quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Pinhel e arredores



Há muito muito tempo, os Portugueses combateram arduamente para expulsar os castelhanos que queriam invadir o País. E o maior combate de todos foi o de Aljubarrota, a grande batalha, em 1385.
Aí foram derrotados os de Castela, que se retiraram para as suas terras, perseguidos pelos portugueses. E um pequeno grupo de guerreiros provenientes do norte, da terra muito antiga de Pinhel, capturou o falcão preferido do monarca castelhano.
O Mestre de Avis, sabedor deste feito, elogiou a bravura da gente desta terra e chamou-lhe “Pinhel Falcão, Guarda-Mor do Reino de Portugal”.
E é nesta cidade que se passa a nossa história.

Lenda da Casa Grande
Foi no início do século XVIII que se iniciou a construção do antigo palácio dos Condes de Pinhel, a que se chama hoje Casa Grande. Tão grande que se diz que tem tantas janelas e portas como dias há num ano.
Estava pois a casa a ser construída, quando começou a faltar a pedra.
Por esta altura, o mestre de obras adoeceu e logo mandou chamar um pedreiro da sua confiança.
Quando este chegou, o chefe mandou-o dirigir-se “aos carrascos”, matagal onde se encontrava a pedreira de onde se extraía o granito necessário e que se encontrava a alguns quilómetros da obra.
O chefe ordenou ao subordinado:
– Irás só e levas contigo este livro.
O operário estranhou, mas pegou no velho livro com curiosidade.
E o outro continuou:
– Não precisas de mais ninguém. Quando lá chegares, abre o livro e toda a ajuda surgirá.
O pedreiro pegou nas suas coisas e pôs-se a caminho, cheio de curiosidade.
Já tinha andado um bom pedaço, mas chegando perto da Póvoa d’El Rei, não aguentou mais e, contrariando as ordens recebidas, abriu o estranho livro. Apanhou um susto de morte!
É que, das páginas abertas do calhamaço, começaram a sair, aos pulos, numerosos diabretes que gritavam bem alto:
– Quais são as tuas ordens? Quais são as tuas ordens?
O pobre pedreiro estava tão pasmado, tão pasmado, que só se lembrou de mandar cortar os silvados que cobriam os terrenos ali perto.
Logo os mafarricos começaram a trabalhar, comandados pelo próprio diabo.
O infeliz nem esperou. Morto de medo, pegou no livro maldito e desatou a correr para Pinhel, o mais depressa que podia, sem as pedras que tanta falta faziam.
Ao chegar a casa do encarregado, lá entrou quase sem poder falar, tanto de susto como de cansaço.
Aos bocadinhos, como se lhe arrancassem as palavras, lá contou o que se tinha passado.
O mestre, ao ouvir a história, ficou furioso pela desobediência e mandou-o embora, com palavras duras.
A seguir, resmungando contra a falta de respeito do empregado, pegou ele próprio no livro e fez-se à estrada para a pedreira.
Aí, abriu-o e logo apareceram os diabinhos, a quem ordenou que extraíssem e transportassem o granito para Pinhel. Como um exército bem treinado, estes logo iniciaram o trabalho, comandados pelo próprio demo.
E junto à Casa Grande começaram a amontoar-se os blocos de granito.
Os operários puderam então concluir a obra.
O edifício ainda lá está, em frente ao pelourinho da cidade Falcão, e diz-se ainda que o diabo e os seus demónios ajudaram à sua construção.



















sábado, 26 de janeiro de 2019

Castelo de Marialva



A Lenda da Aldeia Histórica de Marialva

Reza a lenda que um nobre senhor da Biscaia chamado D. Diogo Lopes era um caçador infatigável, não se importava com o calor, a neve, nem se era de dia ou de noite quando andava a caça. Um dia bem cedinho, esperava ele um porco-montês que estava a ser emboscado numa caçada. Mas, então, ao invés de ouvir o porco a aproximar-se, ouviu um belo canto, olhou adiante, para um penedo, e viu sentada sobre ele uma formosa dama, de uma beleza arrebatadora e sem igual, cantando. D. Diogo nem se lembrou mais do porco e correu o mais rápido possível até ao penhasco. Aí chegado, perguntou à bela dama quem era, ao que esta lhe respondeu ser tão nobre quanto ele e que o seu nome era Maria Alva. D. Diogo oferece o seu coração à dama, assim como as suas terras e vassalos. Ela pouco interesse mostrou pela oferta, dizendo que ele precisava mais dos seus bens do que ela. D. Diogo perguntou então o que poderia oferecer-lhe para que fosse digno do seu amor. Foi quando a bela dama lhe disse que a única coisa que precisava fazer para que ela fosse sua seria esquecer-se do sinal da cruz para o resto da sua vida. Caindo em tentação, D. Digo pesou prós e contras, e chegou à conclusão que se fizesse algumas boas acções em nome de Deus, até valia a pena nunca mais se benzer, desde que ficasse com aquela bela senhora. 

