embora não havendo uma demarcação rígida entre eles, os registos de língua podem ser reunidos em cinco grupos: registo corrente, registo cuidado, registo literário, registo familiar e registo popular.


Registo corrente


O registo corrente corresponde à norma (o uso correcto da língua que funciona como modelo dentro de uma comunidade linguística) e é utilizado pela maioria dos membros da comunidade linguística. É caracterizado pelo emprego de palavras, expressões e construções gramaticais simples.

Ex.: Gosto de ir ao cinema com o meu filho.


Registo cuidado


É pouco utilizado na oralidade, excepto em ocasiões solenes (discursos políticos, conferências científicas, sermões) ou quando uma grande distância social separa os interlocutores. Este registo caracteriza-se por um vocabulário rebuscado, por uma construção gramatical complexa.

Ex.: A auto-cognição permite um conhecimento aprofundado do mundo.


Registo literário


Usa um léxico mais rico, mais sugestivo e com recurso a figuras de estilo e efeitos rítmicos.

Ex.: E ela dançou linda e leve, como uma brisa, serpenteando por entre as árvores de folhas verdes e flores perfumadas que lhe beijavam o rosto.


Registo familiar


É utilizado em situações caracterizadas pela informalidade, em família, entre amigos. Emprega um vocabulário muito simples e pouco variado; a frase é muito simplificada gramaticalmente. É o registo usado nas cartas para amigos ou familiares. Utilizam-se muitos diminutos.

Ex.: És mesmo parvinha!


Registo popular: este registo é utilizado pelas camadas menos alfabetizadas da população. Registo com um vocabulário considerado incorrecto quee nem sempre respeita as regras da sintaxe.

Ex.: Tás bom?


Registos especiais

Registos relacionados com determinados grupos ou profissões.


Gíria: é um conjunto de vocábulos e expressões adoptados em certas profissões ou actividades. Existe a gíria dos jornalistas, dos pescadores, dos estudantes, etc.

Ex.: E Cristiano rematou do meio da rua! (rematou de longe)


Calão: linguagem caracterizada pelo uso de palavras e expressões incorrectas e até grosseiras.

Ex.: Curto bué esta cena marada!


Linguagem técnico-científica: aqui estão inseridos os dicionários, e enciclopédias especializados, assim como os livros técnicos. Linguagem caracterizada pelo uso de vocabulário especifico de uma área técnica, do saber ou ciência.

Ex.: A técnica de memória virtual permite ao processador simular memória RAM num arquivo de disco rígido.



Regionalismos: variante caracterizada por um vocabulário específico de uma região.

Ex.: E a zoada (barulho, confusão) foi tanta… Tudo por causa daquela mijoca (bebida ordinária, de má qualidade) que ele lhe serviu.




A Mena na cozinha

Filetes de pescada com natas

6/8 filetes de pescada congelada

1 kg de batatas novas

2dl de natas

1 cebola

2 colheres sopa de azeite

alho em pó

sal

pimenta

orégãos


Tempere os filetes com sal, pimenta, alho em pó e um pouco de leite. Deixe marinar pelo menos 1 hora. Num tacho largo, leve ao lume o azeite e a cebola cortada em rodelas finas e deixe cozinhar até a cebola ficar transparente.


Coloque as batatas cortadas às rodelas por cima da cebolada, em camadas, e, por último, os filetes.

Deite as natas por cima, tape o tacho e deixe ferver lentamente até ficar tudo cozinhado.

No fim, polvilhe com orégãos (se gostar!).


Trabalhito:
colar


Miminho

Este selinho veio daqui e aqui fica para todas as minhas amigas blogueiras.


Vejam!




6 comentários:

Mona Lisa disse...

Olá Mena

Mais uma aula cuidadosamente preparada...como nos habituaste.

Enquanto espero pela hora de jantar vou ouvindo Mozart.

Adorei a foto.

Vou levar o selinho.

Bjs.

~*Rebeca*~ disse...

Mena do meu coração, todo elogio que vem de ti é recebido com aquela felicidade verdadeira. E esse pombo, hein??? Ultimamente estou adorando tirar fotos e momentos assim têm que ser registrados.

Beijo bem grandão, menina linda.

Rebeca

-

artes_romao disse...

boa noite,td bem?
mas que bela imagem, que conseguiste captar,heheh.
um post muito informativo.
agradeço tb o selinho.
este colar está um encanto.
fica bem,jinhos***

Sonia Facion disse...

Oi Mena!!!!

Esta blog cultura, sempre aprendo ou relembro algo passeando neses ares.

Lindo esse colar.

Já estou levando o selinho, tanks!!!

Bjks

Sonia

Brunette disse...

Olá Mena!
Adorei as músicas que colocaste, em especial a de Tchaikovsky, é simplesmente o meu compositor de eleição! Até me dá arrepios a forma como a sua música me invade...
Gostei muito do colar, sempre com evidente bom gosto.
bjos

Edilene Pacheco disse...

Amiga,

Ando tão ocupada com uma feira internacional que a empresa onde trabalho está realizando, que esse mês não tive tempo de fazer nenhum trabalhinho.
Mas acho que agora em novembro, nas minhas férias vou conseguir.

Bjss e um belo final de semana.

Enviar um comentário