Porreiro, pá
Eu sei que é importante. Ou melhor. Uma parte de mim acha que é importante. Melhor ainda. Parte de mim acha que deve ser importante embora, muito de mim, ache que não é. Este tratado de Lisboa não pode ter importância nenhuma para as centenas de pessoas da Quimonda que já não havia há anos mas que ninguém queria ver que já lá não estava. O que quer que tenha sido rubricado em Lisboa nada significa para as centenas da Lear que vão juntar-se às centenas da Quimonda e da Delphi e da Aerosoles e da Opel e da Leoni e para as centenas de milhar que trabalhavam em coisas que estão desaparecer sem deixar sequer um nome a recordar promessas passadas do ontem que dor deixou e não deixou mais nada. Só que, contrariamente a mim, essas centenas de milhar já não hesitam. Não concedem benefícios de dúvida. Têm a certeza que o que foi assinado em Lisboa nada tem a ver com esta Segunda-feira com as crianças a ir para a escola: "Bebe o leite a meio da manhã filha.". "Bebe o leite a meio da manhã filho.". "Come tudo ao lanche porque senão ficas com fome durante o resto do dia.". E o resto da noite. "Come tudo, filho", que a mãe hoje vai ao Banco Alimentar. E amanhã é já outro dia. "Tenho aqui um curso de jardineiro. Para estofadores não há nada. Nem para torneiros. Nem para escriturários. Assine aqui por favor." Não. De facto a assinatura de Lisboa não lhes pode dizer nada. E só com muito esforço é que vale alguma coisa para mim. Um esforço feito de infinitas cumplicidades em que eu (já só pode ser por desleixo) finjo acreditar que é justo gastar um milhão de Euros numa tenda de plástico e em luzes e em fogo de artifício para secar a chuva da noite de um Domingo de plástico para me convencerem de que a Europa vai bem e fazer-me esquecer que nas Segundas-feiras a seguir há centros de saúde com gente cheia de dores de dentes, mesmo sabendo que lá não se trata dos dentes, mesmo sabendo que se tem setenta pessoas à frente e se vai ficar no corredor de pé à espera, com frio e com calor, e com dores de dentes. E que agora se vai nascer a Espanha porque é melhor. É um esforço de desmazelo espiritual, acreditar que na tenda electrónica de Domingo, depois de um qualquer pacto monstruoso, o projecto Europeu está vibrante e pujante e importante quando a chuva que anuncia todos os invernos que aí vêm continua cair e só não encharca as comitivas que vêm a Lisboa de jacto executivo porque o plástico da barraca nacional cobre tudo até à passadeira vermelha feita na China onde param as altas cilindradas alemãs feitas no Leste por gentes sem serviço nacional de saúde. E há cada vez mais polícia cá fora. Depois fica relva pisada e lama no chão. É o que sobra levantada a tenda e o circo. E sem bom senso e pudor, não sobra nada a não ser um décimo de Portugal que vai na Segunda-feira aos centros de desemprego, ao leite gratuito da escola, ao Banco Alimentar e aos outros sítios onde é difícil acreditar no que quer que seja. Porque não faz sentido acreditar. Não é real. Não há realidade na Presidência transferida para um hotel de luxo no Estoril para fingir, não se sabe bem o quê, durante três dias de imitação de preocupações democráticas globais num vamos-brincar-às-super-potências. Nem há realidade na barraca do tratado das ilusões plásticas e ópticas e electrónicas onde se finge que se governa, que se preside, que se é relevante. Quando não se é. A realidade está na fila do desemprego. O Fundo Monetário Internacional sabe disso.
Mário Crespo
Trabalhito:
A Mena na cozinha
Cheesecake agelatinado
4 dl + 3 dl de água a ferver
Framboesas, mirtilos, groselhas
200 g de queijo creme
coco ralado
Faça a outra saqueta de gelatina com 3 dl de água a ferver. À parte, bata o queijo e misture-lhe a gelatina aos poucos, misturando bem.
Deite por cima do preparado anterior e leve de novo ao frigorífico.
Desenforme e enfeite com coco ralado.
Delicie-se!
Aqui fica a receita azul para o desafio da Mary.
12 comentários:
Mena,
Ficou lindo esse trabalho na gola da blusa. Acho maravilhoso quem tem esse dom, eu não tenho...
Beijo imenso, menina linda.
Que seu final de semana seja de luz.
Rebeca
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Minha amiga, a sugestão azul ´super original! Ficou lindíssimo este cheesecake agelatinado, nem sabia que existia gelatina azul!:)
Adorei, é uma sobremesa bem ao meu gosto, simples, leve frutos que adoro! Happy blue day*****:)
Olá
Subscrevo totalmente Mário Crespo.
Recordei Maria Guinot saboreando uma bela fatia de cheesecake.
Bjs e bom fim de semana.
Lisa
Parabéns a tua sugestão para o dia azul é excelente, ficou lindooooo.
bjsssss
Mena! Está sensacional!! As frutas na gelatina azul ficaram uma ode ao azul. Amei.
Verdadeiramente fabuloso. Lindo e super original. Parabéns pela participação e pelo blogue que não conhecia.
Absolutamente fabuloso delicioso.
Excelentes fotos.
Parabéns pela participação x
mena ficou lindo,boa participação,jinhoss
Que sobremesa tão bonita... tão azul...
Deve ser uma delícia e é visualmente fantástica... come-se com os olhos...
Adorei.
Bom domingo azul!
Bjs
Não me lembrei da gelatina azul. Você a empregou muito bem com as frutas. A forma ajudou a dar um visual bacana.
Parabéns pela participação.
Bjs.
Olá amiga.
Vim desejar-te uma semana maravilhosa.
Jinhos grandes♥
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Lindo e perfeito! Parabéns!
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