O filme começa com um motorista que perde a visão subitamente, enquanto está parado num sinal vermelho. Ele mergulha numa espécie de névoa leitosa, completamente branca, assustadora. A partir daí, a cegueira vai contaminando outras pessoas e uma a uma, cada pessoa que com quem ele se cruza - sua esposa, seu médico, até mesmo o aparentemente bom samaritano que lhe oferece boleia para casa - terá o mesmo destino, tornando-se uma epidemia misteriosa. À medida que a “doença” se espalha, o pânico e a paranóia contagiam a cidade. As vítimas da "cegueira branca" são cercadas e colocadas pelas autoridades governamentais em quarentena num hospital abandonado, completamente degradado, onde qualquer semelhança com a vida quotidiana começa a desaparecer. Perante este cenário, “quem tem olho é rei”, tornando-se uma autoridade e estabelecendo de que forma os cegos se devem comportar. Cada dia que passa, aparecem mais pacientes e esta "sociedade de cegos" entra em colapso. Mas, o pior ainda estava para vir e, eis que surge um grupo de criminosos, mais poderoso fisicamente, que se sobrepõe aos fracos, racionando-lhes a comida e cometendo actos medonhos. Há, porém, uma testemunha ocular deste pesadelo e apesar de a "epidemia" chegar a um grau tão extenso, acabando por atingir toda a população local, a mulher do médico (que acompanhou o seu marido cego para o hospital) é a única pessoa que ainda consegue ver e, assim, testemunhar todo o horror e provação que os cegos enfrentam. Assim, ela observa o comportamento das vítimas da cegueira a partir do momento em que se vêem privadas da visão e o modo como se relacionam umas com as outras, concluindo que as pessoas revelam realmente quem são, a partir do momento em que não podem julgar a partir do que vêem. Ali, mantendo o seu segredo, ela orienta sete desconhecidos que se tornam, na sua essência, numa família, guiando-os para fora do hospital em direcção às ruas deprimentes da cidade. A viagem é perigosa, mas a mulher guia-os numa luta contra os piores desejos e fraquezas da raça humana, atravessando o horror e o amor, a depravação e a incerteza, abrindo-lhes a porta para um novo mundo de esperança, onde a sua sobrevivência e redenção final reflectem a tenacidade do espírito humano.
A obra Ensaio Sobre a Cegueira é uma história sobre a degradação da sociedade, os limites do ser humano, a falta de moralidade e o desespero atordoante. A doença misteriosa que atinge os seres humanos de uma população é mero pretexto para que se proceda a uma análise do mundo em que vivemos. Ao mesmo tempo que as personagens perdem a visão, o lado obscuro das suas respectivas almas vem à tona.
O romance mostra-nos o desmoronar completo da sociedade que, por causa da cegueira, perde todo o seu civismo e cultura, apresenta-nos também a profunda humanidade dos que são obrigados a confiar nos outros, quando se vêem privados dos seus sentidos. O brilho branco da cegueira ilumina as percepções das personagens principais e a história torna-se não só um registo de sobrevivência física das multidões cegas, mas também das suas vidas espirituais e da dignidade que tentam manter. Mais do que olhar, importa reparar no outro. Só dessa forma o homem se humaniza de novo.
"Se puderes olhar, vê. Se podes ver, repara.",
"Livro dos conselhos", de El-Rei Dom Duarte.
"Quando o médico e o velho da venda preta entraram na camarata com a comida, não viram, não podiam ver, sete mulheres nuas, a cega das insónias estendida na cama, limpa como nunca estivera em toda a sua vida, enquanto outra mulher lavava, uma por uma, as suas companheiras, e depois a si própria."
"Não lhe parece que deveríamos comunicar ao ministério o que se está a passar? Por enquanto acho prematuro, pense no alarme público que iria causar uma notícia destas, com mil diabos, a cegueira não se pega. A morte também não se pega, e apesar disso todos morremos."
"O medo cega, disse a rapariga dos óculos escuros. São palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos. Quem está a falar, perguntou o médico. Um cego, respondeu a voz, só um cego, é o que temos aqui. Então perguntou o velho da venda preta, Quantos cegos serão precisos para fazer uma cegueira. Ninguém lhe soube responder."
"Lutar foi sempre, mais ou menos, uma forma de cegueira. Isto é diferente. Farás o que melhor te parecer, mas não te esqueças daquilo que nós somos aqui, cegos, simplesmente cegos, cegos sem retóricas nem comiserações, o mundo caridoso e pitoresco dos ceguinhos acabou, agora é o reino duro, cruel e implacável dos cegos. Se tu pudesses ver o que eu sou obrigada a ver, quererias estar cego. Acredito, mas não preciso, cego já estou. Perdoa-me, meu querido, se tu soubesses. Sei, sei, levei a minha vida a olhar para dentro dos olhos das pessoas, é o único lugar do corpo onde talvez ainda exista uma alma, e se eles se perderam"
"Porque foi que cegámos? Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão. Queres que te diga o que penso. Diz. Penso que não cegámos, penso que estamos cegos. Cegos que vêem. Cegos que, vendo, não vêem."
in Ensaio sobre a cegueira, José Saramago
Aqui fica para quem o quiser levar.
