"Ascensão
de Vasco da Gama"
Os Deuses da tormenta e os gigantes da terra
Suspendem de repente o ódio da sua guerra
E pasmam. Pelo vale onde se ascende aos céus
Surge um silêncio, e vai, da névoa ondeando os véus,
Primeiro um movimento e depois um assombro.
Ladeiam-no, ao durar, os medos, ombro a ombro,
E ao longe o rastro ruge em nuvens e clarões.
Em baixo, onde a terra é, o pastor gela, e a flauta
Cai-lhe, e em êxtase vê, à luz de mil trovões,
O céu abrir o abismo à alma do Argonauta.
A figura de Vasco da Gama é
engrandecida neste poema por vários aspectos:
1. Pela situação de elevação aos
céus num plano superior ao da simples condição humana – libertando-se do corpo,
torna-se alma e imortaliza-se;
2. Pelos efeitos provocados por
esta situação: o pasmo dos Deuses e dos Gigantes, o silêncio e assombro da
natureza e a admiração dos homens;
3. Pelo nome de “Argonauta” dado
a Gama, identificando-o com os heróis míticos da Grécia antiga, que procuravam
desvendar o desconhecido, buscando o inacessível e o impossível. É de
salientar que este poema se associa à representação que é conferida a Vasco da
Gama “n’Os Lusíadas” obra em que o herói é também elevado no plano dos
Deuses nomeadamente no episódio da “Ilha dos Amores”.
Assim, temos a salientar :
- A capacidade de interferência de Vasco da Gama no plano mitológico das guerras entre deuses e gigantes
- A ascensão de Vasco da Gama e dos Portugueses, porque devido aos seus feitos “se vão da lei da morte libertando”, perante pasmo quer no plano mitológico (deuses e gigantes) quer no plano terreno (pastor).
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