sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Vamos lá fazer as contas!


Começaram as aulas, há poucos dias, mas o trabalho dos professores, esse, começou logo que acabaram as férias... Eu comecei a trabalhar no dia 1 de Setembro, pois iniciei as férias a 1 de Agosto, mas houve quem principiasse mais cedo… Sucederam-se reuniões, planificações, preparação de fichas diagnósticas e de materiais, preparação das primeiras aulas, consulta dos processos dos alunos para nos inteirarmos da sua situação escolar anterior, dificuldades, necessidades educativas… um rol de procedimentos que têm de ser feitos antes de chegarem os alunos …

Infelizmente, uma grande parte da população portuguesa pensa que os professores só dão aulas, trabalhando umas horitas por dia e o resto do tempo “passeiam e bebem água”!

Pois bem, hoje entrei às 8.30h e saí às 13h, tive aulas toda a manhã. Os alunos fizeram uma ficha de diagnóstico: 24 alunos x 3= 72, isto quer dizer que tenho 72 fichas para corrigir e para analisar... fora o resto: preparação de aulas para os alunos de currículo regular e para os outros de currículos adaptados…

Numa das turmas, tenho dois alunos com necessidades educativas especiais e isso quer dizer que o trabalho com estes alunos tem de ser diferenciado: materiais próprios para cada caso, fichas de trabalho adequadas às suas dificuldades, apoio individual dentro da sala de aula…

Imaginem o seguinte: os dois alunos solicitam a atenção do professor, pondo questões diferentes (as dificuldades destes alunos não são as mesmas: um lê e compreende o que lê, mas tem dificuldades de expressão, de aplicar conhecimentos… o outro lê com muita dificuldade, não compreende o que lê, não consegue exprimir-se oralmente - não percebo a maior parte das coisas que ele diz!) e, na mesma sala de aula, há os outros meninos, que entretanto acabaram os exercícios propostos e que não estão para estar à espera que o professor acabe o trabalho com os outros dois… Conseguem imaginar a situação?


Aqui está um trabalho interessante e elucidativo. É um pouco longo, mas vale a pena ler!

Se és professor já o sabes, sente-lo na pele, não é? Se não és, não voltarás a dizer que os professores passam o tempo de férias e que só trabalham meia dúzia de horas por dia.



Resposta ao Caríssimo que veio aos jornais INDIGNAR-SE contra os professores.


Caro anónimo indignado com a indignação dos professores,


Homens (e as mulheres) não se medem aos palmos, medem-se, entre outras coisas, por aquilo que afirmam, isto é, por saberem ou não saberem o que dizem e do que falam.

O caro anónimo mostra-se indignado (apesar de não aceitar que os professores também se possam indignar! Dualidade de critérios deste nosso estimado anónimo... Mas passemos à frente) com o excesso de descanso dos professores: afirma que descansamos no Natal, no Carnaval, na Páscoa e no Verão, (esqueceu-se de mencionar que também descansamos aos fins-de-semana). E o nosso prezado anónimo insurge-se veementemente contra tão desmesurada dose de descanso de que os professores usufruem e de que, ao que parece, ninguém mais usufrui.

Ora vamos lá ver se o nosso atento e sagaz anónimo tem razão. Vai perdoar-me, mas, nestas coisas, só lá vamos com contas.

O horário semanal de trabalho do professor é 35 horas. Dessas trinta e cinco, 11 horas (em alguns casos até são apenas dez) são destinadas ao seu trabalho individual, que cada um gere como entende. As outras 24 horas são passadas na escola, a leccionar, a dar apoio, em reuniões, em aulas de substituição, em funções de direcção de turma, de coordenação pedagógica, etc., etc.

Bom, centremo-nos naquelas 11 horas que estão destinadas ao trabalho que é realizado pelo professor fora da escola (já que na escola não há quaisquer condições de o realizar): preparação de aulas, elaboração de testes, correcção de testes, correcção de trabalhos de casa, correcção de trabalhos individuais e/ou de grupo, investigação e formação contínua. Agora, vamos imaginar que um professor, a quem podemos passar a chamar de Simplício, tem 5 turmas, 3 níveis de ensino, e que cada turma tem 25 alunos (há casos de professores com mais turmas, mais alunos e mais níveis de ensino e há casos com menos - ficamos por uma situação média, se não se importar). Para sabermos o quanto este professor trabalha ou descansa, temos de contar as suas horas de trabalho.

Vamos lá, então, contar:

1. Preparação de aulas: considerando que tem duas vezes por semana cada uma dessas turmas e que tem três níveis diferentes de ensino, o professor Simplício precisa de preparar, no mínimo, 6 aulas por semana (estou a considerar, hipoteticamente, que as turmas do mesmo nível são exactamente iguais - o que não acontece - e que, por isso, quando prepara para uma turma também já está a preparar para a outra turma do mesmo nível). Vamos considerar que a preparação de cada aula demora 1 hora. Significa que, por semana, despende 6 horas para esse trabalho. Se o período tiver 14 semanas, como é o caso do 1.º período do presente ano lectivo, o professor gasta um total de 84 horas nesta tarefa.

