sábado, 6 de dezembro de 2008

Os Cavaleiros


Os Quatro Cavaleiros



Gil Vicente termina com uma cena apoteótica que constitui a moralidade do auto. Opõe os Cavaleiros que morreram a combater pela Fé aos que trabalhavam “pola vida transitória”.

O facto de terem morrido a combater os Mouros é o suficiente para alcançarem o Paraíso: “morremos nas Partes d’Além / e não queirais saber mais”, responde o 2º Cavaleiro ao Diabo quando este ousa interrogá-los. E o Anjo, ao declinar da cena, diz claramente: ”… quem morre em tal peleja / merece paz eternal”.

Os Cavaleiros surgem no cais a cantar. A canção dirige-se aos vivos e, mais especificamente, aos pecadores: Senhores que trabalhais / pola vida transitória”, “ Vigiai-vos, pecadores”.

A cantiga aconselha a acreditar no “temeroso cais”, isto é, no momento do julgamento final e da sentença, céu ou inferno. Relativamente aos pecadores diz “Vigiai-vos” porque poderão sofrer “Dolores”. Para evitar este sofrimento convida “à barca da vida”, ou seja, entrar na barca do Anjo, o que significa fazer o bem em vida. Assim o grande conselho é a prática do bem para evitar sofrimentos futuros.



Símbolos – a Cruz de Cristo, o escudo e a espada

Estes elementos simbolizam a defesa da Reconquista Cristã e da Expansão da Fé de Cristo, como forma de atingir a salvação divina.



Ausência de Intenção Crítica


Contrariamente à crítica presente nas outras cenas, nesta parte Gil Vicente exalta a luta contra os Mouros no Norte de África, em nome da difusão da fé Cristã.

A colocação da personagem colectiva – os Quatro Cavaleiros – no final da peça permite transformar a cena num final triunfante, reforçar a crença na salvação e incitar à fé em Deus. A salvação dos cavaleiros corresponde a uma alegoria religiosa, simboliza a salvação através da luta e morte em nome de Deus.

A concepção de salvação nesta obra corresponde ao espiritualismo, à despreocupação com os bens terrenos, por oposição à condenação através do materialismo – o apego aos bens materiais.



Moralidade da Peça

Gil Vicente era um poeta essencialmente cristão e as suas obras representam a visão da vida e da sociedade do seu tempo, através de olhos de artista cristão e moralista, que tem sempre presente a rápida caducidade das obras humanas, quanto é finita a vida terrena, quanto é frágil a argila humana, porque muito vivamente sente também a bem-aventurança da vida eterna, que os justos aguarda, e a cada passo vê sobre si postos e sobre esses que descuidosos se abandonam à vida pecadora os olhos omnividentes de Deus, que tudo devassam e inquirem.”

Fidelino de Figueiredo, História da Literatura Clássica




Na cantiga dos Cavaleiros está condensada a moralidade da peça, isto é, a vida terrena consiste numa preparação definitiva para a condenação ou para a salvação depois da morte.

Aqueles que vivem conscientes da transitoriedade da vida e da inevitabilidade da morte, que temem a condenação eterna e trabalham em nome de Deus, serão salvos. Assim, temos a preparação para a vida eterna como explicação para a vida terrena, segundo a ideologia católica.



A Reconquista e a Expansão da Fé Cristã


Expansão da Fé Cristã no Norte de África: ESPIRITO DE CRUZADA


“Foi este o grande meio de que a Igreja lançou mão para coadjuvar eficazmente os nossos reis, primeiro na luta contra os mouros do território metropolitano e depois nos Descobrimentos e conquistas. Com efeito, a concessão de abundantes graças e privilégios espirituais aos fiéis, que tomavam pessoalmente parte nessas empresas ou para elas contribuíam com subsídios, e a cedência de uma parte dos rendimentos eclesiásticos do Reino para as mesmas equipararem os nossos arrojados empreendimentos às cruzadas da Terra Santa. Contribuindo de modo eficaz para serem coroados de êxito. Deve, todavia, notar-se que os portugueses, do ponto de vista religioso, foram sempre tolerantes com os vencidos, ao contrário do que fizeram muitos cruzados estrangeiros, por exemplo, em Lisboa (1147 e 1190) e em Silves (1189).”


Dicionário de História de Portugal, dirigido por Joel Serrão




Saber mais


“ O espírito de cruzada servia, sem dúvida, os interesses do rei de Portugal, mas era também a representação colectiva e heróica de um recurso sem alternativa, que arrastava para a guerra uma grande parte da população e que não podia deixar de aparecer como justificação válida aos próprios interessados fossem eles capitães ou simples soldados.”




