Pai, foste cavaleiro.
Hoje a vigília é nossa.
Dá-nos o exemplo inteiro
E a tua inteira força!
Hoje a vigília é nossa.
Dá-nos o exemplo inteiro
E a tua inteira força!
Dá, contra a hora em que, errada,
Novos infiéis vençam,
A bênção como espada,
A espada como benção!
Novos infiéis vençam,
A bênção como espada,
A espada como benção!
Breve comentário:
- O sujeito poético dirige-se ao rei D. Afonso Henriques, "Pai" (da nacionalidade) - apóstrofe - dizendo-lhe que foi cavaleiro, que lutou pela nacionalidade portuguesa e que "hoje a vigília é nossa", é a nossa vez de prosseguirmos a luta para um destino maior, por isso, o sujeito lírico pede ao rei que nos dê a sua "inteira força", o seu "exemplo inteiro".
- D. Afonso Henriques é equiparado a Deus, tendo como missão combater os infiéis.
- Atente-se no vocabulário de dimenão sagrada: “vigília”, “infiéis”, “bênção”.
- Note.se a referência ao aparecimento de Deus a D. Afonso Henriques na Batalha de Ourique.
- Fernando Pessoa confiava que o destino de Portugal ia ser esplendoroso e ao dizer no poema "hora errada" teme que a caminhada de Portugal para o seu destino sofra retrocessos.
- Os "novos infiéis" são as pessoas que, na opinião de Fernando Pessoa, criavam obstáculos, ou poderiam vir a criá-los, ao destino glorioso que ele sonhava para Portugal.
- Repetições de palavras "inteiro"/ "inteira", "espada", bênção".
- Apóstrofe, repetição, adjectivação, comparação...
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