Leandro, rei da Helíria
O título do texto dramático «Leandro, rei da Helíria» cria a expectativa de a história ser sobre... uma personagem principal, chamada... Leandro (o nome surge em primeiro lugar) e que é... rei de uma terra chamada... Helíria.
Portanto, uma personagem masculina e o seu poder sobre um certo território serão provavelmente aspectos importantes: «Deste o reino, deste o manto, / deste o ceptro, deste a coroa / às filhas do teu encanto [...]» (p. 69). Como sabemos, trata-se de uma herança e uma questão de poder: Quem sucederá a Leandro no seu trono? Quem reinará em Helíria?
Estrutura externa da peça.
A peça divide-se em dois actos (quando o cenário muda, assistimos então ao 2.º acto); cada acto tem onze cenas (sempre que uma personagem sai ou entra em cena/palco muda-se de cena).
O texto principal é constituído pelas falas das personagens. O modo de expressão dominante é o diálogo - por exemplo:
PRÍNCIPE FELIZARDO: E o que é que a gente faz com um coração?
PRÍNCIPE SIMPLÍCIO: Tiraste-me as palavras da boca!
O texto secundário é constituído pelas indicações do autor a que damos o nome de didascálicas e são destinadas aos actores e a todos os técnicos que contribuem para a encenação da peça. Essas indicações cénicas surgem entre parênteses e em itálico – vejamos vários exemplos:
Elementos envolvidos na representação do texto
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Didascálicas
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Cenógrafo
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(No jardim do palácio real de Helíria. Rei Leandro passeia com o Bobo)
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Aderecista
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(Preparativos para a festa, os criados passam com grandes travessas, cestos, barris, etc. ... Cantam) (p. 39)
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Luminotécnico
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(Aqui a cena fica suspensa, e a luz centra-se apenas no bobo, que fala para os espectadores na plateia) (p. 14)
(A luz regressa à gruta) (p. 79)
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Sonoplasta
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(Tocam as trombetas) (p. 29)
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Actores
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(Simplício encolhe os ombros); (Simplício diz que não com a cabeça, o outro fica mais sossegado) (p. 55)
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Estrutura interna da peça.
- exposição (introdução) - 1.º acto: cenas I a VI
- conflito (desenvolvimento) - 1.º acto: cena VII até 2.º acto: cena VIII
- desenlace (conclusão) - 2.º acto: cena IX até cena XI
Caracterização das personagens
O rei Leandro- É rei do reino de Helíria.
- Sente-se velho de mais para continuar a reinar.
- Está atormentado com um sonho que interpreta como sendo uma mensagem dos deuses.
- Tem no Bobo um amigo, mas não lhe dá o devido valor.
- O seu maior tesouro são as filhas, principalmente a mais nova, Violeta.
- É impulsivo ao questionar as filhas e a julgar as suas respostas: demonstra ser cruel com Violeta por esta o desapontar com a sua medida de amor.
O Bobo- É uma personagem divertida que dá humor à acção.
- Ao longo da peça, para além da sua função cómica, o Bobo assume também o papel de comentador e de crítico (por vezes, é irónico e muitas vezes os seus apartes expõem ou dão a conhecer melhor as pessoas que rodeiam o rei).
- Revela ser inteligente e ponderado.
- Apercebe-se bem do carácter das princesas.
- Não abandona o Rei apesar da sua desgraça e é ele quem, anos mais tarde, o guia até Violeta.
- Estabelece uma relação forte com o público através dos apartes e monólogos proferidos.
Amarílis- É uma princesa, a filha mais velha do rei Leandro da Helíria.
- De acordo com a simbologia do seu nome de flor, a traição, diz o povo que é uma mulher artificiosa, enganadora e interesseira.
- Não se preocupa com a superficialidade do noivo.
- É falsa, ingrata e oportunista: na primeira oportunidade expulsa o próprio pai do seu reino.
Hortênsia- É uma princesa, a filha do meio do rei Leandro.
- De acordo com a simbologia do seu nome de flor, a vaidade, diz o povo que as Hortênsias são mulheres caprichosas e inconstantes.
- É falsa e interesseira, como a irmã mais velha: também ela não se sente culpada ou com remorsos por expulsar o pai do seu reino.
- Não se incomoda com a falta de personalidade do noivo.
- Entra em competição com a irmã Amarílis.
Violeta- É uma princesa, a filha mais nova do rei Leandro da Helíria e a sua preferida.
- É uma filha preocupada, amorosa e bondosa: preocupa-se com o bem-estar do pai e de todos. Simbolicamente a Violeta representa a modéstia. De facto, é a simplicidade de Violeta que vai provocar a ira do pai e a sua expulsão de casa.
- Sente um amor verdadeiro e desinteressado pelo príncipe Reginaldo.
- Apesar de ter sido incompreendida e expulsa do reino pelo pai, não lhe guarda rancor e perdoa-lhe todo o mal que lhe fez.
O Príncipe Felizardo- É o pretendente e futuro marido de Amarílis.
- Novo-rico e muito materialista – acha que o valor das pessoas se mede por aquilo que elas possuem –, é vaidoso, convencido, altivo, grosseiro, gabarola.
- Sendo também interesseiro, não espanta que não dê importância ao amor no casamento entre duas pessoas.
- Desculpa as suas atitudes com as ordens de Amarílis.
O Príncipe Simplício- É o pretendente e futuro marido de Hortênsia.
- Vive na sombra de Felizardo, apoiando-o incondicionalmente, e revela uma fraca personalidade.
- Tem um vocabulário reduzido e por isso apenas profere, ao longo de toda a peça, uma única frase: «Tiraste-me as palavras da boca.».
Príncipe Reginaldo- É o pretendente e futuro marido de Violeta.
- Ama-a verdadeiramente e sente-se feliz por ser correspondido por Violeta.
- Enfrenta o rei quando este expulsa do reino a filha mais nova, Violeta.
- É terno, apaixonado, bondoso e generoso, e apoia Violeta nas suas decisões.
Pastor, Godofredo Segismundo- É perspicaz e detentor de sabedoria popular.
- É uma pessoa feliz na sua humildade e no seu casamento com Briolanja.
- Encaminha o rei para o palácio de Violeta, permitindo um final feliz.
http://licoespraticas.blogspot.pt/2015/05/sobre-leandro-rei-da-heliria-1991-de.html
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