quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O nosso amor é e não é




Cheguei à hora marcada
A porta aberta, a cama vazia
Chegaste logo, pouco depois
Não me olhaste
Mas já me tinhas visto há muito
E ambos soubemos naquele instante
No momento em que os nossos olhos se cruzaram
Que já há muito tínhamos chegado
Tínhamos chegado ao mesmo tempo

As nossas bocas procuraram-se
E nesse momento
Reconhecemos o doce sabor a mel
E soubemos que já nos tínhamos visto
Sem nunca nos termos olhado
E percebemos que sem nunca nos termos apertado
Muitas vezes já nos tínhamos abraçado
E descobrimos que sem nos conhecermos
Muitas vezes já nos tínhamos encontrado

Os nossos corpos acenderam-se
E nesse instante
Soubemos que muitas vezes já nos tínhamos enleado
Entre lençóis de cetim e ais sussurrados
Sós, sem nunca nos termos enlaçado
E fizemos juras de amor
Com palavras que tantas vezes já dissemos
E descansámos um no outro
Como, eternamente, e nunca fizemos

É que o nosso amor é e não é
É a bruma que se esfuma no ar
É a espuma que se desfaz no mar
E temos medo de que possa não ser
Mas temos a certeza de que só pode ser
O sol que aquece o dia, abranda à noite
Mas não acalma o fervor da paixão
Será que o nosso amor não é?
Não. O  nosso amor só pode ser


Mena

3 comentários:

Nilson Barcelli disse...

"Será que o nosso amor não é?
Não. O nosso amor só pode ser"
Há situações que são tão familiares e naturais que parece que já as vivemos antes...
O teu poema é excepcional, diria perfeito se isso existisse.
Gostei muito, adorei, aliás.
Mena, minha querida amiga, tem um bom fim de semana.
Beijo.

Anónimo disse...

Professora, este poema é lindo! Gostei e é fácil de interpretar.

Um beijinho e continuação de boas férias, vejo que anda a passear pelo Alentejo.

Joana B

Nilson Barcelli disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

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