Lição sobre a água
Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.
É um bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, bases e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.
Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.
Antigamente, até ao início do século XIX não havia agências de publicidade. Eram os escritores, principalmente os poetas, que faziam os anúncios.
O poeta visitou o lugar e, depois, escreveu:
“Vende-se uma encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso e frondoso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeirão. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila das tardes na bela varanda”.
Dias depois, soube o poeta que o amigo desistira da venda da propriedade. O sujeito, ao ler o reclame, “descobriu” a beleza, a maravilha que era o sítio, para ele, até então, apenas um terreno, uma casa velha e umas árvores, coisas que só lhe davam prejuízo.
Ah, o que os olhos de um poeta vêem e fazem ver!
1 comentário:
Adorei o teu texto sobre a publicidade de antanho!
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