sexta-feira, 26 de março de 2010

Penélope veio à Biblioteca



Penélope, a esposa de Ulisses, veio à Biblioteca contar as aventuras e desventuras do seu muito amado marido.

Já agora aproveito para vos falar um pouco mais de Penélope e de Ulisses.

Os aqueus (os gregos da antiguidade) e, entre eles, o destemido Ulisses atacaram Tróia, para resgatar Helena que havia sido raptada por Páris. O tempo foi passando, passando e Ulisses tardava, tardava...

O pai de Penélope, não sabendo o paradeiro do genro nem se era vivo ou morto, sugeriu que a filha voltasse a casar. Ela, uma mulher apaixonada e fiel ao seu marido, recusou, dizendo que o esperaria. O pai, no entanto, insistia e Penélope para não lhe desagradar, resolveu aceitar a corte dos seus pretendentes. Mas como ela não tinha intenção de casar, ia adiando ao máximo o novo casamento! Impôs então uma condição: só se casaria após terminar a mortalha que tecia.

Durante o dia, aos olhos de todos, Penélope tecia, tecia, e à noite desfazia a teia que tecera durante o dia. Mas, passado algum tempo, uma das suas criadas descobriu o estratagema e contou toda a verdade. Ela propôs então outra condição a seu pai: casaria com o homem que conseguisse encordoar o duro arco de Ulisses. Todos os seus pretendentes tentaram, mas apenas um camponês humilde conseguiu realizar a proeza. Este camponês era Ulisses disfarçado.


Aqui está Penélope a contar algumas das façanhas de seu marido!
Foi mais uma actividade promovida pela Biblioteca com o intuito de levar os alunos a ler mais e mais...

Este manequim teve um papel muito importante na Semana da Poesia! Qual foi? Depois conto e mostro. O que já podem ver é a dificuldade que tiveram estas meninas para montar o boneco: ora cai um braço, ora sai uma mão, ora escapa a perna, ora tomba o homem...

No fim, almoçámos com a Penélope. Onde está ela? Está mesmo ao meu lado. Falta de jeito da fotógrafa? Não. Talvez. Não estava familiarizada com a máquina? A máquina não lhe obedeceu? Não sei.

Para o almoço, houve bacalhau com natas e salada...

... bifinho grelhado...

...e ao fundo a vista era esta.





A corrente renascentista da lírica camoniana

O Amor


Tanto de meu estado me acho incerto


Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, justamente choro e rio,
O mundo todo abarco e nada aperto.

É tudo quanto sinto, um desconcerto;
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio,
Agora desvario, agora acerto.

Estando em terra, chego ao Céu voando;
Numa hora acho mil anos, e é jeito
Que em mil anos não posso achar uma hora.

Se me pergunta alguém por que assim ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.

Camões


Breves apontamentos


Este soneto pode ser dividido em duas partes lógicas, sendo a conjunção condicional se o elemento que lhes serve de ligação. Na primeira parte do soneto, constituída pelas duas quadras e pelo primeiro terceto, o sujeito poético descreve o seu estado de alma caracterizado pelo desconcerto. Repara nos recursos expressivos apontados, que sugerem este estado de alma contraditório:


Antítese - Estando em terra, chego ao Céu voando,

Sem causa, juntamente choro e rio,

O mundo todo abarco e nada aperto.


Hipérbole - Num' hora acho mil anos, e é de jeito


Metáfora - D' alma um fogo me sai, da vista um rio;


Paradoxo - Que em vivo ardor tremendo estou de frio;


Paralelismos - Agora espero, agora desconfio, // Agora desvario, agora acerto.


No segundo momento do poema, constituído pelo último terceto, a atenção é desviada para a 2ª pessoa e para a indicação, por parte do sujeito poético, da causa responsável pelo seu estado de espírito contraditório: a visão da senhora (“Que só porque vos vi, minha Senhora.”)

No último verso é de salientar a importância do advérbio , em contraposição com tanto, todo, tudo, quanto.

Este advérbio traduz a singularidade de um acontecimento que despertou uma multiplicidade sentimentos.



Análise


Neste soneto, nitidamente petrarquista, o sujeito poético descreve os sentimentos contraditórios provocados pela contemplação da amada (“…só porque vos vi, minha Senhora.”).

O soneto divide-se em duas partes lógicas:

- as duas quadras e o primeiro terceto, em que se descreve o estado de alma do sujeito lírico, caracterizado pelo “desconcerto”;

- o último terceto. Em que se “suspeita” que a causa desse estado de espírito deve estar na visão da “senhora”.

