A mãe de um aluno perguntou-me o que
deveria fazer para que o seu filho ganhasse hábitos de leitura. Conversei
alguns minutos com ela e fiz algumas perguntas sobre o quotidiano do filho e o
da família. Ouvi-a, pensei e respondi que não havia uma fórmula mágica, que o
hábito de leitura não se adquiria com 15 anos...
Não era a resposta que ela esperava! Vi
na sua cara que esperava uma solução para o seu problema, melhor para o
problema do seu filho: não lê nada, livros nem vê-los! Lá vai lendo as legendas
dos filmes!...
O hábito de leitura começa na mais tenra
idade, de pequenino é que se torce o pepino, com pequenas observações em
relação ao mundo dos livros, com a apresentação à criança das letras... E tudo
isto se inicia muito antes de ela aprender a ler.
Os meus filhos conviveram com livros, com
textos e com letras desde sempre. Quando ia às compras com eles, o primeiro
lugar em que passávamos era na secção de livros... Era um local de paragem
obrigatória! Escolhíamos um livro, um revista adequada à sua idade e, depois,
partíamos, então, às compras. Sentados no carrinho de compras, iam-me contando
histórias, tendo em conta as imagens e iam perguntando “Que letra é esta?” “E
esta? “E esta?”...
Chegados a casa, eles aguardavam a hora
em que nos sentávamos na sala para ler: o pai, o jornal; eu, os meus romances.
Eles traziam os seus livrinhos de histórias, sentavam-se ao nosso lado e descreviam
as imagens que surgiam nas páginas, apontavam as letras que conheciam e associavam
às imagens e iam soletrando palavras que conheciam com aquelas letras: L de Luís,
A de Ana, M de mãe... e por aí fora... E qual era o meu papel nesta atitude
deles? Nenhum!
As crianças imitam-nos em tudo! Ele via o
pai a fazer a barba e queria fazer também, ela via-me no computador e queria
digitar, ele via o pai a conduzir o carro e queria dirigir fazendo barulho com
a boca no banco do condutor do nosso carro. Eles viam-nos a ler e seguiram-nos
os passos. É a ordem natural!
Quando me dei conta, eles já identificavam
um monte de letras em palavras que lhes eram conhecidas. Os meus filhos
despertaram para o mundo das letras e dos livros sem a minha interferência directa,
mas pelo exemplo.
Planta-se, cultiva-se o hábito de ler, semeando
letras, palavras e histórias. Os leitores não se formam com metodologias, mas com
exemplos... Isto, para que não tenhamos de perguntar o que fazer para que um adolescente
de 15 anos adquira hábitos de leitura.
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