terça-feira, 14 de agosto de 2012

Álvaro de Campos




  • Nasceu em Tavira, a 15 de Outubro de 1890.
  • Alto, magro, tinha alguma tendência para se curvar.
  • Era ligeiramente moreno, "tipo vagamente de judeu português".
  • A cara apresentava-se rapada.
  • Usava monóculo.
  • Formou-se em Engenharia Naval, em Glasgow, na Escócia. Foi mandado para a Escócia, para estudar engenharia mecânica e, depois, naval.
  • Um tio beirão, que era padre, ensinou-lhe latim.
  • Vivia em Lisboa inactivamente.
  • Era o mais cosmopolita dos heterónimos pessoanos, tendo viajado pela Europa (Londres), Médio (Canal de Suez) e Extremo Oriente (aí se rendeu aos prazeres do ópio) África (Zanzibar, Dar-es-Salém, Madagáscar, Cabo da Boa Esperança, Cidade do Cabo...), frequentando hotéis de luxo.
  • Tinha automóvel - "Ao volante do meu chevrolet pela estrada de Sintra".
  • Segundo o seu criador, Álvaro de Campos surgia, quando Fernando Pessoa sentia "um impulso para escrever".
  • Os poemas de Álvaro de Campos apresentam três fases distintas:
  1. a primeira corresponde à da produção do "Opiário", em 1914;
  2. a segunda fase é a do futurismo e pantenteia-se nos poemas "Ode Triunfal", de 1914, "Dois excertos de Odes", também de 1914, "Ode Marítima", de 1915, "Saudação a Watt Whitman", igualmente de 1915, e "Passagem de Horas", de 1916;
  3. a terceira fase distancia-se das duas primeiras, revelando um Álvaro de Campos "romântico" e os poemas que a ilustram são todos aqueles que se seguiram a "Casa branca nau preta" (de 1916 até 1935).
Os textos de Álvaro de Campos reconstituem o percurso poético do engenheiro seduzido, sucessivamente, pelo ópio (fase decadentista) e pelo delírio futurista (fase futurista) para, por fim, soçobrar no tédio e no desânimo (fase abúlica / intimista).
Afirmando-se, inicialmente, entediado da vida, muito próximo de Sá-Carneiro, a quem dedica "Opiário" (poema decadente, segundo Jacinto do Prado Coelho), recorrendo ao ópio como a um remédio, transforma-se num profeta da era industrial, da violência da vida moderna. Curiosamente este segundo Campos surge antes do primeiro. É o próprio Pessoa que confessa a Adolfo Casais Monteiro ter sentido necessidade de criar um Campos anterior ao das odes, um Campos que ainda não conhecera Caeiro. O Campos da era industrial quer viver de forma extremista, de modo a "sentir tudo de todas as maneira", sendo essa "a melhor maneira de viajar". Todos os seus poemas contêm experiências itinerantes, não fosse Campos um engenheiro naval. É o mais vanguardista dos heterónimos, o mais indisciplinado também. Os seus poemas excessivamente longos exprimem de forma torrencial e desordenada um turbilhão de emoções variadas. Por isso, o que Pessoa ortónimo não grita, não exprime, fá-lo Campos, numa explosão de injúrias, gritos, invectivas e exclamações que ecoam nas suas odes - "Triunfal" e "Marítima", publicadas na revista Orpheu.

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