domingo, 23 de setembro de 2007

Azenha do Mar, Praia da Amália...








Amanhece, o sol espreita-nos já quente e luminoso. É bom acordar com a natureza. Lá em baixo, a charca brilha como um espelho encantado. Aqui acorda-se ao sabor do tempo que corre lentamente, sem pressa. São horas de ir para perto do mar, porque o calor é já abrasador.

Azenha do Mar

Azenha do Mar, porto esquecido, possui meia dúzia de casas, alguns barcos de pesca e uma “população” envelhecida.
“Aqui, o tempo parou há muito tempo já”, disse o Sr. José. “Continua tudo na mesma: as mesmas casas… mais velhas, mais degradadas; as mesmas pessoas… mais velhas, mais cansadas, mais tristes”, acrescentou, olhando à volta sem esperança.
A sua cara cavada pelas rugas e os seus olhos tristes e sem brilho ensaiavam um sorriso que teimava em esconder-se debaixo daqueles sulcos deixados pelo tempo e pelo desânimo.
“Quem nos procura são os turistas, alguns vêm enganados… procuram uma praia, mas encontram um portinho. Outros sabem que aqui há bom peixe e chegam para almoçar ou jantar. Alguns ouviram falar que aqui perto fica a Praia da Amália e é por isso que aparecem”, dizia o ti Zé, com voz pausada, sem ânimo. “A Amália tinha uma casa aqui perto e frequentava esta praia, passaram a chamar-lhe a Praia da Amália, era quase uma praia privativa”, explicou-nos. “Para lá chegarem têm de ir a pé, deixar aqui o carro, é um bocado longe, mas a praia é bonita, é por aqui”, apontava-nos o caminho. “Seguem este carreiro, não há que enganar”.
E lá fomos…

Praia da Amália

Também chamada Praia do Brejão, ficou conhecida como Praia da Amália, por aqui se situar a casa onde a saudosa fadista Amália Rodrigues passava grandes temporadas.
Iniciámos a descida através da vegetação entre um riacho e a propriedade que pertenceu à grande fadista. Através da vegetação vislumbrava-se a casa abandonada. Um pouco mais adiante, junto à falésia, a azenha, onde ela se sentava para apreciar a linda paisagem circundante. Depois, a partir dali, a descida fez-se através de degraus mandados construir por ela e que nos levaram até às areias douradas, onde nos deitámos a apanhar sol.
Antes de partirmos, pois eram quase horas de almoço, demos uns bons mergulhos naquelas águas límpidas e secámos. O sol beijava-nos a pele carinhosamente. Não nos apetecia nada partir!
Então, subimos o mesmo carreiro tortuoso no meio da vegetação selvagem e sentámo-nos um pouco a descansar no alto da falésia a admirar o mar azul que se estende até ao infinito.
No restaurante “Azenha do Mar”, onde almoçámos (marcámos logo de manhã, antes de irmos para a praia, porque é muito concorrido), começámos por pedir como entrada uns percebes (tão deliciosos!) e, depois, um arroz de marisco magnífico! Tudo muito fresquinho, tudo apanhado no próprio dia, ali mesmo ao lado. Para sobremesa uvas do Alentejo e melão, uma maravilha!
Após esta faustosa refeição, encaminhámo-nos um pouco mais para sul à procura da Praia de Odeceixe.

(Continua)

1 comentário:

Anónimo disse...

Lendo os teus textos, dá mesmo vontade de seguir à risca o teu trilho...
Venham as férias!
Um abraço,
Carlos