Aspectos temáticos
- Conciliação da moral epicurista e da moral estóica - o ser humano nunca poderá ser feliz; deve evitar os prazeres fortes e aceitar a dor como algo que, inevitavelmente, teremos de sentir; a tranquilidade é o nosso único quinhão de felicidade e de liberdade;
- exercício de auto-disciplina, renunciando às fortes emoções / violentas - o poeta racionaliza as emoções e recusa o seu valor, face à realidade que descobre, através do pensamento;
- procura da ataraxia;
- demissão da vida através de compromissos afectivos e sociais;
- defesa da "aurea mediocritas";
- elogio do "carpe diem" - a vivência do momento presente;
- a presença do fatalismo - o destino é uma força superior ao Homem, o Fado é uma entidade superior as deuses;
- aceitação calma do destino;
- consciência da inutilidade de qualquer esforço de mudança - atitude de renúncia;
- obsessão da efemeridade da vida;
- consciência da fugacidade do tempo;
- aparente tranquilidade, na qual se reconhece a angústia existencial do ortónimo;
- presença do paganismo - os deuses também eles submetidos à força do Fado;
- constatação da inutilidade da acção;
- recusa da inserção do indivíduo na sociedade, pela negação da práxis, ou seja, pela crença da inutilidade da acção;
- intenção didáctica dos seus versos (parece estar a ensinar uma lição de vida).
Aspectos formais e estilísticos
- Uso de vocabulário erudito;
- recurso a arcaísmos;
- uso de latinismos;
- formas estróficas e métricas de influência clássica - ode;
- sintaxe alatinada - anástrofe e hipérbato;
- predomínio da subordinação;
- frequência dos advérbios de modo;
- uso frequente do gerúndio;
- uso do imperativo como manifestação de atitude filosófica;
- coloquialidade - diálogo permanente com um "tu" (destinatário implícito ao discurso);
- nomes usados como atributos (adquirindo o valor dos adjectivos);
- recurso a apócopes (queda de um ou vários fonemas no final de uma palavra);
Sonoridades
- Repetição de sons;
- predominância de sons nasais e fechados;
- rima no interior dos versos.
1 comentário:
A coerência poética dá tanto trabalho que não sei como é que Fernando Pessoa conseguia manter os "bonecos" inteiros ao longo do tempo...
Mena, querida amiga, tem um bom domingo.
Beijo.
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