2. Elaboração de testes: imaginemos que o Prof. Simplício realiza, por período, dois testes em cada turma. Significa que tem de elaborar dez testes. Vamos imaginar que ele consegue gastar apenas 1 hora para preparar, escrever e fotocopiar o teste (estou a ser muito poupado, acredite), quer dizer que consome, num período, 10 horas neste trabalho.

3. Correcção de testes: o Prof. Simplício tem, como vimos, 125 alunos, isto implica que ele corrige, por período, 250 testes. Vamos imaginar que ele consegue corrigir cada teste em 25 minutos (o que, em muitas disciplinas, seria um milagre, mas vamos admitir que sim, que é possível corrigir em tão pouco tempo), demora mais de 104 horas para conseguir corrigir todos os testes, durante um período.

4. Correcção de trabalhos de casa: consideremos que o Prof. Simplício só manda realizar trabalhos para casa uma vez por semana e que corrige cada um em 10 minutos. No total são mais de 20 horas (isto é, 125 alunos x 10 minutos) por semana. Como o período tem 14 semanas, temos um resultado final de mais de 280 horas.

5. Correcção de trabalhos individuais e/ou de grupo: vamos pensar que o Prof. Simplício manda realizar apenas um trabalho de grupo, por período, e que cada grupo é composto por 3 alunos; terá de corrigir cerca de 41 trabalhos. Vamos também imaginar que demora apenas 1 hora a corrigir cada um deles (os meus colegas até gargalham, ao verem estes números tão minguados), dá um total de 41 horas.

6. Investigação: consideremos que o professor dedica apenas 2 horas por semana a investigar, dá, no período, 28 horas (2h x 14 semanas).

7. Acções de formação contínua: para não atrapalhar as contas, nem vou considerar este tempo.

Vamos, então, somar isto tudo:

84h+10h+104h+280h+41h+28h=547 horas.

Multipliquemos, agora, as 11horas semanais que o professor tem para estes trabalhos pelas 14 semanas do período: 11hx14= 154 horas.

Ora 547h-154h=393 horas. Significa isto que o professor trabalhou, no período, 393 horas a mais do que aquelas que lhe tinham sido destinadas para o efeito.

Vamos ver, de seguida, quantos dias úteis de descanso tem o professor no Natal.

No próximo Natal, por exemplo, as aulas terminam no dia 18 de Dezembro. Os dias 19, 22 e 23 serão para realizar Conselhos de Turma, portanto, terá descanso nos seguintes dias úteis: 24, 26, 29 30 e 31 de Dezembro e dia 2 de Janeiro. Total de 6 dias úteis. Ora 6 dias vezes 7 horas de trabalho por dia dá 42 horas. Então, vamos subtrair às 393 horas a mais que o professor trabalhou as 42 horas de descanso que teve no Natal, ficam a sobrar 351 horas. Quer dizer, o professor trabalhou a mais 351 horas!! Isto em dias de trabalho, de 7 horas diárias, corresponde a 50 dias!!! O professor Simplício tem um crédito sobre o Estado de 50 dias de trabalho. Por outras palavras, o Estado tem um calote de 50 dias para com o Prof. Simplício.

Pois é, não parecia, pois não, caro anónimo? Mas é isso que o Estado deve, em média, a cada professor no final de cada período escolar.

Ora, como o Estado somos todos nós, onde se inclui, naturalmente, o nosso prezado anónimo, (pressupondo que, como nós, tem os impostos em dia) significa que o estimado anónimo, afinal, está em dívida para com o Prof. Simplício. E ao contrário daquilo que o nosso simpático anónimo afirmava, os professores não descansam muito, descansam pouco!

Veja lá os trabalhos que arranjou: sai daqui a dever dinheiro a um professor. Mas, não se incomode, pode ser que um dia se encontrem e, nessa altura, o amigo paga o que deve.


Isto demonstra bem o quanto os professores trabalham e… "nem se dá por ela".



A Mena na cozinha

Couve gratinada com carne picada

3 colheres de sopa de polpa de tomate
400 g de carne picada
1 dl de azeite
couve-flor
1 lata de cogumelos laminados
1 cebola
1 dente de alho
2 dl de caldo de carne
1 dl de vinho branco
1 pacote de natas
sal
molho bechamel
queijo ralado
1 malagueta grande
pimenta
salsa


Coza a couve-flor em água temperada com sal. Escorra-a bem e separe os "tronquinhos" maiores.

Veja a receita do creme de carne aqui!

Unte um pirex com azeite ou margarina e disponha uma camada de couve. Por cima da couve, deite um pouco de creme de carne. Repita as operações até terminar a couve-flor.


Sobre a última camada de couve-flor, deite o molho bechamel e polvilhe com queijo ralado. Leve ao forno quente até alourar.

Bom apetite!

Trabalhito:

colar

Miminho

Miminho oferecido pela ?
Aqui fica para quem quiser levar!




12 comentários:

Maria Maia disse...

