quinta-feira, 11 de abril de 2013

D. Afonso Henriques - Mensagem - Fernando Pessoa




Pai, foste cavaleiro.
Hoje a vigília é nossa.
Dá-nos o exemplo inteiro
E a tua inteira força!
Dá, contra a hora em que, errada,
Novos infiéis vençam,
A bênção como espada,
A espada como benção!


Breve comentário:

  • O sujeito poético dirige-se ao rei D. Afonso Henriques, "Pai" (da nacionalidade) - apóstrofe - dizendo-lhe que foi cavaleiro, que lutou pela nacionalidade portuguesa e  que "hoje a vigília é nossa", é a nossa vez de prosseguirmos a luta para um destino maior, por isso, o sujeito lírico pede ao rei que nos dê a sua "inteira força", o seu "exemplo inteiro".
  • D. Afonso Henriques é equiparado a Deus, tendo como missão combater os infiéis.
  • Atente-se no vocabulário de dimenão sagrada: “vigília”, “infiéis”, “bênção”.
  • Note.se a referência ao aparecimento de Deus a D. Afonso Henriques na Batalha de Ourique.
  • Fernando Pessoa confiava que o destino de Portugal ia ser esplendoroso e ao  dizer no poema "hora errada" teme que a caminhada de Portugal para o seu destino sofra retrocessos.
  • Os "novos infiéis" são as pessoas que, na opinião de Fernando Pessoa, criavam obstáculos, ou poderiam vir a criá-los, ao destino glorioso que ele sonhava para Portugal. 
  • Repetições de palavras "inteiro"/ "inteira", "espada", bênção".
  • Apóstrofe, repetição, adjectivação, comparação...



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