terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Os Lusíadas - Canto VII (análise das est. 1-15)

Assunto

Chegada à Índia da armada portuguesa e considerações do poeta sobre o valor da façanha portuguesa como cruzada de cristandade, em contraposição com o procedimento de outros povos envolvidos em lutas religiosas e intestinas, ou devotados exclusivamente às delícias mundanas.


Desenvolvimento do tema:

O poeta (aqui narrador), depois de assinalar a chegada dos portugueses à Índia (est. 1), exalta-os pelo que já realizaram e incita-os a continuarem a missão, que lhes foi confiada pela providência, de dilatação da fé (est. 1 e 3). O poeta contrapõe, em seguida, o mau exemplo de nações mais poderosas, como a Alemanha (est.4), envolvida em guerras intestinas por causa da revolta de Lutero, como a orgulhosa Inglaterra que, abraçando a seita anglicana, luta contra Cristo em vez de lutar contra os turcos, que dominavam a santa cidade de Jerusalém (est. 5 e 6), como a França que quis o título cristianíssima nação, mas procura derribar Cristo em vez de defendê-lo (est. 6), como a Itália, esquecida do seu valor antigo, envolvida em guerras civis e devotada aos prazeres mundanos da vida (est. 8). O poeta dirige-se agora a todas as nações da Europa, em geral (est. 9), incitando-as que vão em defesa dos lugares santos na posse dos muçulmanos, em vez de se dilacerarem em lutas fratricidas. Surge de novo o contraste entre as nações da Europa e Portugal, envolvido em cristãos atrevimentos nas quatro partes do mundo (est. 14). Finalmente, o poeta convida-nos a acompanhar a narração do que sucedeu aos famosos navegantes, depois que a larga terra lhes aparece.


O ideal renascentista apagou-se completamente no texto que estamos a analisar. Há claramente o elogio da luta proselitista pela difusão da fé cristã, levada pelos portugueses a todas as partes do mundo. Há a repetida incitação a todas as nações da Europa para que, deixando as lutas fratricidas, se lacem contra o inimigo comum - os muçulmanos. O ideal cavaleiresco que informa toda a acção central d' Os Lusíadas está aqui claramente expresso: exaltação dos sacrifícios de um povo para levar a cabo o seu maior objectivo - dilatação da fé e do Império (se mais mundos houvera, lá chegara).


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