sábado, 30 de março de 2013

As letras do meu afecto e O AO e os seus trolhas




As letras do meu afecto


Por acordo com a direcção do Diário do Alentejo, as crónicas que a partir de agora partilharei nestas páginas não seguem o novo Acordo Ortográfico. Não por caturrice cinquentenária ou porque seja avesso à inovação, mas muito simplesmente porque este (des)Acordo é desonesto nos princípios que proclama, inútil nos fins a que se propõe e criminoso na forma como pretende alcançá-los.
Destina-se a coisa a unificar o que não pode nem deve ser unificado, e o facto de não conseguir fazê-lo é a razão primeira da sua inutilidade. Com ou sem o AO, um facto em Portugal continua a ser um fato no Brasil. E o fato que eu use não há-de ser diferente do terno que vestem os meus amigos do Rio e de São Paulo. Tal como, se lá for, não duvido que continuarei a ter boa recepção. Mas se os receber em minha casa, por vontade do AO não poderei proporcionar-lhes mais do que uma modesta receção.
De disparate em disparate, nem o nome dos meses escapa à fúria alegadamente normalizadora. Querem com isto que Abril passe a ser apenas abril, haja vinho novo em setembro e o Natal seja celebrado em dezembro. E qual é a utilidade de tal gesto?
Não é por os ingleses subirem de lift e os americanos de elevator que ambos deixam de chegar ao mesmo destino. Os espanhóis viajam de coche e os cubanos andam de carro, eventualmente da mesma marca, mas com certeza de anos diferentes. E entendem-se muito bem.

As palavras não são meros conjuntos de letras e fonemas, são também a memória
que trazem dentro delas.

O AO não serve porque não presta, e não presta porque não faz sentido. A Língua defende-se preservando a sua diversidade, porque ela reflecte a história dos povos que a falam. As palavras não são meros conjuntos de letras e fonemas, são também a memória que trazem dentro delas. Memória delas e das coisas que designam, e das mulheres e dos homens que a falam. Não basta, pois, conhecer as palavras todas, é preciso saber como se usam.
O AO cofunde muito mais do que simplifica, por exemplo ao promover o uso facultativo de uma ou de outra variante. Mas ninguém perguntou aos espectadores se queriam ser transformados em espetadores. E é o que se vê: tolejar converteu-se num desporto alternativo, a comunicação tornou-se mais difícil e a Língua ficará seriamente ferida se a prossecução do crime não for interrompida. E ainda pode sê-lo: uma iniciativa legislativa de cidadãos está presentemente em curso e as hipóteses de ser bem sucedida dependem apenas da vontade de todos nós.
As línguas têm o seu próprio tempo, as palavras crescem, vivem, e às vezes morrem, mas isso deve acontecer no respeito pelo ciclo natural do desenvolvimento humano. Uma língua amputada artificialmente e sem rigor nem sabedoria torna os povos que a usam inevitavelmente mais pobres, porque menos cultos. E um povo menos culto é um povo menos livre.
No apontamento sobre os lugares de Zeca Afonso que aqui publiquei há duas semanas, o AO retirou o c da palavra afecto. E eu gosto dele, entre outras razões porque me ajuda a abrir a vogal anterior. E porque aquele c é parte do código genético daquela palavra, e não há razão para que seja eliminado. No que depender de mim, farei tudo para poder continuar a usar todas as letras do meu afecto.

Viriato Teles, in Diário do Alentejo

sexta-feira, 29 de março de 2013

A Mena na cozinha com a Rita



Crepes


3 ovos
100g de farinha
2 dl de leite
50g de manteiga derretida
Óleo qb
Sal qb

Parta os ovos para uma tigela. Junte um pouco de sal e comece a bater.
Aos poucos e batendo sempre, junte a farinha, o leite e por fim a manteiga derretida.
Passe a massa por um passador.
Tape com um pano e deixe descansar durante 1 hora, para a massa perder elasticidade.
Leve ao lume uma frigideira anti-aderente e pincele com um pouco de óleo.
Coloque uma concha de massa, não muito cheia e espalhe bem para não ficar com buracos.
Se a massa estiver muito grossa, junte um pouco de água.
Deixe cozer o crepe em lume médio durante alguns minutos, até a massa se descolar à volta.
Vire o crepe e deixe cozinhar mais um pouco. Retire.
Repita o processo até acabar a massa.
Sirva polvilhados com açúcar e canela ou gelado ou fruta ou doces...

