sábado, 21 de junho de 2008

"Um livro lembra um cofre encantado"


Livraria Martins Fontes em Caldas da Rainha


Que tal conhecermos o poeta que deu nome ao excelente espaço cultural, livraria e editora.

José Martins Fontes, um poeta brasileiro, nascido em Santos, em 23 de Junho de 1884, foi um grande humanista. Como médico, notabilizou-se como conferencista e foi fisiologista da Santa Casa de Misericórdia de Santos. A partir de 1924 tornou-se correspondente da Academia de Ciências de Lisboa. Morreu em 25 de Junho de 1937, em Santos, onde está sepultado no Cemitério de Paquetá.
Conhecido carinhosamente pela população de Santos como Zezinho Fontes, Martins Fontes começou a escrever muito cedo e, aos oito anos de idade, viu os seus versos publicados em um jornal manuscrito, chamado A Metralhadora.
Possuidor de uma delicada sensibilidade e de uma esmerada educação, sabia fazer de cada pessoa que encontrasse um admirador das suas qualidades de poeta, médico e ser humano.
Martins Fontes estudou nos melhores colégios de Santos e Jacareí, antes de transferir-se para o Rio de Janeiro, onde se doutorou em Medicina, em 1906. Em 1910, foi auxiliar de Oswaldo Cruz na campanha de saneamento do Rio de Janeiro. Em 1914, mudou-se para Paris (França) e lá fundou, com Olavo Bilac, uma Agência Americana para serviços de propaganda dos produtos brasileiros na Europa e em outros países.
Boémio e irrequieto, poeta admirável, foi amigo de Olavo Bilac, Coelho Neto e Emílio de Menezes. Morava na Pensão da Conceição, no Catete. Diplomou-se em 1907, tendo sido orador da turma.
A sua tese, defendida em 1908 - "Da imitação em síntese", foi um sucesso de bilheteira, tal o número de amigos e colegas que afluíram ao local de arguição.
Diplomado, foi para o Acre, onde ficou pouco tempo.
Em 1911, voltou para a sua amada terra natal, trabalhando na Santa Casa. De simpatia irradiante, estava sempre rodeado pelos seus colegas, pois a prosa do poeta era sempre muito disputada. Paulo Fraletti (1966) em "Vocação Hipocrática" conta-nos que, um dia, o surpreenderam no pátio da Santa Casa de Santos, cercado de mulheres magras e doentes, apertando no peito seus filhos esfarrapados e famintos. Mulheres que iam buscar leite, pago com a exibição da miséria em que viviam os seus rebentos. Leite que, pouco, não chegava para todos. E, Martins Fontes nervoso, colérico, apopléctico, de braços abertos para o céu, exclamava:
"Deus! Ó Deus! Se existis, porque ao me fazerdes médico e poeta, duas inutilidades absolutas, não me fizestes uma vaca holandesa e de úberes fartos".
Martins Fontes cantou em versos a riqueza das flores, da fauna, dos mares, dos rios e das mulheres do Brasil. Como poucos, soube cantar a sua terra natal, transformando-a em tema do lirismo e de saudade.

Vivi nessas praias
Espero que, um dia
Aqui me sepultem, me deixem ficar
Exposto, desnudo, como eu bem queria,
Num seio de areia, defronte do mar.


INTROIBO AD ALTARE

O livro para mim lembra um cofre encantado,
Relicário oriental do esoterismo antigo.
Supersticiosamente, ao senti-lo a meu lado,
Sob a sua atracção, conjecturo, investigo!

Um livro aberto é como um anjo iluminado,
De asas espalmas e que, em êxtase, bendigo!
Quantas vezes, orando, eu lhe tenho chamado
— Meu Pai e meu Irmão, meu Mestre e meu Amigo!

O livro, belo e bom, desde a essência ao formato,
Deverá sempre dar, aos olhos como ao tacto,
O prazer que produz a impressão de um primor.

Tendo-o louvado assim, ao fechar do soneto,
Peço que ele também, como aconselha Hamleto,
Seja sempre uma jóia e nos fale de amor.

Como é bom ser bom!

Tu, que vês tudo pelo coração,
Que perdoas e esqueces facilmente,

E és, para todos, sempre complacente,

Bendito sejas, venturoso irmão.

Possuis a graça como inspiração

Amas, divides, dás, vives contente,

E a bondade que espalhas, não se sente,

Tão natural é a tua compaixão.

Como o pássaro tem maviosidade,

Tua voz, a cantar, no mesmo tom,

Alivia, consola e persuade.

E assim, tal qual a flor contém o dom.

De concentrar no aroma a suavidade,

Da mesma forma, tu nasceste bom.


Soneto

Se eu fosse Deus seria a vida um sonho,

Nossa existência um júbilo perene!
Nenhum pesar que o espírito envenene
Empanaria a luz do céu risonho!

