Hesitei durante muito tempo em relação ao título. Durante bastante tempo, a peça chamou-se Tom, o reincidente. Mas senti que não era aquilo. Experimentei outros. Jim, o reincidente. Paulo, o reincidente. Com Pierrot, o reincidente, acreditei mesmo que era aquilo. Mas a valsa continuou. Jimmy. Nicolas. Lulu. Toto. Nunca era aquilo! Até que enfim se fez luz. Ia ser: Jojo, o reincidente! Vá-se lá saber porquê! Iam dizer-me mais uma vez que era uma peça autobiográfica. Ora eu sei-o bem: Jojo e eu somos dois, mesmo, se durante anos na minha família me chamassem Jojo (Até eu dizer: Stop! Porque já não aguentava mais). Eu, ao contrário do Jojo, era uma criança ajuizada, talvez demasiado ajuizada (Ai! Sinto que os meus pais dão voltas.). E a minha mãe nunca me deu a mais pequena bofetada (o meu pai também não, aliás). Ponho uma hipótese: é que as asneiras, eu não as fazia, porque era eu que dava a mim próprio a bofetada antes de as fazer – tenho a certeza que percebeste muito bem.
Agora cresci (pouco… mas agora, com cinquenta anos, já não tenho ilusões, não vou crescer mais), escrevo peças em que posso fazer tudo o que quero sem apanhar uma bofetada. E ensino teatro na universidade a grandes rapagões e grandes raparigas a quem não preciso de dar bofetadas para eles trabalharem, porque eles gostam disto!
joseph danan
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