quinta-feira, 28 de março de 2013

Ai o AO e a língua portuguesa




No seu artigo “O português na encruzilhada” (Expresso, 2 de Março de 2013), Margarita Correia procura caracterizar dois caminhos para a língua portuguesa.
Vejamos a caracterização que ela faz desses caminhos, começando por aquilo a que chama “via A”.
“A via A corporiza-se no desmembramento da unidade transnacional do português, através do afastamento progressivo (mais político que linguístico) das suas variedades nacionais, podendo conduzir ao surgimento de novas línguas.”
Nunca ninguém defendeu o desmembramento da unidade transnacional do português, nem o afastamento progressivo das suas variedades nacionais. O AO é que, ao não consagrar critérios para a incorporação de vocábulos das línguas nativas (africanas, por exemplo), adopta uma atitude neo-colonialista e abre a porta ao tal afastamento progressivo das variedades nacionais.
“a) a língua tem um país-dono, de onde é originária, a que compete em exclusivo a sua regulação”.
É absolutamente falso! Esta facticidade é fabricada para permitir a objecção. Ninguém defende que Portugal seja dono da língua nem que lhe compita o exclusivo da sua regulação. Os autores do AO é que consideraram Portugal e Brasil os únicos países-donos da língua, esquecendo todos os outros que a falam.

