segunda-feira, 12 de abril de 2010

A aberta da Lagoa de Óbidos

A aberta na Foz do Arelho

A ministra do Ambiente garantiu no Parlamento que a intervenção na aberta da Lagoa de Óbidos estará concluída antes da época balnear e prometeu que em Junho será lançado um concurso internacional para a dragagem da lagoa.
É o que todos esperamos...
Queremos a nossa praia!

Entretanto, deixo-vos aqui algumas fotos da "praia".
Como podem ver, precisa urgentemente de uma grande intervenção...



A lírica camoniana

A mulher

Tal como nos sonetos analisados anteriormente, também nestas endechas assistimos à construção de um retrato feminino.


endechas a Bárbara escrava

Aquela cativa
Que me tem cativo,
Porque nela vivo
Já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
Em suaves molhos,
Que pera meus olhos
Fosse mais fermosa.

Nem no campo flores,
Nem no céu estrelas
Me parecem belas
Como os meus amores.
Rosto singular,
Olhos sossegados,
Pretos e cansados,
Mas não de matar.

Uma graça viva,
Que neles lhe mora,
Pera ser senhora
De quem é cativa.
Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde opinião
Que os louros são belos.

Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas bárbara não.

Presença serena
Que a tormenta amansa;
Nela, enfim, descansa
Toda a minha pena.
Esta é a cativa
Que me tem cativo;
E. pois nela vivo,
É força que viva.

Luís de Camões

Breves apontamentos:


Retrato de Bárbara

Físico: cabelos e olhos pretos, fermosa, rosto singular.
Psicológico: presença serena; que o siso acompanha; tão doce a figura; ua graça viva; olhos sossegados; leda mansidão.
Social: aquela cativa

Este retrato é diferente dos anteriores, porque transgride o ideal de beleza petrarquista. É-nos apresentada, por um lado, uma figura exótica, de cabelos e olhos pretos e de forma velada, através da expressão "pretidão de amor", o sujeito poético sugere-nos também o tom escuro da pele da mulher amada. Por outro lado, é aqui elogiada uma escrava ("cativa"), isto é , uma mulher de condição social bem diferente da petrarquista que era tendencialmente nobre. No entanto, Bárbara psicologicamente reúne as características do ideal petrarquista: calma, serenidade, doçura.

O sujeito estabelece comparações entre alguns elementos da Natureza e a beleza de Bárbara: rosa, flores, estrela, neve.
Estas comparações realçam e intensificam o carácter único da beleza da cativa. O sujeito poético chega mesmo a 'preferir' Bárbara em detrimento do ideal feminino petrarquista, preferência sugerida nos versos "Pretos os cabelos, / Onde o povo vão / Perde opinião / Que os louros são belos."

Atenta também na alteração do determinante demonstrativo aquela (no início do poema) para esta (na última estrofe):
- Esta alteração sugere a aproximação afectiva que se estabelece entre o sujeito poético e Bárbara.

O poema "Aquela cativa" inspirou outros poemas, pela curiosidade despertada pela imagem de Bárbara. “Camoniana” é um deles:


Camoniana

Quem és tu, bárbara, que moras
num poema que se estuda nas escolas
e se lê em recitais,
- tu que te limitaste a ser amada
por um poeta que, se calhar, mais
não te deu em troca do amor
do que esse poema que tu, se calhar,
nunca chegaste a ouvir? Quem és,
ó mulher mais real do que esse
poeta que te cantou, e de cuja vida
ninguém sabe nada - a não ser
que te amou, e te deitou nesse
poema em que ainda vives, e respiras
como no dia em que ele o escreveu
lembrando-se do teu corpo, e dos
teus lábios, e dos dias, ou noites,
que contigo se passaram? Quem és,
mulher real e sonhada que habitas
todos os poemas que esse poema
inspirou, e todos os sonhos que
nessa bárbara encontraram uma imagem
precisa e definitiva? volta-te
nesses versos, para que te vejamos
o rosto, e diz-nos o teu nome o nome
autêntico, e não esse que o poeta
inventou para te chamar num poema
que de ti só guarda o segredo;
e adormece depois, esquecendo
o que de ti disseram, e os comentários
de que foste o pretexto, e as imagens
em que, cada vez mais, foste perdendo
a tua, e única, imagem.


Nuno Júdice

Aqui, encontras outra análise deste poema!





A Mena na cozinha

Esparguete com sardinhas

azeite

1 chávena de miolo de pão de milho

3 latas de sardinhas em azeite

1 cebola picada

esparguete

raspa de um limão

pimenta

salsa picada

sal


Ponha uma panela com água ao lume com um pouco de azeite e sal para cozer o esparguete. Leve uma frigideira ao lume com um fio de azeite e um terço do miolo de pão e deixe o pão absorver totalmente o azeite. Junte a cebola picada e deixe cozinhar até ficar translúcida.

Adicione as sardinhas, a raspa de limão e tempere com sal e pimenta.

Mexa de modo a partir ligeiramente as sardinhas. Junte a salsa picada e o resto do miolo do pão.

Acrescente o esparguete cozido e escorrido. Envolva ligeiramente os ingredientes.

Bom apetite!


Trabalhito:




Caixa forrada com tecido e com aplicações em feltro e feltragem. Na tampa, découpage com areia.


3 comentários:

Mona Lisa disse...

Olá Mena

Esperemos que a praia seja arranjada!Já nada me admira.

Gostei imenso do poema de Nuno Júdice.

Hoje não jantei, pois não gosto de sardinhas.

Bjs.

Lisa

~*Rebeca*~ disse...

Mena,

Se deixar passo horas e horas contemplando o mar e pensando na vida... é bom, né?

Pois é, ontem os comentários resolveram se revoltar...ahahaha... mas agora está tudo bem, menina linda.

Beijo imenso.

Rebeca

-

Joana Cardoso disse...

a sua ajuda foi indespensavel para mim. isto é, amanha vou ter apresentaçao oral de um dos poemas de camoes, mais propriamente "endechas a bárbara escrava". tenho q analisar o poema. assim, com este resumo, o meu trabalho será mais facilitado, visto que o seu resumo me ajudou a entender melhor a temática. desde já obrigada...
Joana

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