Amiga sei bem o que é o vosso trabalho, pertenço á Associação de Pais da Escola do meu filho e ao Conselho Geral, e já vinha do Transitório.
Olha eu estou sem pc, foi arranjar, ando aqui a mendigar o do meu marido...hehe, amanha ver se te passo a receita, de uma broa de milho.
Bjsss
P-S- Já jantei...a tua delica

Mona Lisa disse...

Olá Mena

Sou professora aposentada e essa história já enjoa...dores de cotovelo!!!
Nunca liguei. Trabalhava com gosto.

Ouvi o sapateado enquanto jantava a tua "couve-flor" recheada.
Uma delícia.

Bjs.

Lisa

Anónimo disse...

Olá professora
Pois eu acho que os professores e os alunos deviam ter mais tempo livre. Este ano só tenho uma tarde livre, o meu horário está cheio de furos, porque somos três turmas numa. Enquanto alguns estão a ter aulas, outros não, tenho tipo quatro horas de almoço num dia e duas e três nos outros. É uma chatice, não dá para ir a casa, é só tempo perdido. O Dt diz que não pode fazer nada, porque são muitos alunos, uns da turma até têm um horário fixe, mas eu e outros não. Já tenho saudades da professora e das suas aulas. A minha prof de port deste ano fala de uma maneira esquisita, deve ser das ilhas, às vezes não percebo bem o que ela diz. Vou ter de lhe pedir auxilio se não perceber a matéria, está bem. Eu mando-lhe um mail a pôr as minhas dúvidas ou então vou ao messenger, a professora ainda por lá aparece para nos ajudar?
beijinhos da
beatriz

artes_romao disse...

boa noite,td bem?
pois é, neste momento continuo a vida de estudante.
e sei dar o valor...agradeço o miminho.
e gostei muito da tua comida e do colar...
bom fdsemana,fica bem.
jinhos***

Sonia Facion disse...

Uau!!!!

Que lindo os rapazes cantando!!!!!

Os dançarinos no teclado, bábaro!!!!

É amiga, eu sei, quando lecionava, tbm ouvia algumas piadinhas a respeito do tempo gasto.

A maioria pensa que trabalha-se só na escola.

Bjks e bom findi.

Maria Cusca disse...

Aceitei o convite para jantar e estava delicioso.
O trabalhinho está lindo.
Em relação ao texto.
O problema principal, na minha opinião, é as pessoas falarem muito, do que não sabem.
Porque essa opinião não é só em relação aos professores.
Quase todo o trabalho intelectual, é visto dessa forma.
Só o trabalho fisico, como mineiros, pedreiros,carpinteiros,
pescadores (e outros que agora não me ocorre) são considerados trabalho e labuta.
Enfim...é a mentalidade...
Jinhos amiga e um óptimo fim de semana

Eunice Martins♥ disse...

OLÁ LINDA AMIGA!!!


Por mais que o tempo passe e que as dificuldades possam surgir,
eu sempre estarei firme e forte, porque sei que posso contar com você,
uma AMIGA que certamente foi um presente em minha vida............
Sei que a nossa AMIZADE é verdadeira, e para todas as amizades verdadeiras o tempo nunca passa, as distâncias nunca existem........
Pois elas são eternas e a verdadeira amizade nunca morre....
Obrigada por sua amizade e por permitir que eu lhe chame de AMIGA!!!
DESEJO UM FIM DE SEMANA MARAVILHOSO.
BEIJOS COM CARINHO.

Arte na Mão disse...

Olá Mena, gostei do que escreves-te, como a Maria Cusca diz e muito bem, o trabalho intelectual não é valorizado em Portugal nem em outros paises...., falam, falam , mas não conseguem racicionar na responsabilidade que algumas profissões tem, nos anos de estudo que inclui investimento material, como por exemplo em livros, esses a ler a vida toda, enfim, muito haveria a dizer, mas eu estou longe exactamente porque cansei de remar contra a maré...olhos que não vem, coração que não sente....
Beijinhos grandes e tudo de bom para ti Mena,
Alik

Maria Maia disse...

Amiga está o link da receita de broa de milho que faço na máquina do pão.
bjssss
http://www.forumbimby.com/forum/index.php?topic=5862.0
250g de farinha de trigo;
250g de farinha de milho;
1 Pacote de fermipan (ou substituto);
1 Colher de chá de sal;
40g de margarina;
150g de leite;
2 Ovos.

~*Rebeca*~ disse...

Assim que chegarmos, responderemos todos com aquele carinho já conhecido. O amor é lindo, gente! E realmente a vida, quando é intensamente vivida, é bela.

Beijos jogados no ar, sempre!

Rebeca e Jota Cê

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Anónimo disse...

olá Amiga td bem? gostei mt do colar! ficou lindissimo...
enquanto apreciava a bela música saboreava a couve~flor! estava delicioso =)
qnt ao resto é dor de cotovelos e palavras d kem fala por falar, n ligues...
Beijinho grand e bom Domingo

Joana disse...

olá Mena!
Vim agradecer a visita e apreciar as delícias do teu blog. Teus trabalhos são lindos e as receitas saborosas. Bjs
Joana

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