Não haveria mais: o adeus solene,
A vingança, a maldade, o ódio medonho,
E o maior mal, que a todos anteponho,
A sede, a fome da cobiça infrene!

Eu exterminaria a enfermidade,
Todas as dores da senilidade,
E os pecados mortais seriam dez...

A criação inteira alteraria,
Porém, se eu fosse Deus, te deixaria
Exactamente a mesma que tu és!


Minha Mãe

Beijo-te a mão, que sobre mim se espalma
Para me abençoar e proteger,
Teu puro amor o coração me acalma;
Provo a doçura do teu bem-querer.

Porque a mão te beijei, a minha palma
Olho, analiso, linha a linha, a ver
Se em mim descubro um traço de tua alma,
Se existe em mim a graça do teu ser.

E o M, gravado sobre a mão aberta,
Pela sua clareza, me desperta
Um grato enlevo, que jamais senti:

Quer dizer — Mãe! Este M tão perfeito,
E, com certeza, em minha mão foi feito
Para, quando eu for bom, pensar em ti.

Martins Fontes

Foi na Martins Fontes – espaço cultural, livraria e editora que tivemos um encontro com a escritora Alice Vieira.






Alice Vieira nasceu em 1943 em Lisboa. É licenciada em Germânicas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Em 1958 iniciou a sua colaboração no Suplemento Juvenil do Diário de Lisboa e a partir de 1969 dedicou-se ao jornalismo profissional. Desde 1979 tem vindo a publicar regularmente livros tendo, actualmente editados na Caminho, cerca de três dezenas de títulos.
Recebeu em 1979, o Prémio de Literatura Infantil Ano Internacional da Criança com Rosa, Minha Irmã Rosa e, em 1983 com Este Rei que Eu Escolhi, o Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura Infantil e em 1994 o Grande Prémio Gulbenkian, pelo conjunto da sua obra. Recentemente foi indicada pela Secção Portuguesa do IBBY (International Board on Books for Young People) como candidata portuguesa ao Prémio Hans Christian Andersen. Trata-se do mais importante prémio internacional no campo da literatura para crianças e jovens, atribuído a um autor vivo pelo conjunto da sua obra.
Alice Vieira é hoje uma das mais importantes escritoras portuguesas para jovens, tendo ganho grande projecção nacional e internacional. Várias das suas obras foram editadas no estrangeiro.

O livro que a minha filhota escolheu para ler nas férias:


Chocolate à Chuva

Em "Chocolate à Chuva" (terceiro volume da trilogia que começa com "Rosa, Minha Irmã Rosa" e prossegue com "Lote 12, 2.º Frente"), Mariana é confrontada, entre outros problemas, com um bem difícil: o divórcio. Os pais da Rita, sua amiga de sempre, tomam essa decisão. É a ruptura. É o fim da "casa da Rita", é o "tremer" das coisas sólidas. Mariana vai entrar no emaranhado dos "quês" e "porquês" e vai sentir-se impotente para ajudar a Rita. Mas "Chocolate à Chuva" é também uma maneira fascinante de acompanhar o crescimento de uma adolescente atenta não só ao que se passa em redor dela, mas também à sua própria evolução.


A escritora a autografar o livro.

Rosa, Minha Irmã Rosa

Mariana é filha única e tem dez anos, quando Rosa nasce. Agora vai partilhar tudo com a irmã: o quarto, o tempo dos pais, o afecto da família — incluindo a Avó Elisa que desconfia do progresso e a Tia Magda que tem um dente de ouro. Pelo menos, a recordação da Avó Lídia e a amizade de Rita, a Mariana não quer dividir com ninguém. Será que Rosa vai continuar a ser «uma intrusa»?

Lote 12, 2.º Frente

Primeiro é a barafunda da mudança, as coisas não se encontram, os trapos velhos que não há, os cheiros que são diferentes. Mariana e Rosa mudaram de casa e agora têm de se adaptar não apenas à casa nova mas também a vizinhos novos, à escola nova, a colegas novos, a lojas novas e a novos hábitos. E nesse primeiro ano na casa nova, muita coisa acontece. Até o corpo de Mariana fica diferente: «a minha filha amadureceu», diz-lhe a mãe num dia muito especial.

Depois de alimentarmos o espírito...

Feijoada de polvo

1 polvo com cerca de 1,5 kg
500g de feijão manteiga demolhado
2 cebolas
4 dentes de alho
2dl de azeite
2 cenouras
1 folha de louro
1dl de vinho branco
1 malagueta grande
sal
1 ramo de salsa

Lave muito bem o polvo e coloque-o na panela de pressão. Cubra-o com água, coloque meia cebola com casca e sal na panela e leve-a ao lume. Assim que levantar fervura, deixe cozer durante 35 minutos.
Coza o feijão, juntamente com a outra metade da cebola e com 1dl de azeite, cerca de 50 minutos.

