quinta-feira, 26 de junho de 2008

Adeus, avô!

Adeus Avô!


Estou triste, o meu avô partiu!

Flores para o meu avô

O dia está lindo, mas a minha alma só vê escuridão.

Poemas a condizer com o meu estado de espírito

"A morte chega cedo,
Pois breve é toda vida
O instante é o arremedo
De uma coisa perdida.

O amor foi começado,
O ideal não acabou,
E quem tenha alcançado
Não sabe o que alcançou.

E tudo isto a morte
Risca por não estar certo
No caderno da sorte
Que Deus deixou aberto".

A morte é a curva da estrada

A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
existir como eu existo.

A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.


Fernando Pessoa



Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol
a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos
os amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer: "Fulano de tal comunica
a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje
às 9 horas. Traje de passeio".
E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos
escuros, olhos de lua de cerimónia, viríamos todos assistir
a despedida.
Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio.
"Adeus! Adeus!"
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes...
(primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos... )
a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se
em fumo... tão leve... tão subtil... tão pólen...
como aquela nuvem além (vêem?) — nesta tarde de outono
ainda tocada por um vento de lábios azuis...
José Gomes Ferreira



Morte, minha Senhora Dona Morte,
Tão bom que deve ser o teu abraço!
Lânguido e doce como um doce laço
E como uma raiz, sereno e forte.

Não há mal que não sare ou não conforte
Tua mão que nos guia passo a passo,
Em ti, dentro de ti, no teu regaço
Não há triste destino nem má sorte.

Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto!

Vim da Moirama, sou filha de rei,
Má fada me encantou e aqui fiquei
À tua espera... quebra-me o encanto!
Florbela Espanca


De suspirar em vão já fatigado,
Dando tréguas a meus males, eu dormia.
Eis que junto de mim sonhei que via
Da Morte o gesto lívido e mirrado.

Curva fouce no punho descarnado
sustentava a cruel, e me dizia:
"Eu venho terminar tua agonia;
Morre, não penes mais, ó desgraçado..."

Quis ferir-me, e de Amor foi atalhada.
Que armada de cruentos passadores
Aparece, e lhe diz com voz irada:

"Emprega noutro objecto os teus rigores;
Que esta vida infeliz está guardada
Para vítima só de meus furores".
Bocage

A hora da partida

A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.

A hora da partida soa quando
as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.

Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.
Sophia de Mello Breyner


Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que dove n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

Álvares de Azevedo

"Está morto: podemos elogiá-lo à vontade!"

Machado de Assis


"(…) Se a morte é a extinção de todo o sentimento e se parece com um daqueles sonos em que nada vemos, mesmo em sonho, morrer é então um maravilhoso lucro. (…) Se a morte, portanto, for qualquer coisa de semelhante, eu defendo que ela é um ganho, pois que a inteira sucessão dos tempos não parecerá mais do que uma só noite."

"Se alguma vez quisermos ter um puro conhecimento de qualquer coisa, é necessário alienarmos o nosso corpo e olhar apenas com a alma as coisas em si mesmas. Só alcançaremos, segundo parece, aquilo que desejamos e pretendemos amar, a sabedoria, depois da nossa morte (...), durante a nossa vida, nunca!" .
Platão

Amanhã, e amanhã, e ainda outro amanhã arrastam-se nessa passada trivial do dia para a noite, da noite para o dia, até a última sílaba do registro dos tempos. E todos os nossos ontens não fizeram mais que iluminar para os tolos o caminho que leva ao pó da morte. Apaga-te, apaga-te, chama breve! A vida é apenas uma sombra ambulante, um pobre palhaço que por uma hora se espavona e se agita no palco, sem que depois seja ouvido; é uma história contada por idiotas, cheia de fúria e muito barulho, que nada significa.

Macbeth, Acto 5, Cena 5

14 comentários:

Sonia Facion disse...

O Mena querida
Que o Senhor Deus derrame sobre voce e toda a sua família o consolo para suportaem a ausência do seu avô.
Bjs e meus sentimentos.
Sonia

Anónimo disse...

Filomena, um beijinho muito grande e um abraço apertadinho nesta hora de dor.
Manela

Sylvana disse...

Lamento tu dolor, pero pensa en todas las cosas lindas compartidas.
Un beso y abrazo fuerte
Tu amiga

Syl

ÁNGELES disse...

Querida Mena, deja la tristeza. Tu Abuelito va camino a La Luz, el amor no se acaba, el amor está allí en el alma de los que hemos amado tanto y claro está en nuestra propia alma. No somos un cuerpo, somos ALMA, somo ESPÍRITU, ya es libre de nuevo. Suelta el dolor, el amor siempre está con nosotros. Todo está bien amiga. Cariños.
Ángeles Nessy

caloca disse...

Olá Mena. Lamento a tua perda e agora, para atenuar o sofrimento, recorda os bons momentos que passaram juntos e tens que te mentalizar que a vida é assim, prepara-nos umas surpresas desagradáveis.
Muita força amiga, para superar esta dor.
Beijinhos
Armanda

Dulce disse...

Oh Mena...também fiquei triste. Ainda tínhamos visto a festinha dele.
Quero que saibas que ele foi para um lugar ainda mais lindo e que irá descansar como merece. Nestes momentos faltam-me as palavras, mas temos que aceitar que esta vida é apenas uma passagem, que este dia chega a todos nós, só que nunca o queremos, eu sei. Os meus sinceros sentimentos para toda a família.

beijinhos grandes
Dulce

Maria Bettencourt Lemos disse...

Olá Mena,
Neste momento particularmente dificil para ti pouco poderei dizer...apenas apresentar os meus sentimentos.
Um grande abraço para ti
Maria Lemos

Sonia Facion disse...

Mena
Sei que no momento é dificil, mas desejo que tenhas um bom fim de semana.
Bjs
Sonia

Feltro em casa disse...

Oi Mena!!
Meus pêsames pela perda de seu avozinho...só hoje fui ver a postagem...Um beijo e um abraço bem apertado!!!Malú

artes_romao disse...

Boa tarde...n sabia desta situaçao...como n pode aparecer aki ontem. mas nestes momentos tenho sempre poucas palavras...pk tb ja perdi as pessoas mais importantes p mim...e infelizmente sei o k isso é...sinto muito!!!
força e muita coragem p enfrentares este momento k nos custa tanto.
um fim de semana, na medida do possivel.
fika bem,jinhos***

Wilhemina Queen disse...

Felicitaciones por la nominación al Blog Joya para el Alma , compartimos nominación.
Toda la suerte!
un abrazo!

Verónica Curutchet desde
El Mundo de Wilhemina Queen


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APO (Bem-Trapilho) disse...

sinto muito amiga! recebe um abraço de conforto nesta hora tao triste.
bjos

Cristiana Fonseca disse...

Lamento por te, sinta-se abraçada.
Belos poemas vc escolheu.
Beijos com carinho,
Cris

Unknown disse...

Mena querida,
Não vou dizer nada, pois acho que há momentos em que as palavras são desnecessárias. Deixo, isso sim, um enorme beijinho e um abraço apertado e cheio de amizade!
Lia.