O Fado vestido aqui com outros tons! Ora oiçam!
"Espaço 2099 - obrigado, Lurdes.
Estação espacial "Lusitânia", Agosto 2099.
Antigamente, os professores perdiam horas a fazer o que se chamava "investigar", depois continuavam com o que se denominava "preparar aulas" e, finalmente, dedicavam-se àquilo que os antigos designavam, com muita graça, "dar aulas". Estas expressões castiças têm um relativo encanto, à semelhança de outras caídas em desuso como "escola cultural" ou "conteúdos programáticos", sintomas de um primitivismo felizmente ultrapassado.
Tudo começou a mudar no dia 12 de Março de 2005.
Maria de Lurdes Rodrigues, como todos os génios, não tinha a certeza absoluta do que queria fazer e talvez nunca tenha tido, mas, com a mesma presciência inconsciente de Galileu, decidiu que a Escola não podia andar à volta dos professores. Decidiu também que os professores não podiam andar à volta da Escola. Era preciso pô-los dentro da Escola e deixá-los sair por poucas horas. Na realidade, não havia nada mais perigoso do que um professor à solta. Alguns chegavam mesmo a ir a Bibliotecas, acto tão revoltante que não há relativismo cultural que o salve. Por muito que custe dizê-lo, o professor, naquele tempo, era um intelectual.
Fora da Escola, já existiam o Mercado e a Empresa, ou seja, a Realidade.
No entanto, debaixo da influência perniciosa dos professores, a Escola insistia em cultivar os cidadãos. É certo que estes, antecipando o futuro, já resistiam heroicamente a essa ditadura que os queria transformar em seres inutilmente pensantes. Felizmente, a televisão já tinha a telenovela e os jornais já eram escritos por iletrados. A Escola era o último reduto que resistia ainda e sempre à ignorância fundamental que deve enformar qualquer cidadão cumpridor.
Era preciso actuar. Maria de Lurdes sabia que os professores não tinham muito tempo livre. O problema estava, antes, numa péssima utilização do tempo. Havia que reorientar uma classe inteira. A tarefa não era fácil. Isso, no entanto, não fez desistir a nossa heroína. Começou por diminuir o número de funcionários não docentes nas escolas. Ao mesmo tempo, inventou a brilhante estratégia das "aulas de substituição", um case study reconhecido mundialmente no âmbito da psicologia de massas. Ao obrigar os professores a estar mais tempo na Escola, estes viram dificultada tarefas como "preparar aulas" ou "corrigir testes", actividades actualmente estudadas no âmbito da Arqueologia. Ao mesmo tempo, como é evidente, os professores não tinham igualmente tempo para preparar as tais "aulas de substituição". Com o brilhantismo que a História lhe reconhece, a então Ministra da Educação afirmou que esses eram os momentos ideais para que os professores pudessem "ler poesia ou dizer umas graças". Com esta frase pétrea, Maria de Lurdes deixava implícito o fundamental: preparar actividades lectivas (regulares ou de substituição) era uma actividade condenada à extinção. O paradigma começou a alterar-se aqui.
Entretanto, os professores, com o espírito obnubilado pelo fundamentalismo do saber e obcecados por encher os alunos com excrescências como "conteúdos", mantinham-se convenientemente distraídos. Isso permitiu a Lurdes avançar com outras medidas igualmente proféticas.
Ciente de que a melhor forma de aprender é diplomar ou aprovar, confirmava-se a docência como uma função desnecessária a qualquer sociedade, incluindo a primitiva, como se pode comprovar pelo facto de que o polegar oponível e a posição erecta surgiram sem a necessidade de professores. Estes foram, então, lentamente despojados da sua condição de intelectuais para passarem a ser os profissionais indiferenciados de que a Escola necessitava. Foi desse modo que terminaram a formação contínua, a especialização científica, a participação na gestão das escolas, a exigência curricular e muitas outras coisas que colocavam graves dificuldades ao acesso dos alunos aos diplomas, obrigados que eram por essa gente sádica a ocupar o cérebro com conhecimentos tão inúteis como a tabuada e a ortografia, quando lhes bastava saber ligar um computador e usar uma chave inglesa.
