A Alcoviteira (Brízida Vaz)
As Alcoviteiras dedicavam-se a fazer casamentos, a desencaminhar mulheres casadas e solteiras e a lançar rapariguitas na prostituição. Como esta profissão estava proibida por lei, para não caírem na alçada da justiça, fingiam que se dedicavam a bordar e a fabricar perfumes e cosméticos. O povo tachava-as de bruxas ou feiticeiras.
É o tipo que nos aparece, neste auto, com mais elementos distintivos e caracterizadores. É um autêntico carregamento deles: além das moças que prostituía, transportava consigo seiscentos virgos postiços, jóias e vestidos roubados. Para poder montar o negócio no outro mundo, levava ainda uma casa movediça, um estrado de cortiça e dous coxins.
A linguagem que a Alcoviteira emprega, nomeadamente com o Anjo, funciona também como elemento distintivo. Trata-se de uma linguagem melíflua, lisonjeira, repleta de termos carinhosos, embora empregados hipocritamente. É de notar como a Alcoviteira tenta cativar o Anjo, chamando-lhe mano, meus olhos, minha rosa, meu amor, minhas boninas, olhos de perlinhas finas, etc. seria certamente com esta lábia que ela conseguia atrair as jovens à chamada vida fácil.
A defesa arquitectada e posta em prática pela Alcoviteira revela mentira, hipocrisia, descaramento. Considera-se uma mártir por ter sido açoitada diversas vezes e compara a sua missão à dos apóstolos. Chega até a afirmar que converteu mais moças do que Santa Úrsula, que nenhuma delas se perdeu e que todas se salvaram. Trata-se de uma linguagem ambígua, em que os termos converter, salvar e perder-se, frequentes em textos religiosos, saem dos seus lábios com um significado chulo (ela atraiu (converteu) muitas raparigas para a prostituição, tirou-as (salvou-as) de uma vida de pobreza e todas tiveram sucesso/clientes (nenhuma se perdeu)).
Nesta cena faz-se também uma crítica ao clero (“Eu sou aquela preciosa / que dava as moças a molhos, / a que criava as meninas / pêra os cónegos da Sé…” Note-se que, no século XVI, meninas era o nome reservado às raparigas burguesas, ricas e educadas. Segundo a Alcoviteira, estas eram reservadas aos clientes pertencentes a classes sociais altas (nobreza e clero). As moças eram raparigas do povo, pobres, muitas vezes com grandes dificuldades económicas, vivendo na miséria e serviam para satisfazer as classes sociais mais baixas (Brízida Vaz diz que “salvou” muitas moças da miséria, mas acabou por convertê-las a uma miséria ainda maior – a prostituição).
“A Alcoviteira” na época de Gil Vicente
Alcoviteiro – o que auxilia em relações amorosas; mexeriqueiro; intriguista; o que vive à custa de prostitutas (alcovitar + eiro).
“e alguns furtos alheos, / assi jóias de vestir, / guarda-roupa de encobrir” - roubo
“um estrado de cortiça / com dous couxins d´encobrir.” - prostituição
Discurso Argumentativo
A Alcoviteira pretendendo convencer o Anjo de que merecia ir para o céu usa uma linguagem persuasiva:
Quando queremos convencer uma pessoa a aceitar ou a consentir aquilo que defendemos, precisamos de argumentar, ou seja, de apresentar razões, provas, exemplos, etc., que a levem a aceitar a nossa posição.
Habitualmente, o discurso argumentativo apresenta a seguinte estrutura:
- Introdução: exposição de tese, ou seja, apresentação do assunto e opinião sucinta sobre o mesmo.
- Desenvolvimento: enumeração das provas, e argumentos a favor ou contra a tese exposta. Os argumentos podem ser complementados com exemplos de estudos realizados por outros autores, outros casos concretos, etc., de modo a comprovar a tese.
- Conclusão: reforço final, ou reafirmação da tese inicial.
Ter dúvidas é saber…
Ainda “A gente”
Um aluno meu saiu-se com esta: “A gente vamos s´imbora”
Não! “A gente vai-se embora” ou “Nós vamo-nos embora”.
Mas há ainda outra questão importante aqui: o pronome reflexo. Numa conjugação reflexa, o pronome reflexo é sempre da mesma pessoa gramatical do sujeito, por isso se diz reflexo: a acção reflecte-se sobre o sujeito, o sujeito pratica e sofre a acção: Eu lavo-me; tu lavas-te; ele lava-se…
A Mena na cozinha
Ovos escondidos
6 ovos
salsichas, chouriço, toucinho fumado, presunto... (o que mais gostarem)
sal
pimenta
batata frita palha
1 curgete
1 cebola
2 dentes de alho
azeite
salsa
2 tomates maduros
Adicione a curgete, a salsa picada e o tomate aos cubos. Deixe apurar. Tempere com sal e pimenta.
Entretanto bata os ovos. Corte as salsichas às rodelas e adicione ao preparado anterior.
Leve ao lume numa frigideira, com um pouco de azeite e mexa sempre.
Num pirex, ponha uma camada de batata palha e por cima os ovos mexidos com salsichas.
Termine com os legumes refogados. Se gostar, pode salpicar com queijo ralado. Leve ao forno por 15 minutos.
Sirva quente co salada a gosto.
Bom apetite!
5 comentários:
Boa tarde,td bem?
mais um post deveras interessante...parabens.
em relaçao a pintura no pijama, esta lindissimo...
a menina vai adorar, tenho a certeza...fika bem,jinhos***
Simples e tão bom!
Ainda sobrou algum pouquinho?!
Ahhh ja está frio?! Não faz mal... eu gosto mesmo aquecido.
Olá Mena,
Adorei a Alcoviteira e as subjacentes explicações. Quanto ao Português do seu aluno, sem comentários, pois se há algo que realmente me magoa, são as atrocidades que se cometem com a língua Portuguesa!!
Adorei os vídeos e o pijama está um espectáculo. O prato de hoje, uma delícia, acredito!!
Beijinhos e bom fim de semana,
Lia.
Olá Mena.
Aqui continua tudo bom, bonito e com uma dose de cultura impecável.
Quem dormir com esse pijaminha vai de certeza ter bons sonhos.
Jinhos e bom fim de semana prolongado (que já estávamos a precisar, com tantos feriados perdidos)
Armanda
olá, mena:)
gostei muito desta tshirt:)
continuação de boas pinturas:)
beijinhos e bom fim de semana
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