sábado, 5 de junho de 2010

O sonho comanda a vida


Este painel totalmente embandeirado foi concebido para assinalar o Dia da Europa.

O historiador grego Heródoto afirmou, na antiguidade, que o mundo tinha sido dividido por pessoas desconhecidas em três continentes: a Europa, a Ásia e a Líbia (África), com o Nilo e o rio Phasis (rio Rionio, o maior rio da parte ocidental da Geórgia) a delimitar as suas fronteiras, embora também houvesse quem considerasse que era o rio Don (um dos maiores rios da Rússia) que fazia fronteira entre Europa e Ásia e não o rio Phasis. Flavius Josephus e o Livro dos Jubileus (texto que relata a história da criação do mundo) descrevem os continentes como as terras dadas por Noé aos seus três filhos, sendo a Europa definida entre as Colunas de Hércules (promontórios que existem à entrada do estreito de Gibraltar, um em África (o monte Hacho ) e outro na Europa (o rochedo de Gibraltar), no Estreito de Gibraltar, separando-a da África, e o rio Don, separando-a da Ásia.

A Visão Junior veio à escola e os alunos fizeram uma série de perguntas bem pertinentes à jornalista. Foi uma conversa animada. Foi feita a apresentação da revista, foi dito mais do que uma vez que "Ler é bom". Alguns concordaram plenamente, outros mostraram-se pouco convencidos, mas iriam tentar ler mais e houve também quem achasse "...essa coisa de ler uma valente chatice." Nós, por cá, continuamos a incentivar a leitura e já só falta fazermos o pino, porque malabarismos para os levar ao encontro dos livros já nós fazemos.


Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso,
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos,
que em oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.


Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho alacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que foça através de tudo
num perpétuo movimento.


Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara graga, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, paço de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão de átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.


Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão

Este poema é composto por quatro estrofes: a primeira com doze versos, a segunda com seis (sextilha), a terceira possui 24 versos e a quarta apresenta seis versos (sextilha). A maior parte dos versos possuem sete sílabas métricas (heptassílabo ou redondilha maior).

As rimas são cruzadas, emparelhadas e interpoladas.

O tema do poema é o sonho, e pode ser dividido em duas partes lógicas:

- A primeira parte é constituída pelas primeiras três estrofes, em que o sonho é comparado a elementos que temos na natureza (pedra, ribeiro, pinheiros, aves, alimentos, animais…); a elementos artísticos e arquitectónicos; a elementos relacionados com a ciência; à expansão marítima e às suas descobertas e às invenções.

-A segunda parte corresponde à última estrofe, em que o sujeito poético conclui que o sonho comanda a vida, como diz o texto, e que faz avançar e evoluir o Mundo.

