Há dias em que o meu mundo se desmorona! Há dias em que estou no paraíso! Há dias em que acho que posso tão pouco para o muito que há para fazer! Há dias em que faço brotar sorrisos! Há dias em que embacio olhos! Há dias em que me sinto útil! Há dias em que acho que está tudo mal! Há dias em que gostava de desaparecer! Há dias em que acordo inspirada! Há dias em que não sei onde vou buscar forças, inspiração... para arrancar sorrisos de rostos tão sofridos, tão abandonados...
Há dias assim!
Tenho uma óptima relação com a maior parte dos meus alunos e com outros que não são meus alunos também: os que me conhecem da Biblioteca, dos workshops, do que lhes contam os meus alunos e ex-alunos... E fico feliz, quando me pedem amizade no Facebook, deixando mensagens como: não é minha professora, mas gostaria que fosse! Não podendo ser, seja pelo menos minha amiga aqui. E aceito-os no meu núcleo de amigos facebookianos... Na escola, timidamente, dizem, sou sua/seu amiga/o no face... Enfim, não sei o que é que eles vêem de especial em mim, não compreendo por que é importante para eles a minha amizade virtual...
Os meus alunos dizem-me frequentemente, a professora é muito especial, é linda por dentro e por fora, gostamos muito de si...
Há colegas que me dizem a rir: dás tantas negas, ralhas, barafustas, mas eles (os alunos) adoram-te!
Ultimamente, tenho recebido mil provas de carinho dos meus alunos, é verdade que me mostro sempre disponível para os ouvir, para lhes dar uma palavra amiga, um conselho, um abraço, um beijo até... E alguns precisam tanto de um carinho, de atenção... Têm tudo, roupas de marca, telemóveis xpto, ipads, computadores... mas falta-lhes um abracinho, um sorriso meigo, uma palavra amiga, um puxão de orelhas, um raspanete, um sermão... No fundo, ATENÇÃO!
Ficam quase com as lágrimas nos olhos, quando sentem que me importo com eles, que só quero o bem deles, que sou professora, mãe, irmã, tia, amiga e até colega...
Fico enternecida, quando me vêm contar os seus amores e desamores, quando choram porque se zangaram com o/a namorado/a...
Fico agradecida, sensibilizada, quando me escolhem como confidente... e que confidências me fazem... E dou-lhes tanto "na cabeça" e conto histórias dramáticas e de terror, quando me contam as aventuras perigosas em que se metem...
Até aqui, tudo tem corrido bem, mas, e, se um dia, as coisas correrem mal, muito mal? Ponho-os a chorar, a pensar no que de terrível podia ter acontecido... Mas eu, fico destroçada, porque faço tão pouco, não sei muitas vezes sequer como actuar, o que dizer... E não sei de onde me vem a força, onde vou buscar o discurso, o sangue-frio... para lhes fazer ver o quão frágeis são, o quão se expõem ao mundo...
Até aqui, tudo tem corrido bem, mas, e, se um dia, as coisas correrem mal, muito mal? Ponho-os a chorar, a pensar no que de terrível podia ter acontecido... Mas eu, fico destroçada, porque faço tão pouco, não sei muitas vezes sequer como actuar, o que dizer... E não sei de onde me vem a força, onde vou buscar o discurso, o sangue-frio... para lhes fazer ver o quão frágeis são, o quão se expõem ao mundo...
E eu sou a professora linda para uns, a professora chata, exagerada, refilona para outros...
Mas é tão bom ouvir e ver escrito: Professora, adoro-a; A "setora" é muito especial para mim; A professora é a nossa professora linda...
Todos os meus alunos são especiais e nutro por eles muito carinho, são um pouco também da minha família... Sim, já tenho uma família enorme e continuará a crescer... Mas, gostaria de poder fazer muito mais pelos meus alunos... Que adultos vão ser? Que traumas vão acumulando? O que é que esta sociedade está a fazer com estas crianças? Como é possível estarem muitos só entregues a si próprios? Como queremos que tenham boas notas, que estudem? Como queremos que brinquem, que conversem? Como...? Como...? Como...? As perguntas poderiam suceder-se, nunca mais acabariam. E as respostas? Se calhar, não as teríamos!
Como posso eu mandar embora os alunos no intervalo, quando precisam de desabafar, quando precisam de atenção, de um carinho, de uma simples palavra amiga? Não posso! E quando o faço, porque preciso de uma pausa, preciso de me afastar de tantas tristes realidades, faço-o com um peso enorme no peito.
Mas há dias em que os intervalos são poucos para dar um sorriso, um abraço, uma palavra àqueles que fazem parte da minha vida!
1 comentário:
És um exemplo de professora.
Nunca tive nenhuma assim.
Quando for grande, quero ser teu aluno...
Rita, tem uma boa semana.
Um beijo.
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