Visita ao Convento de Cristo
Abrangendo o castelo templário e o Convento da Ordem de Cristo – cuja construção decorreu entre os séculos XII e XVII – o monumento, que é Património Mundial da UNESCO, integra alguns dos mais expressivos testemunhos da história da arquitectura portuguesa.
D. Afonso Henriques doou aos Cavaleiros do Templo de Jerusalém uma vasta região entre o Mondego e o Tejo. Conta a lenda que, em 1160, os cavaleiros chegados à região escolheram um monte para estabelecer um castelo e o nome que lhe iriam dar: Tomar. Em 1314, a Ordem do Templo foi extinta devido às perseguições do rei de França, Filipe - o Belo. Graças à vontade de D. Dinis, as pessoas, os bens e os privilégios foram totalmente integrados, em 1319, numa nova ordem - a Milícia dos Cavaleiros de Cristo que iria, com o Infante D. Henrique, apoiar a nação na empresa das descobertas marítimas dos séculos XV e XVI. O Castelo de Tomar é então Convento e sede da Ordem e o Infante o seu Governador e Administrador perpétuo.
O local onde foi construído o convento tem, por si só, uma enorme carga mítica, pois era um antigo local de culto dos Romanos, existindo também vestígios da presença muçulmana. No entanto, como foi dito, seria apenas no reinado de D. Afonso Henriques que seria estabelecida esta ligação aos Templários. O castelo existe desde 1160 e inclui uma charola octogonal (do final do século XII) e um santuário românico. O Convento viria a ser construído já durante o século XIV. Em conjunto, formam a maior área monumental de Portugal, ocupando mais de 54000 m2.
O facto de ter sido construído e ampliado ao longo de vários séculos fez com que este monumento se tornasse numa espécie de livro da História da Arte nacional, já que são vários os estilos arquitectónicos presentes.
Cada um deles reflecte uma época, mas também a própria evolução de um país que viria a aventurar-se pelos mares e por outros continentes, trazendo dessas viagens influências que seriam gravadas nas pedras deste convento.
O Românico está presente na igreja templária, enquanto os claustros, contemporâneos do Infante D. Henrique, evidenciam um gosto Gótico. Com os Descobrimentos chegou também toda a exuberância do Manuelino, bem patente na famosa “Janela do Capítulo”. Aliás, a Milícia dos Cavaleiros de Cristo apoiou a expansão marítima portuguesa e o convento passou mesmo a ser a sede da Ordem.
Quando o convento foi ampliado, no século XVIII, recebeu influências do Renascimento, enquanto o Maneirismo e o Barroco estão presentes no Claustro Principal e no Claustro da Hospedaria. D. João V, monarca conhecido pela ostentação, deixou a sua marca em ornamentações luxuosas no púlpito, altar, coro e sacristia-mor.
É um dos edifícios com mais claustros em todo mundo (dois foram edificados na época do Infante D. Henrique e outros sete construídos posteriormente), e durante o período filipino foi construído um aqueduto com 6 quilómetros de extensão, destinado a abastecer o convento e as terras da cerca dos Sete Montes.
Do ponto de vista arquitetónico, este monumento tem ainda outro motivo de grande interesse para quem gosta de conhecer os hábitos do passado. Como recebeu membros do clero em clausura, permite ter uma ideia de como viviam estes monges, muitos deles guerreiros.
Percorrer os claustros e visitar as dependências onde habitavam é uma forma voltar a épocas distantes, evocando um tempo feito de silêncios e orações.
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