sábado, 4 de setembro de 2010

Prospecção



Prospecção


Não são pepitas de oiro que procuro.
Oiro dentro de mim, terra singela!
Busco apenas aquela
Universal riqueza
Do homem que revolve a solidão:
O tesoiro sagrado
De nenhuma certeza,
Soterrado
Por mil certezas de aluvião.

Cavo,
Lavo,
Peneiro,
Mas só quero a fortuna
De me encontrar.
Poeta antes dos versos
E sede antes da fonte.
Puro como um deserto.
Inteiramente nu e descoberto.

Miguel Torga


O poema apresenta-nos a busca efectuada pelo poeta para se encontrar a si próprio, descrevendo o trabalho árduo que tem de realizar para se descobrir, realçando, ainda, a forma como se sente e, metaforicamente, aponta também o drama da criação poética.
O texto pode dividir-se em duas partes. A primeira parte corresponde à primeira estrofe e nela o sujeito poético dá-nos conta das suas pretensões: a procura de um "tesoiro sagrado", "soterrado / Por mil certezas de aluvião". A segunda parte (2.ª estrofe) pormenoriza ou especifica essa busca, apontando as etapas que deve transpor para se encontrar, dado sentir-se despojado de tudo, e utiliza a poesia como arma ou meio para o conseguir.

O sujeito poético mostra-se consciente da sua condição e relata a sua solidão, a qual o faz sentir-se num vazio, sem se ter ainda encontrado. A busca incessante que faz para se encontrar é a mesma a que recorre o poeta para fazer versos. Fazer poesia requer a mesma busca, o inconformismo, a luta intensa de quem não pretende copiar ou seguir modelos impostos, mas descobrir a sua própria verdade.

O recurso expressivo que predomina neste poema é a metáfora. No último verso temos metáfora e adjectivação. Os dois adjectivos, "nu e descoberto", permitem caracterizar o sujeito poético e, como têm valor semântico idêntico, reforçam a ideia que a metáfora transmite - a nudez enquanto símbolo daquele que espera vestir-se, isto é, fazer-se e preencher-se, e de forma total, dado que a sua nudez é inteira, característica para que remete o advérbio de modo "inteiramente".

A temática que é mais explorada neste poema é a do drama da criação poética, ressaltando a pesquisa incessante a que o poeta se deve dedicar, de modo a encontrar uma explicação própria e para o mundo que o rodeia, questionando-o, protestando, não se conformando com a solidão a que o homem está frequentemente votado. Este poema pertence a Orfeu Rebelde, o que de imediato permite deduzir que esta "prospecção" se faz no sentido de detectar aquilo que o homem tem de mais sagrado, a sua própria humanidade, tarefa que não se faz facilmente, mas que exige um trabalho continuado e um permanente inconformismo.



Trabalhinho:




A Mena na cozinha

Batido de tomate, laranja e uvas

2 tomates madurinhos
10 bagos de uva
3 laranjas
2 colheres de açúcar
gelo

Coloque no copo dos batidos os tomates lavados e cortados aos pedaços, os bagos de uva, o sumo das laranjas, o gelo e o açúcar e ponha a máquina a trabalhar.

Passe o batido por um passador de rede grossa para lhe tirar as sementes e as casquinhas do tomate.
Delicie-se!

6 comentários:

Mona Lisa disse...

Olá Mena

Não conhecia este poema de Miguel Torga.
Obrigada pela partilha.

´Hummmm...soube-me bem o batido!

O conjunto de colar e brincos está LINDO!

Bjs.

Daniela Tavares disse...

Oi Mena!

Que saudades destes cantinhos blogueiros! Lembras-te de mim: Daniela Tavares, a pequenita dos seus 15 anos que publicava gráficos de ponto de cruz no seu blog, o Pimpolhoco?
Agora já estou nos meus 17 anos, e devido à escola cada vez mais difícil, tive de abandonar o blog, mas as saudades doiem... e então decidi criar um blog novo que fale de Tudo: tudo o que venha à cabeça, ou seja, à minha "caixa cinzenta", é lá publicado.

Uma espécie de blog surpresa, em que nunca sabemos qual o assunto do próximo post: espero a tua visita! (:

Coisas da minha Caixa Cinzenta:
http://coisasdaminhacaixacinzenta.blogspot.com/

É claro que tal mudança não modifica o meu amor por artesanato (que é ENORME, tudo o que seja artes fascina-me), e de tal modo, sempre que puder, vou publicar coisas relacionadas com tal. (:

Beijos,
Daniela Tavares. (:

PS: O trabalhinho está fantástico... mas quanto ao batido, fico de pé atrás porque... não gosto de tomate. :D Mas acredito que para quem goste, deve ser uma delícia autêntica. :)

artes_romao disse...

boa tarde,td bem?
gostei imenso as novidades...o máximo.
tal como a pescaria do post anterior.
eu adoro apanhar tudo o que seja marisco;)
fica bem,jinhos***

Sonia Facion disse...

Oi Mena!!!!!

Admirável poema e lindos brrincos!!!!

Besitos saudosos

Sonia

Raquel Oliveira disse...

A Mena é grande cena
Beijinhos, da tua fã Raquel

Raquel Oliveira disse...

A Mena é grande cena
Beijinhos, da tua fã Raquel

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