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Dâmaso Salcede – o tipo do novo-rico, sem personalidade, ridiculamente gorducho e gabarola.
Filho de um agiota, é o representante do novo-riquismo e, da deformação moral.
A cobardia, a vaidade, o egoísmo, a arrogância, a traição e falta de integridade moral são alguns dos seus defeitos.
Obcecado pelo “chique a valer”, vive dividido entre a admiração bacoca por Carlos, que considera "um tipo supremo de chique", e os ciúmes e a inveja que a superioridade do amigo e a sua relação com Maria Eduarda lhe provocam.
É o autor da carta anónima a Castro Gomes e da pulhice da notícia no jornal “Corneta do Diabo”.
Dâmaso é gabarola e considera-se um sedutor e quebra-corações. A capacidade de sedução que julga ter contrasta com a sua aparência física.
Dâmaso tenta imitar os comportamentos importados do estrangeiro, principalmente de França, por isso, emprega muitos galicismos (vocábulos de origem francesa) que acentuam a sua caricatura: chique, coupé, soirée, adresse.
Ao tentar imitar e impressionar Carlos, provando que também é chique, comete exageros ao nível da linguagem e ao nível das atitudes, denunciando o desajuste entre o ser e o parecer de Dâmaso. Este deseja provar que se sabe comportar como um gentleman, no entanto, não consegue. É provinciano e tacanho, com uma única preocupação na vida: o “chique a valer”.
Dâmaso, além de personagem da crónica de costumes, é também, como seu tio Guimarães, personagem da intriga. Com efeito, era Dâmaso que Carlos procurava no hipódromo para que lhe proporcionasse o encontro com Maria Eduarda e seria Guimarães, com o fatídico cofre, que provocaria o desenlace trágico.
Eusebiozinho – surge logo de criança, educado sob as saias da mãe e das tias, como antítese de Carlos, educado à maneira inglesa. Como adulto é o tipo do molengão, tristonho e corrupto. Ainda se casou, mas cedo perdeu a mulher, passando a viver tristemente “afogado numa gravata de viúvo”.
Personagem que tipifica o modelo educativo oposto ao de Carlos, e que dá num adulto “molengão e tristonho” que procura, para se distrair, a sordidez dos bordeis. É uma figura insignificante, vítima da educação romântica.
Tomás de Alencar - Poeta que representa o Ultra-Romantismo por oposição ao Realismo e ao Naturalismo, defendidos por João da Ega. Através desta personagem é criticada a estagnação intelectual portuguesa, fechada às ideias novas que floresciam no estrangeiro e que se traduzia numa literatura sentimentalista e alheada da realidade, enraizada em valores tradicionais e obsoletos. Frequentador da casa de Pedro da Maia e seu amigo, orientava as leituras de Maria Monforte. Alencar é o autor de “Vozes d’ Aurora”, “Elvira” e “Flor de Martírio”. É um crítico severo da “Ideia Novíssima”, isto é, do Naturalismo. Caracterizam-no a lealdade, a generosidade e a sinceridade.
É uma autêntica personagem-tipo que nos aparece logo caracterizado directamente a partir do seu retrato, ou melhor, da sua caricatura, tal o exagero dos traços (pág. 159), como o protótipo do poeta ultra-romântico. Esta caracterização directa é plenamente confirmada através da sua actuação, da sua linguagem declamatória, do seu nacionalismo exacerbado, do seu apego ao que é antigo, dos títulos piegas dos seus livros e dos seus ataques ao Realismo (essa “literatura latrinária”).
Esta é uma das personagens que nos aparece logo de início completamente desenhada. Através de todo o romance, nada de novo surge nesta personagem: sempre igual a si próprio, Alencar é o tipo, ou melhor, a caricatura mais bem conseguida deste romance.
Outros tipos representativos de classes aparecem ainda n’ Os Maias: Palma Cavalão e o Neves (jornalistas corruptos); Cohen (classe dos banqueiros); O Conde de Gouvarinho (classe dos políticos), etc..
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