sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O Parvo

Cena III


O PARVO (Joane)

Os parvos têm, no teatro vicentino, uma função cómica, ocasionada pelos disparates que proferem (cómico de linguagem). Assim acontece neste auto, embora, em certos passos, o Parvo se junte às personagens sobrenaturais (Anjo e Diabo) para criticar / acusar os que pretendem embarcar e sirva, algumas outras vezes de comentador.

Nos termos desarticulados e ilógicos, ditos pelo parvo, há por vezes muito que reflectir e analisar. À pergunta do Diabo “Quem é?”, ele responde “Eu sô.”, identificando-se logo de seguida como um tolo; à pergunta do Anjo “Quem és tu?”, ele responde “Samica alguém”, isto é, talvez alguém. Esta resposta revela a sua inocência e candura, a pouca importância social que o Parvo atribui a si próprio.

A decisão do Anjo de acolher o Parvo, na sua barca, está na lógica da doutrina católica: não pode ser responsabilizado pelos seus actos quem nasceu irresponsável. É o que o Anjo exprime muito sinteticamente com a palavra simpreza. Simplesmente, o Anjo não lhe ordena que embarque imediatamente mas, pelo contrário, manda-o aguardar no cais os futuros companheiros (“espera entanto per i,”).

O papel que o Parvo desempenha no Auto da Barca do Inferno reconhece-se bem: exprime a candura dos pobres de espírito na sua agressividade instintiva e injuriosa contra o Diabo e os pecadores orgulhosos. Quando o Diabo o convida a entrar na Barca Infernal, ele dá a seguinte resposta: De pulo ou de voo? /Oh pesar de meu avô / Soma vim a adoecer, / e fui má hora morrer, / e nela para mim só. Repare-se, por um lado, que o simples acto de embarcar pela prancha foi absurdamente posto fora de questão: o Parvo encara a hipótese de embarcar por meio de um voo como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Mas, sobretudo, repare-se nisto: ele fala na hora da sua própria morte com o espanto existencial de quem a sentiu na sua singularidade de morte para si só.


Significado da palavra “parvo”


Sabes o que significa a palavra “parvo”?

Esta palavra é de origem latina. Vamos ver o seu significado original:

Parvus – criança; pequeno; condição humilde; de categoria inferior... (in dicionário de latim - português)

Como podes verificar, o adjectivo “parvo” tem, hoje, um sentido diferente do original. Já não o utilizamos quando queremos dizer que alguém é criança ou pequeno.

Quando o significado de uma palavra se modifica ao longo do tempo, diz-se que há evolução semântica.


Saber mais

Função cómica

“O Parvo”, que se convertera em uma espécie de comentador, independentemente da acção, punha à mostra, com os seus disparates, o ridículo das personagens convencidas do seu papel.

Em Gil Vicente não é outra a sua função: o Parvo nunca se apresenta a si próprio, e nunca é observado pelo interesse que em si mesmo possa oferecer. A sua função constante é obter efeitos cómicos, a coberto da irresponsabilidade, de situações alheias a ele.”

António José Saraiva, Gil Vicente e o fim do teatro medieval.


O discurso e o vocabulário insultuoso usado pelo Parvo em relação ao Diabo provocam o riso.

Também a sua maneira de ser, ingénua e irresponsável, é jocosa.

Contrariamente às outras personagens, o Parvo não transporta nenhum objecto, não havendo nenhum símbolo que o caracterize. Também não é feita nenhuma crítica ao seu comportamento.

O Parvo tem, portanto, uma função cómica, ajudando também a caracterizar as outras personagens, a mostrar os vícios delas.



Ter dúvidas é saber...

Partindo de erros bem comuns - os chamados "pontapés na gramática" - que todos os dias ferem os olhos e ouvidos dos mais conhecedores da nossa bela língua portuguesa, decidi abrir uma rubrica nova, aqui, no Mym. A ordem de apresentação será aleatória, pois a "matéria" surgirá à medida que os "disparates" ou "gralhas" vão sendo captados.
Se tiverem dúvidas, exponham-nas...

Hoje, ouvi um político dizer: "Tenho intervido..." e " "Eles interviram..."
Intervido?!... Não! Intervindo!
Interviram?! Não! Intervieram!

Intervir é um verbo derivado do verbo vir, logo...
Eu vim - eu intervim
Eu viera - eu interviera
Se eu vier - se eu intervier

Para conjugarmos o verbo intervir em qualquer tempo... É simples; basta lembrarmo-nos do verbo vir...
Exemplos: Depois de eu ter intervindo, interveio outra professora. Se eu não interviesse, teria intervindo outra colega. Quando eles intervierem, vou ouvi-los...

Atencão! O particípio intervindo é igual ao gerúndio; e o pretérito perfeito do indicativo é interveio (interviu... nunca mais!)