“b) os países que a adotam manterão em relação ao país-dono uma posição passiva, renunciando ao direito a regulá-la”.
Isso foi exactamente o que o AO fez! Relegou para uma posição passiva não apenas cinco países, mas também Portugal e Brasil, arredando da discussão, aqui essencial, as sociedades respectivas e as suas instituições, em especial as universidades, as sociedades de autores e de escritores, os editores, etc.. E, ao consagrar facultatividades, demitiu-se de quaisquer responsabilidades, não regulando nada. De resto, o próprio conceito de “pronúncia culta” de que o AO parte é uma obsolescência que temos de concluir ser lamentavelmente defendida por linguistas como a Autora.
“c) normas linguísticas de países que não acatam esta relação são consideradas espúrias”.
Este argumento é pouco inteligente e inconsistente de todo Ninguém considera espúrias as diferenças lexicais, ou as de pronúncia, ou as gramaticais. A Autora deveria indicar onde é que viu defendidos e adjectivados de “espúrios” esses pontos de vista. Talvez no século XIX…
“d) a codificação da norma da língua competirá em exclusivo ao país-dono”.
À falta de argumentos, esta alínea é uma variante da alínea a) supra. Nunca ninguém sustentou o exclusivo da codificação para Portugal. De resto, quando se defende a ortografia vigente (que não é a do AO), está a defender um desiderato que foi atingido em 1945 entre Portugal e o Brasil (o facto de este país não o ter acatado é irrelevante para o argumento). Logo a língua já não pertencia então a um país-dono.
“e) esta corresponderá tendencialmente à língua usada pelos expoentes do seu cânone literário, não sendo acessível a todos os falantes, mas apenas a alguns “sábios” .
Trata-se de outra enormidade. O AO foi feito por uma ou duas pessoas que se furtaram e furtam à crítica. Quase todos os falantes qualificados, escritores, professores, académicos ligados profissionalmente à linguística, e portanto verdadeiros “sábios” na matéria, e outros académicos (sem falar no cidadão comum), se pronunciaram contra o AO. O que eles não vêem é os seus argumentos serem analisados, discutidos e respondidos.
“f) mantendo a norma imutável, preservar-se-á uma suposta e aparente pureza da língua”.
Esta é também uma variação inconsequente do que tinha sido dito antes e não corresponde a nada. Ninguém defende a imutabilidade da norma, mas sim a sua correcção e adequação ao conceito de ortografia.
Vejamos agora como a Autora caracteriza a “via B”, que é a que ela defende:
“A via B corporiza-se na preservação da unidade transnacional do português, pela adoção de políticas linguísticas conjuntas que visem a sua preservação como língua comum a vários países, embora respeitando a variação entre os seus registos nacionais”
Não há políticas linguísticas conjuntas. Em 1990 os PALOP’s assinaram de cruz, pois não estavam habilitados a discutir tecnicamente o texto. Há um entrincheiramento encarniçado dos autores do AO. atrás das normas deste. E basta atentar na atitude das autoridades angolanas para ser ver que a adopção de políticas conjuntas só é possível salvaguardando a ortografia anterior ao AO e que essa ortografia, nunca será demais repeti-lo, é também, juridicamente, a que está em vigor em Portugal.
Passemos aos pressupostos enunciados:
“a’) a língua não tem um dono único e pertence a todos os países que a adoptam como oficial”. Esta asserção e as seguintes são verdades de Monsieur de La Palisse. Não merecem comentário especial.
“b’) estes assumem-na como sua e arrogam-se o direito a também a regular”.
Trata-se também de uma evidência indiscutível.
“c’) todos os países se colocam em igualdade de circunstâncias”.
 A autora continua a dizer as coisas que toda a gente sabe no estilo que toda a gente tem. Mas diga-se que, em 1990, esta questão foi apenas formal. Os PALOP’s não intervieram praticamente na discussão da substância das normas.
“d’) a codificação da(s) norma(s) da língua compete, em conjunto, a todos os países que a adotaram”.
É exactamente assim, só que cinco (hoje seis) desses países não meteram prego nem estopa na matéria.
“e’) essa(s) norma(s) pertence(m) a todos os países e te(ê)m duas vertentes: uma ou mais normas internacionais, partilhada(s) por vários países, e uma ou mais normas nacionais, correspondente(s) ao uso efetivo em contexto formal, em cada país”.
Lendo isto fica-se a pensar que a Autora afinal é contra o AO, sobretudo em matéria de manutenção e pronúncia das chamadas consoantes mudas…
“f’) descrever a norma, adaptá-la ao uso e às necessidades e torná-la acessível aos falantes fortalece a língua, promove o seu uso e uma cidadania com igualdade de oportunidades”.
Diga-se, quanto a mais esta banalidade, que o AO faz exactamente o contrário do que aqui se defende.
Feita esta análise, confrange verificar que, mais uma vez, nem uma só das críticas técnicas e jurídicas feitas ao AO é discutida. Também já é costume… A Autora arruma a questão, tratando tudo isso como “subterfúgios que visam opacificar uma discussão que se desejaria transparente”. Como álibi para não enfrentar a discussão é muito fraco, convenhamos… Para mais sendo a autora vice-presidente do ILTEC.


(O acordês é usado nas citações da Margarita Correia...)

quarta-feira, 27 de março de 2013

Momentos - Cáceres


E vão duas Margaridas!


Uma pausa para a foto com as minhas meninas.


 Mais um sorrisinho para a objectiva!


Meninas à varanda!


A experimentar a caminha!


O grupo onofrino


Hora do jantar


A sorrir a vida leva-se melhor!


Ora vamos lá posar para a foto, pois então!


Ah! Sempre concordam comigo, toca a sorrir!


Não sei se ria...


Onde raio anda o meu telemóvel?


Tão sérias!


O vinho não é nada mau!


Olha, o meu copo já está vazio!


Eu dou-te do meu, queres?


Ah, não, já estou servida!


Nem esperaste que sorrisse! Esta máquina não é como a da Filomena, a Branco, que capta sorrisos!


Ah! Agora sim!


E aqui, canta-se o Fado!


Um sorriso, um sorrizinho (?), uma cara séria!


À nossa!


Contam-se anedotas!


Tiram-se fotos...


Sorri-se ou não...


A boa disposição esteve sempre presente...


Momentos de convívio...



Brindemos à vida!


E para terminar a noite, mais um fadito, pois então!

Não percam o próximo episódio, há mais momentos para mostrar...