quinta-feira, 3 de junho de 2010

A duna

Foto da Net

A Duna

Salir do Porto foi durante muito tempo o lugar de eleição de um grupo de jovens universitários. Ali, acampavam durante os quase três meses de férias. Ali conheceram muitos outros jovens vindos de todo o lado: de Lisboa e de outras partes do país, do estrangeiro (França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha...). Grandes passeios se davam à beira-mar! Belos serões se passavam a tocar e a cantar ou somente a conversar. Esses tempos estavam adormecidos, escondidos bem no fundo do baú das recordações, mas Justé e Greta revolveram as areias profundas e destaparam, fizeram vir à tona, tantas raízes enterradas na minha memória. Quantas vezes por dia subíamos aquela duna? Quantas vezes, ao descer, nos faltavam as pernas e rebolávamos por ali abaixo? Quantas vezes ficámos com a boca cheia de areia? E o cabelo tão impregnado daqueles grãos dourados e finos que nos víamos em sérios embaraços para nos libertarmos deles! Quantas vezes a corrida era de tal modo louca e veloz que só parávamos dentro da água?
E foi ao ver a alegria das meninas lituanas a descer a duna que me lembrei de tantas tardes passadas lá em cima, de tantas gargalhadas cheias de areia!
Todas as manhãs subíamos o monte de areia, muito mais alto do que é hoje, e nos embrenhávamos por entre as árvores à cata de lenha. Em grupo, entre anedotas e risadas, apanhávamos os ramos secos e caídos das árvores e algum mato para atearmos o lume. E à noite, subíamos aquela areia fria e húmida carregados com as violas, os termos do café e do chá e os biscoitos, bolachas e bolinhos. E, chegados ao cume, sentávamo-nos a ver a vista, São Martinho iluminado, incendiava a água da baía que cintilava e tremeluzia colorida. Depois, deitávamo-nos e ficávamos a mirar a lua e a contar as estrelas. Já mais descansados e com os olhos cheios com aquela beleza nocturna, aproximávamo-nos da lenha e fazíamos uma fogueira e era à sua volta, sentados, que cantávamos horas a fio, até se gastar a lenha, o café, o chá e todos os bolinhos, até a voz enrouquecer e os olhos piscarem de tanto sono e cansaço, até os reflexos das labaredas desaparecerem do nosso olhar. No fim, altas horas da madrugada, descíamos o monte a correr numa alegria descomunal, lá em baixo a água brilhava e aqui e ali saltitavam peixinhos. Tudo estava tão silencioso, a praia deserta, a água a murmurar suavemente. Todos nos calávamos para ouvir o silêncio, para enchermos de novo os nossos olhos com aquela água negra e brilhante, com a lua reflectida na negrura como um queijo enorme a flutuar. E, levemente, quase sem tocar com os pés no chão, cada um de nós entrava na sua tenda clandestinamente.

Foto da Justé
Foto da Mariana


A palavra poética

Palavras de amor

Não posso adiar o amor

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.

António Ramos Rosa


O que é que o poeta não pode adiar no poema "Não posso adiar o amor..."?
Não posso adiar...
- a minha vida
- o amor
- o coração
- o meu amor
- o meu grito de libertação
- este braço

As orações subordinadas concessivas (destacadas no tento a vermelho), introduzidas pela locução subordinativa concessiva "ainda que", têm a função de apresentar um facto contrário à acção principal sem a impedir.

Figuras de estilo:
"este braço/ que é uma arma de dois gumes/ amor e ódio" = antítese e metáfora
"a noite pese séculos/ sobre as costas" = metáfora
"estale e crepite e arda" = gradação e polissíndeto

A expressividade da linguagem deste poema confere-lhe um carácter original e contribui para a criação de múltiplas linhas de sentido. A intersecção de versos curtos com versos longos, a quase inexistência de rima e as constantes repetições estão na linha da poesia do século XX.

Este poema, em relação à sua estrutura externa, apresenta uma estrutura estrófica e métrica irregulares.

O tema deste poema é o amor. Fala-se de um amor inadiável e da influência que este tem na vida do sujeito poético. A ideia de que o amor é inadiável é-nos logo apresentada no título e está presente ao longo de todo o poema através da construção anafórica do poema, em que o 1º verso de cada estrofe repete a expressão “não posso adiar”. O sujeito lírico afirma, ao longo do poema, a sua incapacidade de negar o amor, uma vez que este sentimento surge no poema como sinónimo de vida e de liberdade. No poema aponta-se para a existência de duas forças opostas, o amor e o ódio. Assim, aparecem alguns elementos negativos ao longo do poema: o grito que sufoca a garganta; o ódio que estala; sob montanhas cinzentas; a noite que pesa séculos sobre as costas, como se nunca acabasse; “a aurora indecisa” que demora a chegar, como se a esperança de um novo dia nunca se concretizasse. A estes elementos negativos, o sujeito poético contrapõe o amor como se fosse um abraço, “uma faca de dois gumes”, que pudesse conciliar, ou melhor, fazer uma ponte, uma ligação entre o amor e o ódio. O sujeito lírico termina esta estrofe, afirmando a sua incapacidade de adiar o amor, ou seja, a vida, reclamando uma existência em que a liberdade esteja no centro da sua vida “não posso adiar para outro século a minha/ vida/ nem o meu amor/ nem o meu grito de libertação”. O sujeito poético sintetiza com uma expressão, num monóstico, os seus sentimentos, afirmando somente “não posso adiar o coração”. O coração é o centro da vida, o lugar onde nasce o amor.





A Mena na cozinha

Bacalhau com natas
500 g de bacalhau
1 kg de batatas
azeite
2 cebolas
2 colheres de sopa de farinha
0,5 l de leite
2 dl de natas
1 colher de sopa de mostarda
sumo de limão
sal
pimenta
queijo ralado

Desfie o bacalhau. Descasque e corte em cubinhos as batatas. Frite-as em azeite.

Corte as cebolas às rodelas e leve-as a alourar em azeite. Quando estiverem lourinhas, junte o bacalhau e deixe cozinhar. À parte leve ao lume duas colheres de azeite e duas colheres de farinha e regue com o leite e as natas. Deixe ferver até espessar. Retire do lume e tempere com uma colher de mostarda, o sumo de limão, o sal e a pimenta.
Num tabuleiro de ir ao forno e à mesa, disponha o bacalhau com a cebola e as batatas em camadas, Regue com o molho e polvilhe com queijo ralado. Leve ao forno a alourar.

Sirva com salada de alface.
Bom apetite!



Trabalhinhos dos meninos das sextas-feiras

2 comentários:

Mona Lisa disse...

Olá Mena

Recordar é viver!

A canção "Dunas" é LINDA!

Hoje não jantei...é tarde!

Bjs.

artes_romao disse...

boa tarde,td bem?
gostei das novidades...
os trabalhinhos das meninas estão um mimo;)
bom fdsemana, fica bem.
jinhos***

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