Exposição (cap. II)
O bom pregador
“(...) a semente é a Palavra de Deus. Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouvem, mas em seguida vem o diabo e tira-lhes a palavra do coração, para não se salvarem, acreditando. Os que estão sobre a rocha são os que, ao ouvirem, recebem a palavra com alegria; mas, como não têm raiz, acreditam por algum tempo e afastam-se na hora da provação. A que caiu entre espinhos são aqueles que ouviram, mas, indo pelo seu caminho, são sufocados pelos cuidados, pela riqueza, pelos prazeres da vida e não chegam a dar fruto. E a que caiu em terra boa são aqueles que, tendo ouvido a palavra, com um coração bom e virtuoso, conservam-na e dão fruto com a sua perseverança.”
Na opinião do padre António Vieira, um bom pregador é aquele que consegue transmitir a mensagem do seu sermão de forma clara para que os ouvintes a compreendam, conseguindo também, assim, convencê-los a aceitar e a seguir a doutrina pregada.
O plano do Sermão
Para que os ouvintes se deixem converter é necessário, por um lado, que o auditório tenha as duas qualidades essenciais de um bom ouvinte (ouvem, mas não falam); por outro lado, partindo do conceito predicável (Vos estis sal terrae), Vieira sublinha a necessidade de todos os pregadores deverem ter todas as propriedades das pregações de Santo António que cumprem a verdadeira função do sal. Assim, Padre António Vieira pregará aos peixes, imitando Santo António, com o objectivo de converter os homens. Mas para que o público perceba melhor o assunto do sermão, a primeira condição para conquistar a sua benevolência, Vieira divide-o em duas partes: numa primeira parte louvará as virtudes dos peixes que, aliás, dividirá em louvores gerais e louvores particulares: numa segunda parte, repreenderá os vícios dos peixes que também subdividirá em repreensões gerais e repreensões particulares. Assim, pregando como Santo António, e pregando ao auditório ideal, será possível purificar a terra.
“Começando, pois, pelos vossos louvores, irmãos peixes, bem vos pudera eu dizer, que entre todas as criaturas viventes e sensitivas, vós fostes as primeiras que Deus criou. A vós criou primeiro que as aves do ar, a vós primeiro que aos animais da terra, e a vós primeiro que ao mesmo homem.”
Padre António Vieira serve-se da apóstrofe, que consiste numa interrupção que o orador faz no discurso para se dirigir a coisas ou a pessoas reais ou fictícias, para despertar a atenção do auditório. Esta figura de estilo torna o discurso mais vivo e real, logo mais convincente.A partir deste capítulo, o auditório, isto é, o público da igreja de São Luís do Maranhão, passará a ser tratado, alegoricamente, por “irmãos peixes”.
A alegoria designa uma figura de estilo que consiste na corporização de uma ideia abstracta, muitas vezes conseguida através de um jogo de metáforas e de comparações. a sua descodificação prende a atenção do auditório.
Vocativo: palavra ou expressão que, numa frase, indica a pessoa, animal ou coisa personificada, a quem nos dirigimos directamente. Pode ser precedido de interjeições como (ó) e separa-se sempre por vírgula(s) dos outros elementos da frase.
Modificador apositivo: nome ou expressão nominal que se junta a outro nome ou a um pronome, a título de explicação ou de apreciação. Geralmente, coloca-se separado por vírgulas.
Apóstrofe: figura de estilo que consiste numa interrupção que o orador faz no discurso para se dirigir a coisas ou a pessoas reais ou fictícias.
Há que louvar nos peixes: a atenção, a obediência, a quietação, a ordem, o respeito, a devoção.Ao exaltar as virtudes dos peixes, o orador confronta duas diferentes atitudes perante a palavra de Deus: os peixes ouviram a palavra de Deus que Santo António pregava (comportamento Racional); os homens perseguiam Santo António porque este os repreendia (comportamento irracional)
“Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam. Uma só cousa pudera desconsolar o Pregador, que é serem gente os peixes que se não há-de converter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo costume quase se não sente. Por esta causa não falarei hoje em Céu nem Inferno; e assim será menos triste este Sermão, do que os meus parecem aos homens, pelo encaminhar sempre à lembrança destes dois fins.”
"Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes? (...)
Vos estis sal terrae. Haveis de saber, irmãos peixes, que o sal, filho do mar como vós,tem duas propriedades, as quais em vós mesmos se experimentam: conservar o são e preservá-lo, para que se não corrompa. Estas mesmas propriedades tinham as pregações do vosso Pregador Santo António, como também as devem ter as de todos os Pregadores. Uma é louvar o bem, outra repreender o mal: louvar o bem para o conservar e repreender o mal para preservar dele."
Mas existem outras formas de manter a coesão textual, através dos conectores discursivos:
"Suposto isto, para que procedamos com clareza, dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo repreender-vos-ei os vossos vícios. (…) Vindo pois, irmãos, às vossas virtudes, que são as que só podem dar o verdadeiro louvor, a primeira que se me oferece aos olhos hoje, é aquela obediência, (…)"
Trabalhinho:
Batido de melão, manga e morangos
1 ou 2 fatias de melão
12 morangos
½ manga
2 colheres de açúcar
Gelo
Delicie-se!
1 comentário:
olá amiga! tudo bem?
bem o teu trabalhinho de hj está um espanto!!! adorei mesmo! é uma agenda? está fantástica!!!!
mas passei porque preciso uma colaboraçãozita lá no meu blog. gostava de saber se existem lares para 3ª idade, para utentes ainda não em fase terminal, lares não deprimentes, em Portugal. Conheces algum?
bjinhos
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