terça-feira, 21 de setembro de 2010

A PAZ começa com um sorriso





"Não utilizemos bombas e armas para dominar o mundo.

Vamos usar amor e compaixão.

A paz começa com um sorriso - sorri cinco vezes por dia para alguém a quem não gostarias realmente de sorrir – faz isso pela paz.

Então vamos irradiar a paz de Deus e assim acender a Sua luz e extinguir do mundo e dos corações de todos os homens todo o ódio e amor pelo poder."

Madre Teresa de Calcutá




Procuro-te


Procuro a ternura súbita,
os olhos ou o sol por nascer
do tamanho do mundo,
o sangue que nenhuma espada viu,
o ar onde a respiração é doce,
um pássaro no bosque
com a forma de um grito de alegria.

Oh, a carícia da terra,
a juventude suspensa,
a fugidia voz da água entre o azul
do prado e de um corpo estendido.

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Chamo por ti, e o teu nome ilumina
as coisas mais simples:
o pão e a água,
a cama e a mesa,
os pequenos e dóceis animais,
onde também quero que chegue
o meu canto e a manhã de Maio.

Um pássaro e um navio são a mesma coisa
quando te procuro de rosto cravado na luz.
Eu sei que há diferenças,
mas não quando se ama,
não quando apertamos contra o peito
uma flor ávida de orvalho.

Ter só dedos e dentes é muito triste:
dedos para amortalhar crianças,
dentes para roer a solidão,
enquanto o verão pinta de azul o céu
e o mar é devassado pelas estrelas.

Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te.


Eugénio de Andrade


O sujeito poético procura uma ternura “súbita”, que apareça à ‘primeira vista’, olhos, sangue puro, ar de uma respiração doce, pássaro do bosque, que ainda não foi modificado pela civilização, pelo homem. O complemento directo do verbo procurar, na primeira estrofe, é ternura olhos, sangue, ar, pássaro. São, portanto, os elementos que o sujeito poético procura e que lhe trarão alegria. Os olhos captam a luz necessária para ver o mundo, a luz do sol que nasce, todos os dias, pura. A procura, como o sol, também se vai repetindo diariamente e efectua-se no mundo que tem uma forma circular. Sem movimento não há procura, a procura é incessante e eterno o retorno.

A ternura e os olhos são elementos comuns à espiritualidade, o sangue liga-se ao corpo e o ar e o pássaro simbolizam leveza e liberdade e ligam-se à natureza.

O “procuro” da primeira estrofe e o “procuro-te” da terceira são diferentes, visto que no último já se estabelece uma relação com um receptor (te): o sujeito poético procura o tu, a pessoa amada. Na primeira estrofe, o “procuro” poderá significar uma necessidade íntima do eu; na terceira estrofe já se constata a necessidade explícita de outra pessoa, da pessoa amada. Nesta terceira estrofe, salientam-se as coisas elementares e simples como o pão, a água, a cama e a mesa. Os pequenos e dóceis animais têm a ver com a natureza, embora a palavra animal esteja carregada de erotismo.

O “canto” que o sujeito poético quer que lhe chegue, simboliza a criatividade, a alegria, ligado à “manhã de Maio”, à Primavera, mês do amor em que as pessoas se procuram, em que a Natureza se renova.

Na quarta estrofe o “pássaro” e o “navio” “são a mesma coisa”, porque simbolizam a liberdade, o movimento, a leveza, é a transfiguração do mundo a partir dos olhos da pessoa amada, de quem se está próximo. A proximidade entre os dois seres apaixonados é de tal maneira forte que o sujeito lírico vê e interpreta o mundo através dos olhos da pessoa amada. O sujeito poético vê o mundo com os olhos da amada, pois está apaixonado e o amor transforma tudo o que nos rodeia, pois vemos as coisas com os olhos do amor. Quando apertamos ao peito uma flor é um gesto emotivo da expressão de sentimentos e o orvalho representa a sede, a necessidade de água (o orvalho surge e desaparece rapidamente, é efémero). A flor ávida de orvalho significa a mulher amada sedenta de amor, de contacto físico.

Há a procura de um mundo original, sem mácula, metaforizado pela relação amorosa, quando se ama anulam-se todos os contrários. Encontra-se o paraíso.

O passado é dado em termos de morte e o presente é dado em termos de impasse, logo o bem essencial nunca se alcança, daí a procura incessante do eu, é uma procura nunca terminada, sem fim. Procura-se incessantemente o paraíso, trazido pelo amor.

Na quinta estrofe, “o mar é devassado pelas estrelas”, conotativamente aparece com um significado diferente, é como se o mar perdesse as suas qualidades, ganhando as do céu. As estrelas do céu passaram para o mar, como se este espelhasse o céu e as estrelas passassem do céu para o mar, ficando o céu azul como o mar dos dias de Verão e o mar estrelado como o céu das noites de estio.

O sujeito poético, na sexta estrofe, retoma a necessidade da procura que tem de prosseguir antes que a morte se aproxime. É uma busca incessante, o procurar por todo o lado, a necessidade dada pelas antíteses – o seu estado de espírito não pode ter sossego, enquanto não a encontrar.

O verbo procurar abre e fecha o poema - indica a circularidade da busca nunca acabada e sempre retomada. É uma procura incessante.

As realidades procuradas na primeira e na segunda estrofes foram transferidas / concentradas no novo complemento directo. O sujeito lírico que procurava inicialmente ternura, olhos, sangue, ar, pássaro, no final procura no tu as qualidades que foram enunciadas na primeira e segunda estrofes -a ternura, os olhos, o sangue, o ar, um pássaro, a carícia, a juventude, a voz e um corpo. Os dois últimos versos estão carregados de expressividade, evidenciando o entusiasmo da procura constante do sujeito poético. O “procuro-te” aparece três vezes na última estrofe para dar mais ênfase à busca incessante do eu lírico.






Trabalhinho:



A Mena na cozinha

Creme de cenoura com espinafres

4 batatas
1 curgete
1 cebola
6 cenouras grandes
1 dente de alho
espinafres
1 tomate
sal
azeite

Descasque todos os ingredientes e leve a cozer. Reduza a puré. Junte os espinafres e deixe cozinhar um pouco. Tempere com sal e azeite.

Bom apetite!



Lindo!


2 comentários:

Mona Lisa disse...

Ola Mena

Soberbo, este poema!

A foto está LINDA!

Cheguei a horinhas...servi-me da sopa!

Bjs.

Sonia Facion disse...

Oi Mena!!!!

Madre Tereza é um ícone da paz e do amor.

Sempre da sua boca saiu palavras sabias e restauradoras.

Bjks

Sonia