As pessoas dizem frequentemente: “Agora é que a coisa está mesmo preta”, “Passa aí essa coisa.”, “Mais
uma coisa para me chatear!”, “Pára lá com essa coisa!”, “Mas que coisa!”. Ó
coisinha, despacha-te!...
Não deixa de ser intrigante o uso da palavra COISA. Que coisa maravilhosa é o vocábulo coisa!
COISA é uma palavra sensacional, formidável, espectacular: substitui qualquer
coisa e não diz coisa alguma/nenhuma. É a palavra de sentido mais amplo que
conheço. Falta-nos um sinónimo? E lá vai a palavrinha maravilha: coisa. Coisa para aqui, coisa para
ali, coisa assim, coisa assado!...
Coisa é uma palavra tão versátil que até já é verbo. Ficam,
então, a saber que coisar é um verbo universal que
substitui qualquer outro verbo que não seja lembrado no momento: “Eles estão a coisar”.
Só Deus sabe o que eles estão mesmo a fazer! Coisa é um substantivo feminino,
mas também já é utilizado no masculino, e é ainda capaz de ser usado no grau
superlativo absoluto sintético, como se fosse um adjectivo: “Não fiz coisíssima
nenhuma hoje”. Sendo nome, seria normal encontrarmos apenas o grau diminutivo (coisinha: Oh, que coisinha tão fofa!),
porque “coisão” nunca ouvi, felizmente!
Pois bem, resumindo e concluindo, está completamente fora de
questão o uso das palavras coisa, coiso, coisar em textos mais cuidados e formais!
Reparem nesta história:
O proprietário de uma quinta contraiu um empréstimo num Banco, hipotecou a propriedade
e, três meses depois, morreu. O Banco, preocupado, mandou um fiscal à quinta. Lá
chegado, ficou feliz ao ver que as coisas corriam bem. A viúva trabalhava arduamente
e o dinheiro investido florescia, já apresentava lucros, estando o pagamento da
hipoteca garantido. O fiscal regressou à cidade e o seu chefe pediu-lhe um
relatório detalhado... O fiscal escreveu: “O proprietário morreu, mas o Banco
pode ficar tranquilo, porque a viúva mantém a coisa em pleno funcionamento”. Sabe Deus que coisa é essa!?