terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

A moleirinha e...



A Moleirinha 



Pela estrada plana, toc, toc, toc, 
Guia o jumentinho uma velhinha errante 
Como vão ligeiros, ambos a reboque, 
Antes que anoiteça, toc, toc, toc 
A velhinha atrás, o jumentinho adiante!... 

Toc, toc, a velha vai para o moinho, 
Tem oitenta anos, bem bonito rol!... 
E contudo alegre como um passarinho, 
Toc, toc, e fresca como o branco linho, 
De manhã nas relvas a corar ao sol. 

Vai sem cabeçada, em liberdade franca, 
O jerico ruço duma linda cor; 
Nunca foi ferrado, nunca usou retranca, 
Tange-o, toc, toc, moleirinha branca 
Com o galho verde duma giesta em flor. 

Vendo esta velhita, encarquilhada e benta, 
Toc, toc, toc, que recordação! 
Minha avó ceguinha se me representa... 
Tinha eu seis anos, tinha ela oitenta, 
Quem me fez o berço fez-lhe o seu caixão!... 

Toc, toc, toc, lindo burriquito, 
Para as minhas filhas quem mo dera a mim! 
Nada mais gracioso, nada mais bonito! 
Quando a virgem pura foi para o Egipto, 
Com certeza ia num burrico assim. 

Toc, toc, é tarde, moleirinha santa! 
Nascem as estrelas, vivas, em cardume... 
Toc, toc, toc, e quando o galo canta, 
Logo a moleirinha, toc, se levanta, 
Pra vestir os netos, pra acender o lume... 

Toc, toc, toc, como se espaneja, 
Lindo o jumentinho pela estrada chã! 
Tão ingénuo e humilde, dá-me, salvo seja, 
Dá-me até vontade de o levar à igreja, 
Baptizar-lhe a alma, prà fazer cristã! 

Toc, toc, toc, e a moleirinha antiga, 
Toda, toda branca, vai numa frescata... 
Foi enfarinhada, sorridente amiga, 
Pela mó da azenha com farinha triga, 
Pelos anjos loiros com luar de prata! 

Toc, toc, como o burriquito avança! 
Que prazer d'outrora para os olhos meus! 
Minha avó contou-me quando fui criança, 
Que era assim tal qual a jumentinha mansa 
Que adorou nas palhas o menino Deus... 

Toc, toc, é noite... ouvem-se ao longe os sinos, 
Moleirinha branca, branca de luar!... 
Toc, toc, e os astros abrem diamantinos, 
Como estremunhados querubins divinos, 
Os olhitos meigos para a ver passar... 

Toc, toc, e vendo sideral tesoiro, 
Entre os milhões d'astros o luar sem véu, 
O burrico pensa: Quanto milho loiro! 
Quem será que mói estas farinhas d'oiro 
Com a mó de jaspe que anda além no Céu!


Guerra Junqueiro
 (1850 - 1923)







"Há tantos burros mandando
 em homens de inteligência, 
que às vezes fico pensando, 
se a burrice não será uma ciência."

(António Aleixo)

António Fernandes Aleixo (Vila Real de Santo António, 18 de Fevereiro de 1899 — Loulé, 16 de Novembro de 1949) foi um poeta popular português.
Considerado um dos poetas populares algarvios de maior relevo, famoso pela sua ironia e pela crítica social sempre presente nos seus versos, António Aleixo também é recordado por ter sido simples, humilde e semi-analfabeto, e ainda assim ter deixado como legado uma obra poética singular no panorama literário português da primeira metade do século XX. 
No emaranhado de uma vida cheia de pobreza, mudanças de emprego, emigração, tragédias familiares e doenças na sua figura de homem humilde e simples, havia o perfil de uma personalidade rica, vincada e conhecedora das diversas realidades da cultura e sociedade do seu tempo. Do seu percurso de vida fazem parte profissões como tecelão, guarda de polícia e servente de pedreiro, trabalho este que, como emigrante foi exercido em França. 
De regresso ao seu país natal, estabeleceu-se novamente em Loulé, onde passou a vender cautelas e a cantar as suas produções pelas feiras portuguesas, atividades que se juntaram às suas muitas profissões e que lhe renderia a alcunha de "poeta-cauteleiro". 
Faleceu por conta de uma tuberculose, em 16 de Novembro de 1949, doença que tempos antes havia também vitimado uma de suas filhas.