Concordou assim D. Diogo com a sua exigência e levou-a para o seu castelo, mas à noite, quando pôde vislumbrar a formosa dama mais atentamente da cabeça aos pés é que notou que ela tinha os pés como os de uma cabra. Mesmo com esta estranha deficiência, dama e cavaleiro viveram felizes, chegando mesmo a ter dois filhos, Dom Inigo Guerra e Dom Sol. Nesse tempo o Senhor D. Diogo tinha um cão da raça alano, tão destemido quanto ele próprio para as caçadas. Já a sua amada Dama tinha uma cadela podenga de pêlo muito negro. Enquanto o alano estava prostrado sem querer saber de nada, a podenga não parava de pular e só queria brincadeira. D. Diogo, tentando animar o seu cão, deu-lhe um grande osso, mas no final das contas a podenga roubou-lhe o osso e no meio da confusão feriu gravemente o alano. D. Diogo, assustado com o que fizera a cadela, começou a dizer que aquilo era coisa do diabo e fez o sinal da cruz, conforme se benzia, a mulher começou a gritar como se estivesse a arder numa fogueira, com os olhos brilhantes, o rosto enegrecido, a boca retorcida e os cabelos arrepiados! Ao mesmo tempo, começou a levitar, a subir, com a filha segura no braço esquerdo e de mão dada ao menino. D. Diogo entrou em pânico ao ver a cena, e quanto mais a mulher subia pelos ares, mais o seu braço se estendia segurando o menino. D. Diogo agarrou o filho e segurou-o firmemente enquanto a mulher terminava a sua subida e sumia com a menina na imensidão do Céu, assim como a mulher, também a sua cadela sumiu sem deixar rastro.

D. Diogo, profundamente triste, passou muito tempo sem saber o que fazer, até que resolveu voltar a lutar contra os mouros. Nesta época, Dom Inigo já era um rapaz, D. Diogo deixou tudo nas mãos do filho e partiu, ficando muito tempo sem dar qualquer notícia do seu paradeiro, era a sua penitência por ter vivido tantos anos com aquela mulher de pés de cabra. Mataria tantos mouros quanto os dias que vivera com ela, e lutaria por tantos anos quantos os anos de Felicidade junto dela, eis quando numa batalha acabou por tornar-se prisioneiro em Toledo. Os seus aliados de guerra faziam trocas de prisioneiros, mas nunca tiveram consigo um mouro de tão grande nobreza como D. Diogo, nunca conseguindo assim prisioneiros suficientes para a troca. Sem saber como poderia ajudar o seu pai, Dom Inigo decidiu procurar a sua mãe, que se tornara uma fada para a maioria dos habitantes da aldeia, segundo outros, uma alma penada. A Dama dos Pés de Cabra aceitou ajudar o seu filho, dando-lhe um onagro, espécie de cavalo selvagem, que o levou a Toledo. Quando chegaram, o cavalo abriu a porta da cela com um coice e pai e filho cavalgaram em fuga durante longas horas, mas no decorrer do caminho viram um cruzeiro de pedra que fez o cavalo parar. 

A voz da Dama dos pés de Cabra indicou ao cavalo para este evitar a cruz, D. Diogo depois de tantos anos e sem saber da aliança do filho com a sua mãe, benzeu-se ao ouvir a voz da sua amada, tal gesto fez com que o onagro o cuspisse da sua cela e do nada a Terra começou a tremer, uma fenda abriu-se e era possível ver o fogo do inferno que engoliu o animal. Com o susto, pai e filho desmaiaram. Depois de recolhidos pelos seus vassalos e ao chegar às suas terras, D. Diogo penalizou-se, indo todos os dias à missa e confessando-se todas as semanas. Mas não viveu muito mais tempo, fosse pela idade ou pela sua consciência, não se sabe ao certo, o que se sabe é que passados apenas alguns anos, D. Diogo faleceu, deixando o título de Senhor de Biscaia para o seu filho Inigo. Já D. Inigo, depois do resgate do pai, nunca mais entrou numa igreja. Ninguém sabe qual foi o acordo que fez com a sua mãe para conseguir resgatar o seu pai, mas entrar em igrejas lá isso não entrou mais. Muito se disse sobre isto, inclusive que fizera um pacto com o Diabo. E para acrescentar a esta desconfiança das pessoas, D. Inigo, desde então, tornara-se imbatível, nunca mais perdendo uma batalha.

Diz-se ainda que a terra tomou o nome da linda Princesa que se tornou senhora de D. Diogo e mais tarde uma fada encantada mas que para muitos, mais não era que uma alma penada, de seu nome, Maria Alva: MARIALVA…

  


















sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Barreira (Nossa Senhora dos Milagres)


Pedi a umas senhoras, que estavam a colocar flores na igreja, para tirar algumas fotografias. Ganhei logo ali uma guia. Estas fotos foram indicadas pela tal senhora-guia que me dizia:
- Não pode deixar de tirar uma fotografia aqui.
Depois de cada foto, levava-me a outro canto ou recanto, pedia que olhasse para o tecto da igreja e que o fotografasse que tirasse "retratos" a todos os pormenores:
- Tire ao tecto, olhe que lindo!
Por ela, ainda lá estaria a fotografar deste e daquele ângulo, isto e mais aquilo, este santo e aquele também...