Ter dúvidas é saber…



- Ó professora, afinal é estória ou história?

- História, claro!



A palavra estória surgiu para distinguir a ficção de factos reais. Assim, vimos aparecer a estória da Carochinha. A razão do seu reaparecimento na nossa linguagem escrita ainda não reúne o consenso dos estudiosos destas questões da língua. Uns dizem tratar-se de uma influência do português do Brasil, outros pensam que é uma tentativa de copiar a distinção inglesa story/history. Independentemente do modo como apareceu, importa dizer que estória não consta dos dicionários de língua portuguesa.

Quanto a mim, parece-me que se trata de uma moda, pois não vejo a necessidade de usar uma outra palavra já que sempre distinguimos a história (factos ficcionais) da História (factos históricos). Assim sendo, por cá, e até me dizerem o contrário, vou continuar a falar da história da Carochinha e da História de Portugal. Já os nossos amigos do Brasil, alguns dirão, como até aqui, a estória da Carochinha e a história do Brasil. Alguns, porque:



Estória é um neologismo proposto por João Ribeiro (membro da Academia Brasileira de Letras) em 1919, para designar a narrativa popular, o conto tradicional, no fundo as “histórias da Carochinha”.

Alguns consideram o termo um arcaísmo, podendo ser encontrado em textos antigos, quando a grafia da palavra na língua portuguesa ainda não tinha sido consolidada.

O termo acabou por não ter uma aceitação generalizada, não figurando nos dicionários portugueses, aparecendo apenas em alguns brasileiros. Apesar de ser usada na linguagem coloquial, o termo nunca apareceu na norma culta.



Miminho


Este miminho foi-me oferecido por esta menina. Aqui fica para as amigas e amigos que o quiserem levar.





A Mena na cozinha

Carne de porco com castanhas e cogumelos

400 g de lombo de porco
sal
pimenta
cominhos em pó
4 dentes de alho
1 folha de louro
0,5 dl de vinho branco
1 cebola
azeite
400 g de castanhas congeladas
250 g de cogumelos pleurotos
1 tomate grande maduro
1 curgete grande
tomilho
salada
orégãos

Corte a carne em cubos e tempere-a com sal, pimenta e uma colher de chá de cominhos. Junte os alhos e a folha de louro, partida aos pedaços, e regue com o vinho.
Deixe marinar cerca de 1 hora.

Aloure a carne, escorrida, em quatro colheres de azeite.

Junte a cebola cortada em meias-luas. Tape o tacho e deixe suar, sobre lume brando, durante 5 minutos.

Adicione as castanhas, mexa e volte a tapar o tacho.

Acrescente os cogumelos previamente lavados e deixe cozinhar por mais 10 minutos.

Corte a curgete em pedaços e o tomate em cubos e adicione-os ao cozinhado, juntamente com o tomilho, regue com o líquido da marinada e tempere com sal e pimenta.

Deixe cozinhar, tapado, mais cerca de 20 minutos.

Acompanhe com salada a gosto.
Bom apetite!





Trabalhinhos:

Lençol bordado pela minha mãe. O desenho foi criado por mim.


Telinhas feitas pela M.

6 comentários:

Habiba disse...

ola querida... as tuas telas ficaram lindas
beijinho
Angela

mfc disse...

Isto está a ficar perigoso... e escolheste logo aqueles cogumelos de que mais gosto!

artes_romao disse...

Boa tarde,td bem?
as novidades estao fantasticas,parabens.
adorei tudo...
estou sempre a repetir-me, mas k vou fazer,lol...
fika bem,jinhos***

Dulce disse...

Olá Mena,
Tenho andado ausente por motivos óbvios, mas passei hoje para te desejar uma boa semana.
Beijinhos
Dulce

ÁNGELES disse...

Querida Mena, estoy como el buen hijo que vuelve a casa. Como siempre, las novedades en tu blog, son ¡BUENÍSIMAS!, las recetas de cocina, ¡HUM, para chuparse los dedos! y tus manualidades ¡HERMOSÍSIMAS!. Me he entretenido un buen rato, viendo todas las fotos del acto teatral que representaron, me pareció increíble y además excelente que la familia participe en estos actos. Todo muy bonito. Cariños.
Amiga, espero que tengas una ¡BELLÍSIMA SEMANA!
Ángeles Nessy

isabel tiago disse...

Eu de novo.

E eu que precisei desta receita das castanhas a semana passada. Segui as instruções so saco mas o seu menu ficou com excelente aspecto.