sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Carta a António José Seguro

Ex.mo Senhor Deputado [António José Seguro]

Na qualidade de residente e eleitora no Distrito de Braga venho transmitir a V. Exª o meu profundo desagrado pela sua intervenção no Parlamento relativa à atitude do Dr. Vasco Graça Moura no CCB.

Não pode V.EXª eximir-se a investigar se é VGM que está acima da lei ou se, pelo contrário, atropelaram a lei fundamental todos (mas todos) os políticos que a...ssinaram, ratificaram e promulgaram o Acordo Ortográfico e os seus vários protocolos modificativos, elaborados nas costas do povo português e à revelia das esmagadora maioria dos pareceres elaborados, entre outros, por linguistas acreditados nos meios científicos. Para o efeito pode V.EXª socorrer-se da abundante documentação que sobre a matéria deverá existir nos arquivos da Assembleia da República. Se a isso juntarmos os artigos que desde há vários anos têm sido publicados na imprensa por opositores ao Acordo Ortográfico, poderá V.EXª ficar com uma ideia da violência que ele impõe aos portugueses que ainda se preocupam com a sua identidade. É a língua portuguesa menos importante do que os Jerónimos, a Batalha, Alcobaça, a Torre de Belém e tantos outros marcos do nosso património, apenas porque é, digamos, "imaterial"? Vimos recentemente o Fado ser classificado como património imaterial da humanidade. Em que língua é ele escrito, dito? É por isso com profundo sentimento de vergonha que leio o editorial do Jornal de Angola (08.02.2012), que V.EXª poderá conferir abaixo. Vergonha por não serem os que nos representam os primeiros a manifestar essa posição. Vergonha pela suspeita que nos assalta de que haja interesses menos confessáveis a motivar a persistência naquilo que muitos de nós consideram um verdadeiro atentado ao nosso património.

Maria Teresa Ramalho

Profª Universitária Aposentada

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