quinta-feira, 1 de abril de 2010

Árvores



Lembram-se deste galho?
Foi esta arvorezinha que deu as boas-vindas à Primavera na nossa Biblioteca. O galhinho nu e tosco ganhou flores e folhas e logo, logo, foi habitado por passarinhos e passarocos que entretanto fizeram ninho!

E dos pequenos ovinhos, nasceram dois passaritos.

Esta grande árvore feita pelos alunos serviu para assinalar o Dia Mundial da Floresta, o Dia Mundial da árvore e o Dia Mundial da água.
E para terminar, a Biblioteca ofereceu uma árvore à escola. Cá está a nossa Anabela a plantá-la com a preciosa ajuda dos seus alunos!


Ela chegou, mas ele não partiu!


Ela chegou, apeou-se na estação, deixou partir o comboio, olhou em redor e teve uma sensação estranha. Será que saiu no apeadeiro correcto? Olhou em volta à procura de algo que lhe dissesse que sim, que se tinha enganado, que não deveria ter saído ali, mas mais adiante, muito mais adiante. E lá estava o sinal iluminado a gritar-lhe o nome da povoação. E o mais engraçado é que não, não se tinha enganado! Estaria a ver bem? Piscou os olhos, voltou a piscar e alongou-os até chegarem de novo ao letreiro luminoso que também parecia piscar. Não havia qualquer dúvida! Chegara efectivamente ao seu destino! Mas tudo ali tinha o ar de que quem chegara há uns meses, não partira na data combinada. Não preparara sequer a sua chegada! E agora? Como vamos coexistir? Um vai e o outro vem. Sempre foi assim! Não podemos estar ambos ao mesmo tempo num mesmo lugar! Atrasou-se e não partiu? Terei eu chegado antes da hora prevista?

Pegou na mala colorida, no chapéu-de-sol, nas flores recém-nascidas, no orvalho da manhã e encaminhou-se para fora da estação. As pessoas olhavam-na. O seu vestido primaveril, leve e alegre ,causava estranheza nos transeuntes que aconchegavam ainda mais o cachecol, abotoavam mais um botão do casaco, puxavam ainda mais a gola do sobretudo para cima… Ela tentava sorrir, lançar um raiozinho de sol sobre as pessoas sombrias, mas o sorriso congelava-se-lhe nos lábios. Tentava saltitar com os seus pezinhos semi-nus na relva, mas esta estava fria e molhada. Tentou aquecer o ar com a sua alegria, mas uma sombra sobrevoou a sua cabeça. Olhou para cima e viu as nuvens ameaçadoras e cinzentas. Logo, logo vai chover, pensou. Era preciso encontrar aquele que não partiu e perguntar-lhe o que fazer. Afinal, ela estava ali!

A chuva começou a cair copiosamente, a água das poças salpicava-lhe os pés, o seu chapéu-de-sol não a protegia dos grossos pingos gelados, o vestido leve e florido não lhe aquecia o corpo franzino, as suas flores perderam a graça e a mala colorida perdera a cor.

Ia encontrar-se com ele, perguntar-lhe a razão por que não partira na data prevista.

Lá estava ele, velho e rabugento, de longas barbas brancas, sentado ao lume e embrulhado num cobertor cinzentão e roto. A sua voz trovejava e os seus olhos faiscavam. Perdera o comboio, não sabia bem como. E agora estavam ali frente a frente. Ele, com um ar arreliado, a resmungar um não sei como aconteceu. E ela, delicada e a tremer de frio e de indignação, olhava-o como que a perguntar: e agora? A sua voz saiu, por fim, aos tropeções, débil, trémula:

- Que fazemos?

Ele, de olhar gélido, ensaiava um sorriso frio, tão frio que pintava tudo de branco à sua volta. Respondeu, com aquela voz de trovão:

- Até poder partir, temos de repartir o tempo. Escolho eu.

- Não. Eu escolho. Tu não devias estar aqui, por isso, escolho eu.

- Sou mais velho. Escolho eu.

Estava difícil chegar a acordo. Mas, a verdade é que tinham mesmo de decidir.

E assim, temos o Inverno e a Primavera a conviverem juntos. Não sei como dividiram o tempo! Durante o dia, por vezes, o sol brilha e aquece tudo, inundando os dias de luz e de cor, mas logo desaparece e dá lugar ao frio, às nuvens sombrias e carregadas, ao vento e à chuva.

Deus queira que o Inverno não esteja a ser preciso noutro lado qualquer! Vou esperando, entretanto, que chegue o comboio e o leve de vez!





A corrente renascentista da lírica camoniana

O Amor


Transforma-se o amador na cousa amada


A poesia camoniana é uma poesia de tensões constantes. Repara.