Entretanto, descasque a outra cebola e os dentes de alho e refogue-os no restante azeite. Adicione as cenouras e a malagueta às rodelas, a folha de louro e o vinho. Deixe cozer lentamente, mexendo ocasionalmente.

Acrescente o feijão cozido e cerca de 3dl da água da cozedura do mesmo. Tempere com sal e polvilhe com o raminho de salsa picado.
Coza em lume brando, por mais 15 minutos.

Envolva o polvo cortado aos pedaços, rectifique os temperos e sirva de seguida, decorado com raminhos de salsa fresca.

Dicas: se preferir pode usar pimenta em vez de malagueta.
Para que a feijoada fique com um sabor mais apurado, pode juntar ao refogado 100g de bacon picado.

Prémios

Recebi estes prémios desta menina. Obrigada, amiga!



Aqui ficam para quem os quiser carregar consigo.

Hum que cheirinho!







11 comentários:

maiu :) manchinha da vaca disse...

Olá Mena querida,
que post mais encantador de se ler!
Parabéns!
E sua filhota linda!!!
A feijoada deve ser uma delicia mesmo!!! Ainda mais neste friozinho que ta por aqui!
Os sabonetes adorei!!! Aposto que todos adoraram também né, além de cheirosos, são lindos!!!
Beijinhos querida, ótima semana ;)

artes_romao disse...

Boa tarde,td bem?
venho agradecer a visita...
hoje a inspiraçao levou-te p a literatura,lol...
gostei muito deste post tambem, tem sonetos fantásticos...
continuas de parabens p mim:P
a feijoada nem digo nada, ta apetitosa é o k me resta dizer,hehhe...
cont.bom domingo.
fika bem,jinhos***

ÁNGELES disse...

Hola Mena.
Disculpa, como no entiendo nada de portugués,pensé que eras de Brasil como Sonia y Nile. Con calmita,cuando pueda revisaré los nuevos blogs que he agregado, desde la primera entrada, para conocer un poco más de ustedes. Imagino que esas poesías que colocaste son bellísimas, mañana inicio un curso de portugués, espero que no sea mucha la diferencia entre el de Brasil y Portugal, para poder disfrutar a plenitud de sus blogs. Cariños.
Ángeles Nessy

mafgonbot@gmail.com disse...

Olá Mena,

mais um post excelente!!!
Que rica receita....até dá vontade de comer.
Os sabonetes ficaram muito giros!!
Boa semana
Bjs
Mafalda

Mónica disse...

Olá Mena...sabes a minha avó também é Filomena e é por Mena que a tratamos...ela já foi internada outra vez...senti um alivio ao vê-la deitada em casa na caminha no sabado e ver a carinha dela quando viu o bisneto e quando recebeu a beijoquinha que ele lhe deu...mas no Domingo voltou a ser internada!!
Qunato ao livro "O Diario da Nossa Paixão" ainda não li..mas já sei que o vou comprar quando for de férias!!
Obrigada pelas palavras e por todo carinho beijoquinhas e uma boa semaninha!!

Chocolate disse...

Olá!
Adorei o sabonete da kitty!
beijinhos e boa semana!

Bijuterias D'encantar disse...

Olá linda!!
Adoro os teus posts... estão sempre cheios de coisas bonitas e interessantes! :)
Parabéns

Beijinhos e boa semana

Daniela Tavares disse...

Oi!!

Oh! Eu adoro poesia... Acho que é uma maneira de libertarmo-nos para um mero pedaço de papel.

Passei aqui a desejar uma boa semana, mas aproveito também e digo que adorei os sabonetinhos...

O mesmo não posso dizer da receita: eu DETESTO feijão!! Mas deve ter ficado muito boa na mesma!!

Beijinhos!

='}

Unknown disse...

Olá Mena,
Como sempre, este cantinho é uma fonte de cultura e sabedoria. Adorei os poemas, adorei conhecer os escritores que nos apresentas e adorei as fotos e o espaço. Quanto aos sabonetes, estão o máximo de lindos e a feijoada de polvo...
Bom, acho que me vou embora, pois já fiquei com apetites fora de horas...
Beijinhos grandes e boa semana,
Lia.

Anjo Negro disse...

ola minha querida mena

como estás?

olha um post para uma viciada em livros =) pena e não ter mais tempo para ler... parabéns pelo post, pela poesia =) que está linda

bjs da lili

boa semana

D. disse...

Olá professora!
Adorei o seu post, adoro passar por aqui... O meu blog também tem coisinhas novas. Passe por lá e diga qualquer coisa!

Beijinho grande,
Diana.