O menino da sua mãe
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
- Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece
Raia-lhe a farda o sangue
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos
Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve
Dera-lhe a mão. Está inteira
É boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo, e bem!"
(Malhas que o Império tece")
Jaz morto, e apodrece,
O menino de sua mãe.
Fernando Pessoa
Este poema constituído por seis estrofes de cinco versos (quintilhas), de versos regulares de seis sílabas (hexassílabos) e rimados (abaab). Trata-se de um poema de base narrativa, com narrador - o sujeito poético; narração de uma história; acção - a morte na guerra; personagens; espaço - plaino abandonado / lá longe, em casa; e tempo - passado. O narrador é subjectivo, emite juízos de valor sobre o que conta e até sobre os motivos desta morte prematura.
Nas duas primeiras estrofes, conta-se a situação vivida pela personagem principal e também se faz o seu retrato no momento actual.
Nas estrofes seguintes, predomina a emoção, o discurso valorativo. O jovem, cuja juventude e perda dela são referidas em frases exclamativas, que já não tem idade (como se refere entre parênteses - discurso parentético) é, afinal, "filho único", cujo nome é, por vontade materna, O menino da sua mãe - é um menino-símbolo de uma mãe-símbolo e ambos personagens colectivas. Na quarta e quinta estrofes volta-se à descrição e à emoção: a cigarreira breve, símbolo do que não morre, do que fica de uma vida, essa sim breve; o lenço bordado dado pela criada velha/que o trouxe ao colo.
Nas duas primeiras estrofes, conta-se a situação vivida pela personagem principal e também se faz o seu retrato no momento actual.
Nas estrofes seguintes, predomina a emoção, o discurso valorativo. O jovem, cuja juventude e perda dela são referidas em frases exclamativas, que já não tem idade (como se refere entre parênteses - discurso parentético) é, afinal, "filho único", cujo nome é, por vontade materna, O menino da sua mãe - é um menino-símbolo de uma mãe-símbolo e ambos personagens colectivas. Na quarta e quinta estrofes volta-se à descrição e à emoção: a cigarreira breve, símbolo do que não morre, do que fica de uma vida, essa sim breve; o lenço bordado dado pela criada velha/que o trouxe ao colo.
A última quintilha lança um olhar sobre o espaço familiar: "Lá longe, em casa, há uma prece:/Que volte cedo e bem!" Mas a prece é, sem que lá em casa se saiba, inútil, porque agora "o menino da sua mãe" "jaz morto e apodrece" (este verbo substitui e intensifica o realismo do arrefece contido na primeira estrofe). Novo discurso parentético que aponta, de forma subtil, o que está por detrás desta morte prematura (Malhas que o Império tece), isto é, hoje e sempre, as vítimas que o desejo de Impérios faz.
A acção do poema decorre "No plaino abandonado". O poema gira à volta de uma só personagem: um jovem soldado. O soldado é jovem, jazendo morto no plaino, trespassado por duas balas, de lado a lado, farda ensanguentada, braços estendidos, alvo, loiro, exangue, com olhar langue e cego. Junto ao soldado encontram-se dois objectos (uma cigarreira e um lenço) que lhe caíram da algibeira, simbolizando a forte ligação afectiva entre ele e o ambiente familiar, nomeadamente com a mãe e a velha criada. Como o soldado, estes objectos também jazem abandonados no campo da batalha, mas "É boa a cigarreira, ele é que já não serve".
Os dois primeiros versos da última estrofe contrastam com o último da primeira estrofe do poema. Há um contraste entre a lembrança e o desejo que o soldado volte para casa e a situação de abandono e esquecimento a que ele é votado.
No terceiro verso da última estrofe, o sujeito poético pretende mostrar , através da ironia, intensificando a sua crítica, o absurdo da guerra, a sua inutilidade e a sua tirania que não respeita a vida nem os laços que unem as pessoas.
O título deste poema condensa o carinho, o zelo e a preocupação que esta mãe dedicou ao seu único filho que pereceu daquela triste maneira.
Na primeira parte do poema (duas primeiras estrofes), o sujeito poético conta que naquele terreno (“No plaino abandonado”) se encontra o corpo do “menino da sua mãe” que vai arrefecendo apesar da “morna brisa”. No primeiro verso há uma hipálage: não é o plaino que está abandonado, mas o menino. Predominam, nesta parte, as frases declarativas para mostrar a profundeza do tema, pois retrata o desabar dos sonhos.
