segunda-feira, 16 de abril de 2012

Hoje, na Nazaré...



Decorreram, hoje, as Olimpíadas da leitura, na Nazaré, mais precisamente na Biblioteca Municipal da Nazaré. Duas alunas minhas tinham sido apuradas, em concurso interno, na escola, e, portanto, lá fomos nós (a professora bibliotecária da minha escola, eu e as minhas duas meninas)!
Depois de uma viagem bem atribulada, lá chegámos à Nazaré.
O motorista do autocarro conseguiu fazer com que a viagem fosse para esquecer rapidamente... ou não! A estrada é toda cheia de curvas e contra-curvas, algumas bem apertadas, e o senhor decidiu fazer uma condução à Fittipaldi... Dois alunos ficaram indispostos, uma aluna minha, branca que nem cal, disse, aflita, professora, vou vomitar. Procurámos um saco, lenços... E ela com aquela carinha de aflição e as bochechas cheias... Pedi ao motorista que parasse, fez uma travagem que me ia fazendo saltar o estômago pela boca... Saímos, a Ana, a Joana (a outra minha aluna) e eu. A menina lá deitou fora o que havia armazenado na boca. Comecei a brincar com ela, vê lá não morras agora, só depois de fazeres a prova... Ó professora, disse ela com um sorriso amarelo. Dei-lhe um abraço, perguntei se estava bem, que sim, que podíamos seguir...
Chegados à Biblioteca, deparámo-nos com um mar de alunos para fazerem a prova. Foram divididos, o terceiro ciclo para uma sala, o secundário para outra e lá foram as nossas meninas.
Saímos da nossa escola ao meio dia, depois das aulas, escusado será dizer que não almoçámos. As meninas levaram um pequeno lanche que comeram durante a viagem.
Estava agendada uma visita guiada para os professores ao Museu e a mais não sei o quê (já não ouvi!), queria era almoçar, comer qualquer coisa, portanto, declinámos o convite e fomos almoçar, enquanto as meninas faziam a prova.
Terminado o almoço, regressámos à Biblioteca para esperarmos as alunas. Saíram da sala, pouco depois de chegarmos... Contaram-nos que a prova constava de perguntas de escolha múltipla sobre as duas obras que leram e um resumo.
Entretanto, fomos informadas que havia um lanchinho à espera dos alunos. Disse à Ana e à Joana que seguissem os outros colegas das outras escolas e que fossem lanchar... e... qual não foi o meu espanto, quando as vi à minha frente, minutos depois, com um saquinho de plástico que continha uma sandes de fiambre, um queque muito enfezado e um pacote de sumo... Enfim, sem comentários! Olhámo-nos desoladas e encolhemos os ombros.
As provas iriam ser corrigidas e duas horas depois seríamos informados dos dez alunos apurados para a prova oral, no Cine-teatro da cidade. Decidimos ir dar um passeio para fazer tempo... Vimos montras, entrámos em duas lojas, combinámos comer um bolo num café, comprei umas sandálias lindíssimas e uma mala, lanchámos e encaminhámo-nos para o Cine-teatro. Pelo caminho, as alunas perguntaram quem corrigia as provas. Respondemos que não sabíamos.
No Cine-teatro, deram-nos um saquinho com duas esferográficas, um caderno de desenho e um diploma de participação para darmos às alunas. Entregámos com cara de caso e sorriso amarelo o presente. As meninas devolveram-nos, ao olhar o conteúdo do saco, o mesmo sorriso...
Chamaram os alunos apurados e começou a segunda parte da prova: leitura de um excerto de uma obra e um slogan apelativo que levasse as pessoas a quererem ler a obra a que pertencia o texto lido. Houve boas leituras, embora algo nervosas, houve quem apelasse à leitura e houve quem fizesse resumos dos livros que leu. Começaram as apostas: não leu muito bem, mas fez um slogan, apelando à leitura; leu benzinho, mas o slogan é fraquinho; vai a correr, deve ir apanhar o comboio e este já deve ter partido e é preciso correr e correr e correr, bem o slogan até nem está mau de todo...; leu mais ou menos, não fez slogan, fez resumo, não passa; leitura sem grande entoação, fez resumo, não passa... Todos fizeram a prova, o júri saiu durante 10 minutos, regressou e... os apurados para a final que terá lugar em Lisboa são: a menina apressada que perdeu o comboio, mas ganhou a presença na final e o menino que leu bem, mas em vez de um slogan, fez um resumo da obra. Olhámo-nos entre desiludidas e estupefactas. Tive vontade de me levantar e dizer alto e bom som NÃO CONCORDO. As alunas disseram-me, mas, professora, não ganharam os melhores... Encolhi os ombros. Quais são os critérios para apurar os finalistas? Perguntam bem, meninas, mas não sabemos. Quem corrigiu as provas, foram professores? Não desistiam de nos questionar. Não faço a mínima ideia, respondi.

Mas, gostava de saber!



1. O texto lido pelos alunos do terceiro ciclo foi bem escolhido. Na minha opinião, para sabermos se um aluno é um bom leitor, devemos dar-lhe um texto que tenha narração, descrição e diálogo...
2. Tendo em conta o meu ponto de vista, o texto lido pelos alunos do secundário não foi uma boa escolha.


Gostava de saber, gostavam de saber as alunas, gostava de saber a nossa professora bibliotecária:

1. Como será que se corrige um mar de provas em duas horas?
2. Quais os critérios para a correcção do resumo?
3. Quem corrigiu as provas?
4. Como foram escolhidos os correctores?
5. Como foi escolhido o júri das provas orais?
6. Que critérios levaram à escolha dos alunos apurados para a final, na oral? (é que alguma coisa deve estar errada nesses critérios, pois pedem-se alhos e dão-nos bogalhos!)

Por fim e para acabar, tenho de dizer que a organização deixou muito a desejar!

Para o ano há mais!



1 comentário:

mfc disse...

E que bem ficaram as meninas e a sua professora!!

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