O sujeito poético procede primeiramente a uma enumeração dos efeitos da contemplação da amada, para, só no final (último verso), nos revelar a causa. Explora, deste modo, o efeito de surpresa e enaltece a beleza da amada, dando-nos conta, sobretudo, da multiplicidade da causa (“…só porque vos vi, minha Senhora.”).


Efeitos:

- me acho incerto”

- “em vivo ardor tremendo estou de frio”

- “choro e rio”

- “todo abarco e nada aperto”

- “desconcerto”

- “Da alma um fogo me sai, da vista um rio”

- “espero” / “desconfio”

- “desvario” / “acerto”

- “Estando em terra, chego ao Céu”

- Numa hora acho mil anos” / “em mil anos não posso achar uma hora”


Causa:

- “ suspeito Que só porque vos vi, minha Senhora”



A profundidade, o carácter contraditório e desconcertante dos efeitos da contemplação da amada e, implicitamente, as suas qualidades resultam da utilização dos seguintes recursos de estilo:


A antítese, sobretudo na primeira parte do soneto, serve para realçar o carácter contraditório dos sentimentos desencadeados pela visão da amada:

- “em vivo ardor tremendo estou de frio

- “choro e rio

- “O mundo todo abarco e nada aperto

- Agora espero, agora desconfio

- “Agora desvario, agora acerto

- “Estando em terra, chego ao Céu voando”

- “Numa hora acho mil anos


A anáfora e o paralelismo (utilização da mesma estrutura frásica), intensificam expressivamente os sentimentos:

- Agora espero, agora desconfio”

- “Agora desvario, agora acerto”

A hipérbole, hipertrofiando os efeitos, valoriza a causa:

- “D' alma um fogo me sai, da vista um rio”

-“O mundo todo abarco e nada aperto”


A apóstrofe, constituída pelo vocativo final (“minha senhora”), revela-nos a causa de todo o sofrimento do sujeito poético.


A metáfora:

- “D' alma um fogo me sai, da vista um rio”

- “em vivo ardor”


O paradoxo, expressão de ambiguidade, ajuda a sugerir a grande instabilidade emotiva do sujeito lírico:

- “Numa hora acho mil anos, e é jeito / Que em mil anos não posso achar uma hora.”


A intensificação (hiperbólica) da multiplicidade dos efeitos, na primeira parte, através de alguns advérbios e pronomes (tanto; tudo), que contrastam com o advérbio “só”, do último verso, chama a atenção para a importância da simples visão da amada.


Soneto em verso decassilábico heróico (acentuado na 6.ª e 10.ª sílabas), com excepção do 9.º verso (“Estando em terra, chego ao Céu voando”), que é sáfico (acentuado nas 4.ª, 8.ª e 10.ª sílabas). A rima é interpolada e emparelhada nas quadras e interpolada nos tercetos, segundo o esquema rimático ABBA ABBA CDE CDE.



Trabalhinho:


A Mena na cozinha

Salada de polvo

500 g de polvo

2 cebolas

1 ovos

1 ramo de salsa

3 colheres de sopa de azeite

1 colher de sopa de vinagre

sal

pimenta


Lave o polvo e coza-o na panela de pressão com uma cebola, com casca, e um copo de água, durante 15 minutos.

Coza os ovos, descasque-os e pique-os grosseiramente.
Escorra o polvo e corte-o aos bocadinhos.
Disponha-o numa taça.
Pique a outra cebola e a salsa finamente.

Junte tudo ao polvo.
Regue com o azeite e o vinagre e tempere com e sal e pimenta.


Acompanhe com batatas cozidas, às rodelas e salada de tomate.

Bom apetite!



3 comentários:

Mona Lisa disse...

Olá Mena

São de louvar as actividades feitas na tua escola.

Vim a horas do lanche, foi pena.

Gostei muito do teu trabalhinho. Tem umas cores fantásticas.

Bjs e bom fim de semana.

Lisa

APO (Bem-Trapilho) disse...

Mais uma iniciativa interessantíssima.
bjinhos grandes amiga! Bom fds! :)

~*Rebeca*~ disse...

Mena,

Posso fazer uma pergunta bem ingênua? Quem te ensinou a cozinhar tão BEEEEEEEEEEEEEEEEEEM, hein? Aff, deu fome!

Beijo imenso, menina linda.

Rebeca

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