A segunda parte inicia-se com duas frases exclamativas para reforçar a efemeridade da vida do menino. A repetição do adjectivo “jovem” relaciona-se com a expressividade das frases exclamativas que pretendem demonstrar com emoção o quão jovem era o menino quando morreu.
Há uma ligação entre os objectos e o jovem soldado: a “cigarreira” e o “lenço”. “A cigarreira breve”: hipálage, trata-se da brevidade da vida do menino que nem teve tempo para utilizar a cigarreira. “A brancura embainhada/de um lenço”: hipálage que se relaciona com a anterior devido à reduzida duração da vida do menino, o lenço que nem teve tempo de usar.
Na terceira parte do poema: discurso parentético “(Malhas que o império tece)” onde se pretende fazer uma acusação revoltosa ao império em questão. Surge, finalmente, a mãe que simboliza a esperança, a saudade, o carinho e o amor, que se encontra em casa – ambiente oposto ao plaino. No penúltimo verso finaliza-se a gradação iniciada no último verso da primeira estrofe (Jaz morto, e arrefece (...) Jaz morto, e apodrece), que pretende traduzir a passagem do tempo durante o poema, em que nós, leitores, sabemos o que se passa, mas a mãe e a ama não.
Os dois primeiros versos da última estrofe contrastam com o último da primeira estrofe do poema. Há um contraste entre a lembrança e o desejo que o soldado volte para casa e a situação de abandono e esquecimento a que ele é votado.
No terceiro verso da última estrofe, o sujeito poético pretende mostrar , através da ironia, intensificando a sua crítica, o absurdo da guerra, a sua inutilidade e a sua tirania que não respeita a vida nem os laços que unem as pessoas.
O título deste poema condensa o carinho, o zelo e a preocupação que esta mãe dedicou ao seu único filho que pereceu daquela triste maneira.
Na primeira parte do poema (duas primeiras estrofes), o sujeito poético conta que naquele terreno (“No plaino abandonado”) se encontra o corpo do “menino da sua mãe” que vai arrefecendo apesar da “morna brisa”. No primeiro verso há uma hipálage: não é o plaino que está abandonado, mas o menino. Predominam, nesta parte, as frases declarativas para mostrar a profundeza do tema, pois retrata o desabar dos sonhos.
A segunda parte inicia-se com duas frases exclamativas para reforçar a efemeridade da vida do menino. A repetição do adjectivo “jovem” relaciona-se com a expressividade das frases exclamativas que pretendem demonstrar com emoção o quão jovem era o menino quando morreu.
Há uma ligação entre os objectos e o jovem soldado: a “cigarreira” e o “lenço”. “A cigarreira breve”: hipálage, trata-se da brevidade da vida do menino que nem teve tempo para utilizar a cigarreira. “A brancura embainhada/de um lenço”: hipálage que se relaciona com a anterior devido à reduzida duração da vida do menino, o lenço que nem teve tempo de usar.
Na terceira parte do poema: discurso parentético “(Malhas que o império tece)” onde se pretende fazer uma acusação revoltosa ao império em questão. Surge, finalmente, a mãe que simboliza a esperança, a saudade, o carinho e o amor, que se encontra em casa – ambiente oposto ao plaino. No penúltimo verso finaliza-se a gradação iniciada no último verso da primeira estrofe (Jaz morto, e arrefece (...) Jaz morto, e apodrece), que pretende traduzir a passagem do tempo durante o poema, em que nós, leitores, sabemos o que se passa, mas a mãe e a ama não.
A Mena na cozinha
Pudim de maracujá
1 gelatina de maracujá
1 lata de leite condensado
1 lata de polpa de maracujá
Prepare a gelatina segundo as indicações da embalagem. Junte o leite condensado, misturando bem e, por fim, a polpa de maracujá.
Coloque numa forma e leve ao frigorífico.
Delicie-se!
Trabalhinhos:
2 comentários:
Olá Mena
Obrigada pela partilha de tão belo poema de Pessoa.
Vim mesmo a tempo de me servir do pudim de maracujá.
Com este calor soube-me tão bem!
Bjs.
Tive um trabalho da escola à cerca deste poema, e este blogue ajudou-me emenso.
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