Já agora, não se esqueçam: porque não consultar uma gramática ou... alguém que saiba, antes que entre mosca ou saia asneira...?





A Mena na Cozinha

Bacalhau de cebolada com arroz selvagem

400 g de bacalhau
1 dl de azeite
1 cebola
4 fatias de presunto
1 folha de louro
0,5 dl de vinho branco
150 g de miolo de camarão
4 folhas de azedas
2 colheres de polpa de tomate
água
sal
pimenta
arroz selvagem

Coza o bacalhau. Retire-o, reservando 2 dl da água da cozedura. Limpe o bacalhau de peles e espinhas e reserve. Refogue, no azeite, as cebolas, cortadas às rodelas, o presunto e o louro. Deixe cozinhar até a cebola ficar transparente.

Entretanto, coza o arroz selvagem em água com sal e um fiozinho de azeite.

Lave as folhas das azedas e corte-as em Juliana.

Junte-as à cebolada, envolva, verta o vinho e deixe evaporar um pouco. Adicione o camarão.

Tempere com sal e pimenta e junte a polpa de tomate e a água que reservou.

Assim que levantar fervura, acrescente o bacalhau, envolva e rectifique os temperos.

Deixe apurar, durante uns minutos.

Misture com o arroz selvagem e leve ao lume mais uns minutos. Sirva com uma boa salada mista.
Bom apetite!

Sugestão: Pode servir o bacalhau de cebolada com batatinhas cozidas, cortadas às rodelas e salada.



Trabalhinhos: Conjunto de colar e brincos






Desafio

Ora bem! Vou propor-vos um desafio: a nova rubrica precisa de um nome! Depois de muito pensar, só me ocorreu aquele que consta lá em cima! Assim, preciso da vossa ajuda: quero um nome original e sugestivo para o novo apontamento Mym... No final, porei à votação os nomes propostos e a vencedora receberá um miminho.. Posso contar com a vossa colaboração? Sim?

10 comentários:

Atelier da Casaleira disse...

OLÁ MENA:)

BEM O QUE ME OCORREU PARA ESTA RUBRICA EM FEZ DE PARVO FOI...

TOTÓ!

oU COMO É MUITO COMUM DIZER O PALHAÇO DA FESTA!

BEIJINHOS

Dulce disse...

Ai Mena, arranjas-me cada desafio! A esta hora ocorre-me o quê..., poderá ser "Condutor de comédia". Será que soa bem? A esta hora e com o dia que tive, pareço eu a Parva, ihihihih., mas acho que liga bem. Vamos ver se ganho desta.
Beijinhos
Bom domingo.
Dulce

Nandilene disse...

Olá
Obrigada pela visita e fico aguardando sua inscrição para a troca de cartões!
Ótimo domingo!
Bjks
Nandilene

Joanita disse...

Olá olá!

Eu gosto de bacalhau de toda a maneira!!! eheheh =)

E gostei do teu novo modelo de colares ;)

*chUack chUack,
Joanita

Dulce disse...

Olha, eu bem te disse que àquela hora não saía nada de jeito. Imagina que nem li o título e está bem visível. Agora já percebi(e não sou alentejana,ihihih...),vou pensar num e depois digo.
Beijinhos
Dulce

Unknown disse...

Oi amiga!
Que desafio hein!!!!
- Se você está se referindo a imagem que postou, eu sugiro: Alecrim ou Pierrot.
- Mas se é sobre o Título do blog, sugiro to sem idéia... lol mas logo voltarei com uma hiper idéia
Bjs

Chocolate disse...

hum! qual é o conteudo da nova rubrica? beijinhos e boa semana!

mfc disse...

Mais uma magnífica bacalhauzada!

E já que estamos no Latim.... o blog inteiro "pulchra est"!

Sonia Facion disse...

Ena, fiquei em dúvida se é para o blog ou para o parvo.

Se for para o parvo, sei lá....pode ser O BOBO ALEGRE.

se for para o seu blog, é difícil, pois é tão pessoal o nosso blog, acredito que essa sua marca já se consolidou.

Não consigo sugerir nada, acho que mym é ótima e original. mas..... fica a seu critério.

Mas minha sugertão é que continue a mesma.

Bjks

sonia

Maria Filomena disse...

Mena,
que feliz surpresa...
encontrei o teu blog através do blog da Sonia Faccion...
E gostei imensamente..., tanto
que já estou a aproveitar a tua receita com bacalhau, azedas,camarão e etc, pois estava eu cá a batucar sobre o que iria fazer para o almoço, e a solução apareceu através de vocè.Já está decidido!
No tocante as outras matérias postadas neste blog, são igualmente fantásticas, pois ensinam como a língua portuguesa é danada de complicada....
eu, na qualidade de brasileira, com nacionalidade e de coração também portuguesa, reconheço que falamos muito mal a nossa lingua mãe...
quem sabe agora aprendo mais....
beijos e
felicidades de
Maria Filomena....