Foi graças a este verdadeiro milagre de Lurdes que chegámos aos tempos gloriosos em que vivemos neste ano de 2099 em que, para seu castigo e proveitosa redenção, os reclusos passaram a desempenhar as funções de professor. Pois se Maria de Lurdes nos convenceu de que os professores são criminosos, fácil foi concluir que o ideal seria fazer de cada criminoso um professor. Apenas o facto de viver nas trevas impediu Maria de alcançar tal visão, mas temos de lhe agradecer o facto de ter aberto o caminho. A figura do professor-recluso tornou-se o veículo ideal para o sucesso. Uma vez que acabou a instituição "aulas", o professor-recluso limita-se a validar competências, sempre convenientemente vigiado. Qualquer veleidade, como pronunciar a palavra "reprovação" ou tentar marcar trabalhos de casa, leva o recluso à solitária, donde sai com renovada vontade de qualificar.
É certo que dentro dessas prisões continua a haver tráfico de livros e até de ideias, mas enquanto isso estiver circunscrito não virá grande mal ao mundo."
Fernando Nabais
Tirinhas de frango com caril
4 peitos de frango
1 cebola
1 dente de alhos
50 ml de azeite
1 dl de vinho branco
3 colheres de sopa de concentrado de tomate
1 colher de sopa de farinha
2 colheres de sopa de caril em pó
água
sal
uma malagueta grande
1 folha de louro
Corte os peitos de frango às tiras. De seguida, pique a cebola e o alho, corte a malagueta aos pedaços. Refogue tudo no azeite e junte a carne, alourando-a um pouco.
Regue com o vinho. Deixe apurar um pouco e acrescente o concentrado de tomate, o louro e um pouco de água a ferver. Tempere com sal e pimenta. Tape e deixe cozer em lume brando cerca de 30 minutos.
À parte, misture a farinha com o caril e dissolva num pouco de água morna. Envolva na carne. Deixe cozinhar, em lume brando, até o molho ganhar consistência. Rectifique os temperos, Sirva com arroz branco e salada a gosto.
Trabalhinho:
Estas havaianas tinham um ano e decidi dar-lhe uma "cara" nova. Que tal?
Estes miminhos são para quem me visita e deixa sempre uma palavrinha. Foram-me oferecidos pela Sabrina e pela Lisa, Obrigada!
12 comentários:
olá mena! as chinelas estão um espanto! muito xiques! o preto e branco são cores que ficam muito bem! e adoro caril...devia estar um pitéu! adorei os miminhos e vou levar! beijinhos
Sinceramente, esse seu frango me deixou com água na boca... uma delícia, Mena.
Noite de luz, menina linda.
Rebeca
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Olá Mena
Amei o texto. "A verdade" nua e crua!
Aproveitei e almocei. Adivinhaste. Gosto muito de caril.
Os teus trabalhinhos estão o máximo.
Bjs.
Lisa
Os chinelos transformados em sandálias adorei muito bonito.
Beijos
Olá Mena!
Adorei o texto! Esperemos que não seja profético...
O frango parece delicioso, especialmente com o caril!
Achei muito original a ideia da transformação das sandálias, parecem outras!
Bjos e boa semana (com muito calorzinho...)
Obrigada pelos mimos!!!
As sandálias ficaram lindas, amei!!!!
Volto para provar as tirinhas e ler o texto com mais calma.
Bjks
Sonia
Ficaram-me os olhos no frango com caril... e no bouquet... e nas havaianas!
Hoje ficaram-me os olhos em muito...
Olá amiga.
Adorei este fado.
É realmente fantástico.
Gostei muito, do "Espaço 2099", do
Fernando Nabais.
As chinelas ficaram lindas.
A comidinha... pois amiga, vais ter que preparar outra, porque sou alérgica ao caril.
Jinhos e uma óptima semana
MUCHAS GRACIAS POR TUS PALABRAS. tE INVITO A PASAR POR MI BLOG DE MANUALIDADES.www.lucecab.blogspot.com . UN BESO ROSANA
olá querida!
adorei a nova cara das havaianas! obrigada por me desejares boas férias, mas elas por enquanto são mm uma miragem lol
beijinhos
adorei as chinelas... e a comidinha, fiquei com água na boca e com vontade de experimentar!!!
Beijinhos
Olá!
O frango está com um aspecto delicioso..adoro caril!!
Beijocas,
Elisabeth
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