Alguns sinónimos de burro:

Animal cruzado de égua com jumento:
Pessoa com pouca inteligência:
E...

Espero que tenham gostado!

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Tibino - Foz do Arelho





Tibino é um bar/casa de petiscos/restaurante com tudo de bom: dos petiscos às saladas, dos pratos tradicionais portugueses a outros mais inovadores, dos cocktails aos doces, passando pela decoração vintage e pelo atendimento fantástico, tudo é maravilhoso aqui.

Há que fazer marcação prévia!

Os preços são simpáticos!


Fica na Rua Francisco Almeida Grandela Nº 141, Foz do Arelho

Contacto: 351 262 979 047

Os pratos são muito bons e com uma apresentação muito cuidada e bonita. As saladas muito coloridas e floridas, com uma mistura de sabores muito agradável.

O espaço é muito acolhedor e agradável. Os petiscos são espectaculares, com uma apresentação surpreendente: colorida e com vários sabores diferentes que casam muito bem. 

A sangria é óptima. 

Tudo muito bom. 

Muito bom atendimento.

Recomendamos! Adorámos e vamos voltar. 





























domingo, 25 de fevereiro de 2018

Pesca no Prato - São Martinho do Porto



O restaurante Pesca no Prato, mesmo em frente à baía de São Martinho do Porto, no cais, vai buscar directamente ao mar o peixe fresco que serve. As cataplanas de marisco e de peixe, a açorda de marisco e o arroz de tamboril são algumas das especialidades desta casa, que procura sempre inovar, introduzindo pratos diferentes como é o caso do peixe à bulhão pato. 
O espaço é acolhedor, tem uma decoração típica, adequada ao tipo de restaurante. O pessoal é simpático e está sempre pronto a ajudar e a dar sugestões. A vista é soberba!
O preço? Não é caro nem barato, está de acordo com a qualidades dos pratos ali servidos. 
Recomendamos!














sábado, 24 de fevereiro de 2018

Os três conselhos



OS TRÊS CONSELHOS


Um pobre rapaz tinha casado, e para arranjar a sua vida, logo ao fim do primeiro ano teve de ir servir uns patrões muito longe. Ele era assim bom homem, e pediu ao amo que lhe fosse guardando na mão o dinheiro das soldadas. Ao fim de uns quatro anos já tinha um par de moedas, que lhe chegava para comprar um eidico, e quis voltar para casa. O patrão disse-lhe:
– Qual queres, três bons conselhos que te hão-de servir para toda a vida, ou o teu dinheiro? 
– Ele, o dinheiro é sangue, como diz o outro.

– Mas podem roubar-to pelo caminho e matarem-te.
– Pois então venham de lá os conselhos.
Disse-lhe o patrão:
– O primeiro conselho que te dou é que nunca te metas por atalho, podendo andar pela estrada real.
– Cá me fica para meu governo.
– O segundo, é que nunca pernoites em casa de homem velho casado com mulher nova. Agora o terceiro vem a ser: nunca te decidas pelas primeiras aparências.
O rapaz guardou na memória os três conselhos, que representavam todas as suas soldadas; e quando se ia embora, a dona da casa deu-lhe um bolo para o caminho, se tivesse fome; mas que era melhor comê-lo em casa com a mulher, quando lá chegasse. Partiu o homenzinho do Senhor, e encontrou-se na estrada com uns almocreves que levavam uns machos com fazendas; foram-se acompanhando e contando a sua vida, e chegando lá a um ponto da estrada, disse um almocreve que cortava ali por uns atalhos, porque poupava meia hora de caminho. O rapaz foi batendo pela estrada real, e quando ia chegando a um povoado, viu vir o almocreve todo esbaforido sem os machos; tinham-no roubado e espancado na quelha. Disse o moço:
– Já me valeu o primeiro conselho.
Seguiu o seu caminho, e chegou já de noite a uma venda, onde foi beber uma pinga, e onde tencionava pernoitar; mas quando viu o taverneiro já homem entrado, e a mulher ainda frescalhuda, pagou e foi andando sempre, Quando chegou à vila, ia lá um reboliço; era que a Justiça andava em busca de um assassino que tinha fugido com a mulher do taverneiro que fora morto naquela noite. Disse o rapaz lá consigo:
– Bem empregado dinheiro o que me levou o patrão por este conselho.
E picou o passo, para ainda naquele dia chegar a casa. E lá chegou; quando se ia aproximando da porta, viu dentro de casa um homem, sentado ao lume com a sua mulher! A sua primeira ideia foi ir matar logo ali a ambos. Lembrou-se do conselho, e curtiu consigo a sua dor, e entrou muito fresco pela poria dentro. A mulher veio abraçá-lo, e disse:
– Aqui está meu irmão, que chegou hoje mesmo do Brasil. Que dia! E tu também ao fim de quatro anos!
Abraçaram-se todos muito contentes, e quando foi a ceia para a mesa, o marido vai a partir o bolo, e aparece-lhe dentro todo o dinheiro das suas soldadas. E por isso diz o outro, ainda há quem faça bem.




