segunda-feira, 17 de abril de 2017

Os Colombos





Os Colombos



Outros haverão de ter 
O que houvermos de perder. 
Outros poderão achar 
O que, no nosso encontrar, 
Foi achado, ou não achado, 
Segundo o destino dado. 

Mas o que a eles não toca 
É a Magia que evoca 
O Longe e faz dele história. 
E por isso a sua glória 
É justa auréola dada 

Por uma luz emprestada.


Fernando Pessoa

Colombo, que tentara durante anos o apoio do rei de Portugal, acabaria por descobrir o Novo mundo sob a égide dos reis católicos de Espanha; significa aqui as oportunidades perdidas, mas também que a missão de Portugal vai mais além da dos “Colombos”.
“Outros haverão de ter / O que houvermos de perder”
“Mas o que a eles não toca / É a magia que evoca / O longe e faz dele história”
Este poema, que se situa na segunda parte da obra a “ Mensagem” intitulada de Mar Português, substitui um outro chamado “Ironia” que constava nas primeiras versões dessa obra.
O poema refere-se a Cristóvão Colombo que foi o descobridor da América ao serviço dos reis de Espanha. Por isso mesmo sabemos que há todo um contencioso entre Portugal e Espanha a propósito de Colombo, que deveria ter descoberto a América em nome do rei de Portugal se este, D. João II, não o tivesse rejeitado.
Não se referindo apenas a Cristóvão Colombo, este poema fala ainda de todos os navegadores estrangeiros (chamados aqui “Colombos”) cuja glória, diz, é apenas um reflexo da luz das descobertas portuguesas. Neste poema, na minha opinião, existe um certo exagero quanto ao nacionalismo, porque, como podemos ver na primeira estrofe, o poeta diz que os outros navegadores só vão ter o que Portugal não quis, pois Portugal não podia conquistar tudo. 
Quanto à análise formal do poema é de referir o uso de rima emparelhada, cujo esquema é aabb, esta rima pobre acentua os feitos menores dos navegadores que não eram portugueses. Em relação ao estilo, é de salientar o discurso na primeira pessoa do plural, como se fosse Portugal a falar, e ainda o uso da metonímia, pois Colombo aparece em representação de todas as potências estrangeiras que tentam apoderar-se do que é português. 




Diogo Soares 12.º ano