Prospecção
Não são pepitas de oiro que procuro.
Oiro dentro de mim, terra singela!
Busco apenas aquela
Universal riqueza
Do homem que revolve a solidão:
O tesoiro sagrado
De nenhuma certeza,
Soterrado
Por mil certezas de aluvião.
Cavo,
Lavo,
Peneiro,
Mas só quero a fortuna
De me encontrar.
Poeta antes dos versos
E sede antes da fonte.
Puro como um deserto.
Inteiramente nu e descoberto.
Miguel Torga
O poema apresenta-nos a busca efectuada pelo poeta para se encontrar a si próprio, descrevendo o trabalho árduo que tem de realizar para se descobrir, realçando, ainda, a forma como se sente e, metaforicamente, aponta também o drama da criação poética.
O texto pode dividir-se em duas partes. A primeira parte corresponde à primeira estrofe e nela o sujeito poético dá-nos conta das suas pretensões: a procura de um "tesoiro sagrado", "soterrado / Por mil certezas de aluvião". A segunda parte (2.ª estrofe) pormenoriza ou especifica essa busca, apontando as etapas que deve transpor para se encontrar, dado sentir-se despojado de tudo, e utiliza a poesia como arma ou meio para o conseguir.
O sujeito poético mostra-se consciente da sua condição e relata a sua solidão, a qual o faz sentir-se num vazio, sem se ter ainda encontrado. A busca incessante que faz para se encontrar é a mesma a que recorre o poeta para fazer versos. Fazer poesia requer a mesma busca, o inconformismo, a luta intensa de quem não pretende copiar ou seguir modelos impostos, mas descobrir a sua própria verdade.
O recurso expressivo que predomina neste poema é a metáfora. No último verso temos metáfora e adjectivação. Os dois adjectivos, "nu e descoberto", permitem caracterizar o sujeito poético e, como têm valor semântico idêntico, reforçam a ideia que a metáfora transmite - a nudez enquanto símbolo daquele que espera vestir-se, isto é, fazer-se e preencher-se, e de forma total, dado que a sua nudez é inteira, característica para que remete o advérbio de modo "inteiramente".
A temática que é mais explorada neste poema é a do drama da criação poética, ressaltando a pesquisa incessante a que o poeta se deve dedicar, de modo a encontrar uma explicação própria e para o mundo que o rodeia, questionando-o, protestando, não se conformando com a solidão a que o homem está frequentemente votado. Este poema pertence a Orfeu Rebelde, o que de imediato permite deduzir que esta "prospecção" se faz no sentido de detectar aquilo que o homem tem de mais sagrado, a sua própria humanidade, tarefa que não se faz facilmente, mas que exige um trabalho continuado e um permanente inconformismo.
Trabalhinho:
Batido de tomate, laranja e uvas
10 bagos de uva
3 laranjas
2 colheres de açúcar
gelo
6 comentários:
Olá Mena
Não conhecia este poema de Miguel Torga.
Obrigada pela partilha.
´Hummmm...soube-me bem o batido!
O conjunto de colar e brincos está LINDO!
Bjs.
Oi Mena!
Que saudades destes cantinhos blogueiros! Lembras-te de mim: Daniela Tavares, a pequenita dos seus 15 anos que publicava gráficos de ponto de cruz no seu blog, o Pimpolhoco?
Agora já estou nos meus 17 anos, e devido à escola cada vez mais difícil, tive de abandonar o blog, mas as saudades doiem... e então decidi criar um blog novo que fale de Tudo: tudo o que venha à cabeça, ou seja, à minha "caixa cinzenta", é lá publicado.
Uma espécie de blog surpresa, em que nunca sabemos qual o assunto do próximo post: espero a tua visita! (:
Coisas da minha Caixa Cinzenta:
http://coisasdaminhacaixacinzenta.blogspot.com/
É claro que tal mudança não modifica o meu amor por artesanato (que é ENORME, tudo o que seja artes fascina-me), e de tal modo, sempre que puder, vou publicar coisas relacionadas com tal. (:
Beijos,
Daniela Tavares. (:
PS: O trabalhinho está fantástico... mas quanto ao batido, fico de pé atrás porque... não gosto de tomate. :D Mas acredito que para quem goste, deve ser uma delícia autêntica. :)
boa tarde,td bem?
gostei imenso as novidades...o máximo.
tal como a pescaria do post anterior.
eu adoro apanhar tudo o que seja marisco;)
fica bem,jinhos***
Oi Mena!!!!!
Admirável poema e lindos brrincos!!!!
Besitos saudosos
Sonia
A Mena é grande cena
Beijinhos, da tua fã Raquel
A Mena é grande cena
Beijinhos, da tua fã Raquel
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