Trabalhinhos:
20 comentários:
Olá Mena!
O filme parece ser mesmo muito interssante!
Boas entradas em 2009!
Bjinhos
Eu levo o Prémio com muito gosto...
Mas tu mereceste-o bem.
Um beijo grande
Oi Mena!
Parabéns por mais um post espectacular! Li-o todinho, porque fiquei bastante interessada neste filme.
Parece realmente muito bom, o trailler está cinco estrelas e deixa-me cheia de curiosidade!
Deve ser realmente fantástico! Mas também deve causar alguns arrepios, não?
Gstei dos últimos trabalhos - a tua filha tem bastante jeito ("Filho de peixe sabe nadar"!!!)!!
Obrigada pelo prémio, vou já já postá-lo!!
Beijinhos grandes!!
='}
Ola Mena... fiquei com imensa curiosidade em ver o filme! Vou tratar disso..
Os sabonetes ficaram lindos.
Beijinhos e bom fim de semana para ti tambem
Kerida,
...que 2009 seja um ano repleto de saúde, paz e alegria!
...e que os teus sonhos se concretizem neste novo ano!
Feliz 2009!
Sónia.
Olá Mena!obrigada pelo premio,depois posto,tu mereces este e muitos mais,o filme parace interssante,os sabonetes estão muito lindos,parabens desejo-te uma boa semana um 2009 repleto de tudo o que mais desejas,mas com muita saude paz e amor bjinhos
OLA MENA
tudo muito lindo e o filme e muito bom
aproveito para desejar um feliz 2009 que este ano seja cheio de tudo que deseja
beijos
Obrigada pela visita e comentário.
Lindos e diversificados os teus trabalhos, adorei.
Beijinhos grandes e um Feliz Ano Novo,
Alik
Mena
Espero que tenhas passado um lindo Natal!!!
Esse filme me pareceu interessante, acho que não está por aqui ainda.
Obrigada pelo premio, levarei com carinho.
Tenhas um lindo raiar do Novo Ano, trazendo muitas alegrias e realizações.
Bjks
Sonia
Olá Mena!
Vim desejar-lhe dias abençoados de muito amor, muita paz e muita inspiração!
Abracinhos
Sue
Mena
Deixei um desafio prá ti no blog de mimos.
Bjks
Sonia
Oi amiga.Gostaria de ver o filme,pois me deixa curiosa.Seus trabalhos estão maravilhosos.
Te desejo, neste novo ano tão especial,
Luz para enxergar o melhor caminho...
neste NOVO ANO que se inicia
Possamos caminhar mais e mais juntos...
Em busca de um mundo melhor, cheio de PAZ,
SAUDE, COMPREENSÃO e MUITO AMOR.
Sabedoria, para fazer as melhores escolhas...
Inteligência, para driblar as situações difíceis...
Força, para ultrapassar os obstáculos...
Um dia que nasce, um primeiro passo, um longo caminho,
Um desafio, uma oportunidade.
Feliz Ano Novo para voce e sua família.
bjtos Nile e Richard.
Obrigada por me picares em relação ao filme, adoro o realizador. Amei o Fiel Jardineiro. Obrigada.
Uma beijoka grande e ke 2009 seja melhor ke 2008 Bom Ano Novo!
oi querida!!
passei para agradecer o miminho e desejar um optimo 2009! beijinhos
Olá Mena
Um pouco atrasada, mas como deves imaginar ando um pouco ocupada...a filha gravidérrima os dois netinhos em casa,,,sabes como é.
Parabens á tua filhota pelo lindissimo trabalho.
Os teus, já se sabe que são perfeitos!
Obrigada pelo miminho, já o levo comigo e logo que tenha um tempinho, vou postá-lo no meu blog de miminhos.
Renovo os meus votos de um fabuloso 2009.
Um abraço e beijos com muita amizade
Cassilda
Obrigada Mena
já fui lá pegar o prêmio rsrsrs
Feliz Ano Novo!
bjos
Má
ola!obrigada pela sua visita!um bom ano
bjs
Obrigada pela visita e por me oferecer o selo.
Estou levando, ok?
Tudo muito lindo e a tela da sua filha está uma graça! Só tem artista na família?
Bom Ano Novo!
Beijus
OLA AMIGA!
FELIZ 2009!
PASSA NO BLOG VENTOS DE COR E VOATA EM MIM!BJS
olá
estou revisando o meu blogue e colocando em dia os selos recebidos
obrigada por mais este
já estou levando
bjs
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