O sonho, neste poema, é entendido como a mola do progresso e da evolução do ser humano, o sonho é o elemento que leva o Homem a fazer avançar o Mundo e a superar-se continuamente. O sonho “é uma constante da vida”, sem ele, segundo Fernando Pessoa, o Homem é somente um “cadáver adiado que procria” (D. Sebastião, in Mensagem).
O título do poema – Pedra Filosofal – remete para a alquimia (uma substância que, segundo a lenda, se adicionava aos metais pobres para se transformarem em ouro). Assim, este título, associa o sonho humano à magia dos alquimistas, sugerindo que o sonho, qual pedra filosofal, transforma em ouro as fraquezas e as pequenas ambições humanas.
O sonho faz parte da vida dos seres humanos, é tão frequente, concreto e definido como uma pedra, um ribeiro, os pinheiros, as aves... fazem parte da Natureza. Estas comparações que surgem no início do texto sugerem que o sonho é uma coisa simples, mas, ao mesmo tempo, complexa, porque é muito difícil de definir; apontam ainda o quanto os sonhos são abstractos e subjectivos, podendo, no entanto ser transformados em algo tão concreto e definido como outra coisa qualquer.
Os sonhos podem ser “mansos” ou “sobressaltados”; estão relacionados com algo grandioso e envolvidos pela ideia da esperança constante presente na expressão “pinheiros altos”: a cor verde dos pinheiros, símbolo de esperança, poderá remeter para a eterna “juventude” ou para a renovação constante do sonho (atingido um sonho, o Homem não deve parar de sonhar, há que procurar outro sonho para concretizar), a perenidade das folhas dos pinheiros representam a importância de se ter sempre um sonho (“o sonho / é uma constante da vida”); a altura sugere a liberdade desse ideal, não há limites para o sonho, assim como o céu por onde voam as aves não apresenta limites). Os sonhos são igualmente comparados a um “bichinho (…) sedento” (metáfora) cujo focinho pontiagudo permite penetrar nos “locais” mais recônditos para satisfazer as suas necessidades, o bichinho procura água, pois tem sede, o Homem deve perseguir os seus sonhos, deve procurá-los estejam eles onde estiverem como se deles dependesse a sua sobrevivência.
O sonho faz evoluir, leva o Homem a progredir nas diversas áreas: a Arte (a pintura, a arquitectura, a música, o teatro, a dança); a Técnica e a Tecnologia (a cisão do átomo, o radar, o foguetão…); a Geografia e a História, a Indústria… Em relação aos portugueses, o sujeito poético refere os Descobrimentos, que permitiram que um pequeno povo, avançasse “por mares nunca dantes navegados”, em pequenas naus, em perseguição do seu sonho. Este povo corajoso e aventureiro revelou novas terras, novos povos, novas civilizações ao Mundo, demonstrando coragem e espírito de aventura. “Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce, o Homem sonhou que existiam outros mundos para além do que era conhecido e sonhou que os poderia descobrir e, através da força imparável do sonho, a obra nasceu, abriram-se novos horizontes e surgiram ante os olhos de todos novos mundos, os continentes antes separados pelos Oceanos uniram-se e a terra surgiu toda, una.
Sempre que o Homem sonha, supera-se e consegue sempre atingir algo melhor do que aquilo que conhece, o sujeito poético crítica todos aqueles que não sonham, pois não sabem que o sonho comanda a vida. Sem sonho a vida não tem sentido, porque “o sonho comanda a vida”.



Numa tentativa de definir o sonho, este poema promove a sua aproximação ou mesmo identificação com diversos referentes. Para isso, serve-se preferencialmente de duas figuras de estilo:
- "[o sonho] é Cabo da Boa Esperança": Metáfora
- "como este ribeiro manso" - comparação
- "o sonho/é vinho, é espuma, é fermento": metáfora
- "como estes pinheiros altos": comparação

O efeito de analogia do poema é conseguido através da metáfora, que promove uma identificação entre termos diferentes, a partir do uso do verbo ser ("O sonho é..."), e da comparação, que promove uma associação de dois termos.

Todo o poema de uma forma geral, e em concreto a terceira estrofe, assenta na enumeração de uma gama de vocábulos das mais variadas áreas de saber que, segundo o sujeito poético, são coincidentes com o sonho. Esta referência a uma multiplicidade de nomes confere ao poema muita musicalidade e ritmo.
A anáfora existente nas três primeiras estrofes do poema ("Eles não sabem que o sonho") indica a referência a um destinatário do discurso poético (eles) e introduz uma oração integrante.
A estrutura estrófica livre de normas mostra que estamos perante um poema do século XX.





Trabalhinho: embalagem reciclada


A Mena na cozinha

Estufado simples

1,5 kg de carne de vaca ou de porco
sal
pimenta
1 malagueta grande
100 g de toucinho entremeado
1 cebola
3 dl de caldo de carne
cravinho

Tempere a carne com sal e pimenta e reserve.
Derreta o toucinho numa frigideira e nessa gordura aloure a carne dos dois lados.

Quando estiver douradinha, coloque-a na panela de pressão.

Junte-lhe uma cebola com três cravinhos espetados e o caldo de carne. Feche a panela e deixe cozinhar.

Sirva com batatas fritas e salada.
Bom apetite!

3 comentários:

Mona Lisa disse...

Olá Mena

A Pedra Filosofal um poema cantado que adoro.

Cheguei tarde...já não jantei.

Bjs.

Sonia Facion disse...

Oi Mena!!!!!!

Interessante, pois creio que muitos poemas poderiam ser cantados, pois as letras são lindas.

Boa semana

Sonia

Gabriel silvestre disse...

Estas imformacoes vao me ajudar muito,obrigado.