sexta-feira, 13 de maio de 2011

Os Maias - personagens-tipo

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Personagens – tipo

Para além das personagens Alencar, Dâmaso e Eusebiozinho, existem outras de menor relevo, mas também importantes para retratar a crónica de costumes, são as chamadas personagens-tipo (personagens que representam um grupo, uma classe social ou uma profissão. Desta forma, são uma síntese dos defeitos e virtudes desses grupos). Não são os elementos individualizantes destas que interessa conhecer, mas sim as suas características enquanto retrato de um determinado grupo e contexto social específico.

Guimarães – Antigo trabalhador do jornal “Rappel”. É o tio de Dâmaso que vive em Paris, simpatizante do comunismo. É o portador da declaração de Maria Monforte que vai provocar o reconhecimento e desencadear a catástrofe.

Cruges – Simboliza o músico idealista, que se distingue da mediocridade cultural nacional pelo verdadeiro amor à arte. O seu objectivo é compor uma ópera que o imortalize, mas falta-lhe a motivação, devido ao meio social em que se insere.

Neves Deputado e director do jornal “A Tarde”, representa o jornalista que procura influenciar politicamente os seus leitores.

Palma (Cavalão) – Director do jornal “Corneta do Diabo”, representa o meio jornalístico decadente e corrupto de Lisboa. Encara o jornalismo como uma forma de ganhar dinheiro, deixando-se, facilmente subornar. Representa o jornalismo barato, escandaloso e sem escrúpulos.

Steinbroken – Ministro da Finlândia, grande conhecedor de vinhos e uma autoridade no “whist”. Representa a impressão dos estrangeiros face à “complexidade” nacional. Não emite opiniões e assume-se como observador um tanto confuso e distante do panorama nacional. Este distanciamento transparece no seu discurso, onde predominam as expressões linguísticas que se caracterizam pela ausência de um significado concreto, como é o caso da sua célere afirmação “c’est grave”.

Craft – Amigo de Ega e de Carlos, herdou da sua cultura britânica a correcção e a rectidão de carácter. É rico e dedica o seu tempo a viajar e a coleccionar obras de arte. Verdadeiro gentleman, é marcado pelo diletantismo e desocupação que o irão vitimar. Personagem de pouca relevância na acção, mas que surge como modelo do que deve ser um homem, aspecto que Eça evidencia quando o apresenta como um “gentleman de boa raça inglesa (…) cultivado e forte, de maneiras graves, de hábitos rijos, sentindo finalmente, pensando com rectidão”.

Sousa Neto – Oficial superior do Ministério da Instrução Pública, representa a ineficácia e a mediocridade intelectual e cultural da Administração Pública. Amigo do conde de Gouvarinho, é caracterizado pela sua ignorância e falta de cultura.

Os Vilaças (pai e filho) – São os procuradores da família Maia e representam o burguês típico e conservador, honesto e prudente. Apesar de empregados da casa dos Maia, foram sempre tratados com familiaridade. Após a morte do pai, Manuel Vilaça assume a função de procurador.

Condessa de Gouvarinho – Mulher fútil, sensual, provocante, adúltera e vazia de preconceitos, com traços de romantismo; personifica a degradação moral da aristocracia lisboeta. Apaixona-se por Carlos, com quem tem uma curta relação amorosa. Despreza o marido pela sua mediocridade e pela sua precária situação económica. Simbolizas as mulheres que não encontram a felicidade no casamento e procuram fora dele outras emoções.

Conde de Gouvarinho – Ministro e par do Reino, representa a incompetência política e o Portugal velho e conservador. Mesquinho e medíocre, utiliza um discurso empolgado e revela uma grande incapacidade para a análise política. Apesar de ocupar altos cargos, revela-se desconhecedor dos mais elementares assuntos. É o representante da alta política, do poder instituído. É um político incompetente.

Jacob Cohen – Director do Banco Nacional, é o representante da alta finança nacional. Não hesita em aproveitar a situação económica do país em proveito próprio. É, por isso, um banqueiro de duvidosa competência. É de tal forma vaidoso e obtuso que nem se apercebe da relação entre a sua mulher e Ega. Simboliza a burguesia que se encontra em lugares de poder, sem possuir a inteligência e flexibilidade mental necessárias para analisar o mundo que o rodeia.

Raquel Cohen – É uma mulher provocante, divinamente bela, leviana e adúltera. Esta amante de Ega simboliza as mulheres portuguesas, com uma educação romântica e um casamento pouco atraente, que procuram no adultério uma forma de dar emoção às suas vidas.

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