domingo, 10 de novembro de 2013

Uma tarde para esquecer!


Diário de uma tarde

Ontem passei uma tarde no hospital acompanhada por várias pessoas de boa saúde, umas tantas de pouca saúde, outras com achaques mais, ou menos, graves e, pasme-se, por dezenas de moscas. É certo que, felizmente, já não entro num hospital público há muito tempo! Graças a Deus sofro só de boa saúde. Passei aquelas horas de espera angustiosa a enxotar moscas teimosas.
Já passei horas, noites, dias, quando os meus filhos eram pequenos, no hospital e nunca... nunca... nunca vi sequer uma mosquinha morta por lá, quanto mais dezenas delas, vivas, vivinhas e a voar todas contentes. Era uma festa!
Mas, isto não é tudo... E uma pessoa vai ficando mais e mais pasmada: não, não há só moscas na entrada do hospital, no local onde esperamos e esperamos e esperamos que nos chamem... Aí, com portas a abrir e a fechar de minuto a minuto, enfim! O pior e, nestas coisas, embora não se espere, surge sempre algo pior! Entra-se para o gabinete médico e lá as temos num corrupio esvoaçante a darem-nos as boas-vindas... Quando podemos acenar e sacudi-las, é chato, mas pronto, conseguimos mantê-las à distância... Mas se estamos "proibidos" de nos mexer, o caso torna-se numa verdadeira tortura. Pousam-nos nas mãos, na cara, na cabeça, nos olhos, na boca, nas feridas... Já toda a gente se viu a braços com estes insectos pestilentos e teimosos, todos sabem do que estou a falar.

Seguidamente, há que passar à sala de Raio X e, claro que as nossas anfitriãs, as mesquinhas mosquinhas, também por lá andam numa azáfama nunca vista... Portanto, nem aí estamos a salvo! A seguir, passa-se mais um tempito no corredor, na companhia de mais uns tantos doentes deitados em macas, entre ais e gemidos e, claro, entre as nossas amigas moscas... O desespero a crescer e a dança das moscas em cima dos doentes também! As feridas pareciam-lhes, quiçá... um banquete, pois elas, teimosamente, passeavam-se por cima do sangue que teimava em escorrer perna abaixo... ou colavam-se nos golpes expostos. Enxotá-las? Tarefa mais do que difícil para quem não se pode mexer, para quem está completamente imobilizado...
Finalmente, chega a hora da mini-cirurgia! Será agora que me vou ver livre das moscas teimosas? E, chegando à sala das micro-cirurgias, quem é que aparece imediatamente a dar as boas-vindas? Já nem preciso de vos dizer! As moscas, as moscas que, pelos vistos, tomaram conta do hospital! Mas, expliquem-me lá: aquela sala não deveria estar super-limpa, super-esterilizada? Como é que uma médica está a coser uma perna a um paciente e as moscas andam por lá, a vadiar, a escarafunchar, por cima da ferida? É ou não é de pasmar? O que é que se passa com os nossos hospitais? Será que há alguém que me possa esclarecer?

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