Teófilo Braga, Contos Tradicionais do Povo Português, 1883


1.               Consegues dizer, exactamente, quando e onde se passa esta história? Porquê?

2.               Nos contos populares, a linguagem é simples, de cariz popular. Seguindo o exemplo dado, sublinha as marcas de fala popular presentes nas frases seguintes e reescreve-as  na norma padrão, mantendo o seu sentido original.

 «- Ele, o dinheiro é sangue, como diz o outro.» O dinheiro é sangue, como se costuma dizer.

«O rapaz foi batendo pela estrada real…»

«…viu vir o almocreve todo esbaforido sem os machos

«…ia lá um reboliço.»

«Disse o rapaz lá consigo

«E picou o passo, para ainda naquele dia chegar a casa.»

«…mas quando viu o taberneiro já homem entrado


3.               Assinala com um V (Verdadeiro) ou com um F (Falso) as seguintes afirmações:

- A literatura oral e tradicional apenas nos foi transmitida através da escrita.    
- A literatura oral e tradicional são apenas histórias sem qualquer importância.   

- Os contos populares, as lendas, os provérbios têm sempre um autor que é identificado. 
    
- Uma das funções destes textos é o entretenimento, durante o convívio entre pessoas de diferentes 
gerações.    
    
- Trata-se de um repertório muito significativo para o povo, já que encerra e perpetua um 
conjunto de ensinamentos morais, condicionando comportamentos e atitudes.  

- As crianças e os jovens só começam a contactar com este tipo de textos quando já sabem ler e escrever.  
    
- A transmissão destes textos dá origem à produção de variantes, pois cada emissor, tendo sido já um 
receptor, altera o discurso que ouviu, acrescentando ou omitindo pormenores.   

- A parábola recorre a animais para dar lições ao homem.  

- A lenda assenta num facto real, num espaço e tempo mais ou menos identificáveis. 



quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Afinidades - Provas de Amor






No topo da Praça da Fruta, paredes meias com o Posto de Turismo da cidade de Caldas da Rainha, encontramos o Restaurante Afinidades,  “um restaurante despretensioso mas que aposta em ingredientes fora de série e numa confecção cuidada e sofisticada que casa o receituário tradicional português com receitas de cozinhas mais distantes”.
A sala, com uma decoração sóbria, mas bastante requintada, é muito acolhedora e confortável. O espaço é bonito e elegante, mas também com o seu quê de informal. Podemos escolher este restaurante para um almoço/jantar despretensioso, simples, com amigos ou familiares. É também o lugar certo para um jantar mais formal, sofisticado, para comemorações ou celebrações. Não esquecendo também os almoços de negócios... Há ainda uma esplanada agradabilíssima. E são estes os pontos de partida para uma experiência à mesa onde não faltam produtos de excelência como a carne Barrosã, o bacalhau  da Noruega e do Canadá (vindos da Mercearia Pena – a mercearia gourmet que é uma das lojas mais antigas das Caldas da Rainha), os melhores frescos da nossa Praça da Fruta, um ex-libris da nossa cidade, e os peixes e mariscos do Mercado do Peixe e da Lagoa de Óbidos.
A coordenação técnica ao nível das bebidas e da cozinha está a cargo dos chefes Jorge Guilherme e Luís Tarenta. 

A acompanhar a carta desenhada pelo chefe Luís Tarenta, podemos contar igualmente com uma vasta carta de vinhos e cocktails e com um serviço atento e dedicado.
Pessoal muito simpático, muito profissional, muito atento e solícito.
É, sem sombra de dúvidas, um dos melhores restaurantes da cidade. Atrevo-me mesmo a dizer - o melhor!
Recomendo vivamente e voltarei certamente em breve!