terça-feira, 5 de outubro de 2010

A única unidade



Não se perdeu nenhuma coisa em mim


Não se perdeu nenhuma coisa em mim.
Continuam as noites e os poentes
Que escorreram na casa e no jardim,
Continuam as vozes diferentes
Que intactas no meu ser estão suspensas.
Trago o terror e trago a claridade,
E através de todas as presenças
Caminho para a única unidade.

Sophia de Mello Breyner Andresen

O assunto deste poema é a persistência do passado na memória presente do sujeito poético e o caminhar para um momento culminante que seja a síntese do passado, do presente e do futuro, isto é, para a única unidade. O assunto desenvolve-se em três partes. A primeira parte (primeiro verso) enuncia na generalidade este facto: todo o passado está na memória do sujeito lírico; na segunda parte (do 2.º ao 6.º verso), justifica-se, concretizando, a afirmação enunciada no 1.º verso: na memória do sujeito poético estão as noites e os poentes, a casa e o jardim, as diferentes pessoas, o mal e o bem; na última parte (os dois últimos versos), o eu lírico, enriquecido pelo espólio do passado e do presente, caminha para a plena e única unidade, que se realiza no futuro.
De notar que o sujeito poético nos surge aqui como o centro, o pólo aglutinador, o pequeno cosmos, à volta do qual tudo se unificará: o físico, o moral, o passado, o presente e o futuro. Esta unificação é feita pela memória-imaginação, pela inteligência da poetisa.

O passado, o presente e o futuro estruturam o universo desta mensagem poética. O passado é a infância e juventude do sujeito lírico, simbolizada na casa e no jardim; o presente é o tempo da recordação, o tempo da elaboração da mensagem poética; o futuro, que só implicitamente está no poema (caminhando para a única unidade), é o tempo que resta ao sujeito poético para viver e para se realizar na unidade. A poetisa realiza aqui a concentração do tempo no presente: traz ao presente o passado e o futuro; o passado pela memória e o futuro pela imaginação.


A nível morfológico verifica-se a contraposição dos tempos pretérito e presente, que correspondem à oposição temporal passado-presente. Note-se que a maior parte das formas verbais se revestem do aspecto durativo, sugerindo a persistência, a continuidade das recordações do passado. Não só o presente é durativo (continuam, trago, caminho), mas até a forma do perfeito "escorreram", por se tratar de um verbo frequentativo, sugere a acção a decorrer.
Também neste poema se usam signos (nomes) de expressividade simbólica: noites, poentes, casa, jardim. A casa e o jardim simbolizam o espaço alegre da sua adolescência e juventude; as noites e os poentes (a escorrerem) simbolizam o fluir ininterrupto do tempo, quer no passado, quer no presente.
Atente-se na expressividade de três adjectivos ligados ao mesmo nome (vozes): diferentes, intactas, suspensas. As vozes diferentes (de diferentes pessoas) continuam intactas (imutáveis) na imaginação da poetisa e suspensas no seu ser, isto é, prontas para caminharem com ela para a unidade futura.

No aspecto sintáctico, predomina a coordenação, havendo apenas duas orações subordinadas relativas. O poema é constituído essencialmente por meia dúzia de frases declarativas, ligadas por coordenação, quase sempre assindética, e carregadas de sentidos conotativos que as tornam ambíguas e abertas a muitas leituras. O poema, sendo pequeno, torna-se maior na mensagem do que no tamanho.
No domínio semântico, além da expressividade dos verbos, nomes e adjectivos, já assinaladoa são importantes as metáforas contidas nas seguintes expressões: "as noites e os poentes escorreram"; "as vozes... intactas... suspensas"; "E através de todas as presenças / Caminho para a única unidade" (a frase mais plurisignificativa e ambígua do poema, deixando-o aberto a muitas interpretações). No sexto verso "Trago o terror e trago a claridade" verificam-se ao mesmo tempo a reiteração (trago... trago) e a antítese (terror-claridade). A expressividade deste verso é ainda realçada a nível fónico, como veremos adiante.
A nível formal, o poema é constituído por uma oitava, de versos decassílabos heróicos, com excepção do primeiro que é sáfico. O ritmo, ora binário, ora ternário, é repousado, o que está de acordo com o tom meditativo do poema.
A rima é sempre cruzada. Há casos de aliteração (versos 5.º e 6.º). Verifica-se também o encavalgamento (versos 7.º e 8.º).




A Mena na cozinha

Batido Pina colada virgem

1 ananás

200 ml de leite de coco

3 colheres de açúcar

gelo


Leve todos os ingredientes à máquina dos batidos e ...

Delicie-se!



Trabalhinho:



2 comentários:

Sonia Facion disse...

Oi Mena!!!!

Pelo que entendi, esse poema traz a realidade de todos nós, vivemos no presente com as memórias do passado.

lindo anel!!!!

Bjks


Sonia

APO (Bem-Trapilho) disse...

olá Mena, como estás?
que anel bonito este! adorei a pedra e o "ninho" à sua volta.
apetecível tb o batido.
bjokas e muito obrigada pela visita! volta sempre! já tenho mais novidades, desta vez são notícias da Palminha. :)