 
Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
 
Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si sómente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.
 
Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim co'a alma minha se conforma,
 
Está no pensamento como ideia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.
 
 
                   Luís de Camões

Tese, antítese e síntese


Tese: primeiro momento de um processo argumentativo em que se apresenta uma ideia.

Antítese: segundo momento de um processo argumentativo que nega o primeiro e que contribui para o emergir da síntese.

Síntese: proposição que realiza o acordo da tese e da antítese, que supera ambos.


Num primeiro momento, o soneto apresenta-nos uma tese do amor, segundo a qual o amor é a ideia da amada vivida pelo amador que por muito pensar na cousa amada acaba por fazer parte dela, e as suas almas transformam-se numa (“Transforma-se o amador na cousa amada,/ Por virtude do muito imaginar;”). Além disso, o sujeito poético refere que se encontra num estado de perfeição, dizendo “Não tenho … mais que desejar”. Nesta tese, em que o amor se eleva a um plano ideal que transcende o contacto físico, sente-se uma forte influência platónica. Contudo, à tese do amor platónico, o sujeito poético vai opor a antítese, questionando-se por que motivo, apesar de se encontrar num estado perfeito, o seu puro amor continua insatisfeito e a procurar realizar-se de forma corpórea. O sujeito lírico consegue perceber a persistência do desejo, recorrendo às categorias aristotélicas da matéria e da forma, pois, segundo Aristóteles, a matéria é a existência virtual que só se realiza mediante as formas.

O poema termina com uma síntese em que o sujeito poético se assume como sendo simultaneamente, espírito e matéria, alma e corpo.


Primeiro Momento – Tese
(influência platónica)
 
·         As almas do amador e da
cousa amada transformam-se numa só.
 
·         A confirmação deste estado como perfeito e ideal.
 
 
Segundo Momento – Antítese
 
·         A dúvida expressa na conjunção condicional 
“se” e na frase interrogativa.
 
·         Influência das categorias aristotélicas da
matéria e da forma (o seu amor procura 
realizar-se de forma corpórea).
 
 
Terceiro Momento – Síntese
 
·         O sujeito poético assume-se como sendo
simultaneamente, espírito e matéria, alma e corpo. 
 
 

Segundo Jacinto Prado Coelho, Camões é, entre os poetas, quem melhor reflecte a doutrina platónica.


O platonismo

Para Platão havia dois mundos, o mundo sensível, em que habitamos, e o mundo inteligível, das ideias puras e da suprema perfeição. O primeiro não passa da sombra ou simples reflexo do segundo; neste reside a Ideia Suprema, a Suprema Beleza, a Suprema Bondade, enquanto no mundo sensível só encontramos a beleza particular. Para Platão, as realidades sensíveis são defeituosas, efémeras, aspirando o Homem ir ao encontro das realidades modelos, inespaciais, intemporais e eternas que se encontram só no mundo inteligível.

(texto com supressões) J. do Prado Coelho, Dicionário da Literatura



A Mena na cozinha

Coroa de framboesas

Framboesas
2 pacotes de gelatina de frutos do bosque
4 dl + 4 dl de água
2 iogurtes naturais

Prepare uma embalagem de gelatina com 4 dl de água a ferver. Deite um pouco no fundo da forma e disponha as framboesas em coroa. Deite o resto da gelatina por cima com cuidado para elas não se descolarem e não ficarem a boiar.

Prepare o outro pacote de gelatina com 3 dl de água a ferver e reserve. Verta numa tigela os iogurtes e mexa bem. Vá adicionando a gelatina, mexendo sempre. Se necessário, use a batedeira. Deite este creme sobre a gelatina com as framboesas e alise. Leve ao frigorífico.

Desenforme e delicie-se!


Trabalhito:

Colar com muranos

4 comentários:

bentojesuscaraça disse...

Parabéns às colegas da Biblionofre pelo empenho em tornar a leituras com muitos sentidos!
Beijinhos e Boa Páscoa!
Cristina Meneses

bentojesuscaraça disse...

*leitura

Mona Lisa disse...

Olá Mena

Ela chegou, mas ele não partiu...fica a esperança!

Mesmo tarde não resisti à coroa de franboesas.

Bjs e Boa Páscoa.

Lisa

Maria Cusca disse...

Nem sei por onde começar!
Talvez pelo fim...
O colar está lindo.
O doce com um aspecto delicioso.
E mais uma vez para meu consolo...Camões.
O galho ficou uma delicia, com muitos pormenores.
Adorei o texto do Inverno e da Primavera, está muito bem imaginado e faz-nos pensar que se calhar este ano , vai ser mesmo assim.
Desejo uma excelente Páscoa, recheada de coisas boas junto dos que mais amas.
Jinhos grandes

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