segunda-feira, 9 de março de 2009

"Estavas, linda Inês, posta em sossego"

I



Inês de Castro (Canto III, est. 118 a 135)

"É mais fácil e confortável suportar uma escravidão cega que trabalhar para se libertar; toda a história das mulheres foi feita pelos homens"

Simone de Beauvoir


Paráfrase – Episódio de Inês de Castro

118

O rei D. Afonso IV voltou a Portugal, depois da vitória contra os mouros, esperando obter tanta glória na paz quanto obtivera na guerra. Então aconteceu o caso triste e memorável, que até os mortos revolta, daquela infeliz que depois de ser morta foi rainha.

119

Foi o Amor, somente ele, quem causou a morte de Inês, como se ela fosse a sua pior inimiga. Dizem que o Amor feroz, cruel, não se satisfaz com as lágrimas, com a tristeza, mas exige, como um deus severo e tirânico, banhar seus altares com sangue humano: exige sacrifícios humanos.
(Repara que a palavra "pérfida", n’Os Lusíadas, refere-se geralmente aos Mouros inimigos. Neste verso 4, parece indicar que Inês foi morta com a mesma crueldade que se usava contra eles).

120

Inês estava em Coimbra, sossegada, desfrutando da felicidade enganadora (“engano da alma, ledo e cego”) e breve (“Que a Fortuna não deixa durar muito”) da juventude. Nos campos do Mondego, com os belos olhos húmidos com lágrimas de saudade, repetia o nome do seu amado aos montes e às ervinhas (confessava à natureza o amor que sentia por D. Pedro).
(As formas "fruito" e "enxuito" são variantes de “fruto” e “enxuto”. Durante muito tempo, essas variantes foram utilizadas simultaneamente. Camões utilizou palavras como despois, fruito, enxuito e escuito, porque se adequavam melhor à estrutura poética de Os Lusíadas - a oitava rima -, formada por versos decassílabos heróicos ou sáficos). Estas formas arcaicas ainda são utilizadas em muitas regiões.

121


Quando o seu amado se ausenta para participar em longas caçadas, Inês socorre-se das lembranças: de noite em sonhos, de dia em pensamentos.

Para ele isto eram memórias de alegria.


122


Pedro recusa-se a casar com outras belas senhoras e princesas, porque o amor rejeita tudo que não seja o rosto amado a quem está sujeito.

Vendo esta conduta apaixonada e estranha e a atitude do filho que não se queria casar, o pai, D. Afonso IV, atende ao murmurar do povo...


123


… decide matar Inês, para libertar o filho daquele amor. O pai acredita que só o sangue da morte apagará o fogo do amor. Que loucura foi essa que fez com que a espada que combateu os Mouros fosse levantada contra uma dama delicada?


124


Quando os horríveis e cruéis carrascos trouxeram Inês perante o rei, este já estava compadecido e arrependido. No entanto, o povo persuadia, incitava o rei a matá-la. Inês, então, com palavras ou com a voz triste, sentindo mais pela dor e saudade do príncipe e dos filhos do que pela própria morte…


125


... levanta os olhos ao céu (somente os olhos, porque um carrasco prendia-lhe as mãos) e depois de olhar comovidamente os filhinhos que estavam junto de si, disse para o rei, o cruel avô:


126


- Se até os animais ferozes, que a natureza fez cruéis e as aves selvagens que só pensam em caçar, têm piedade para com crianças pequenas como aconteceu com a mãe de Nino e com Rómulo e Remo, fundadores de Roma.

(Semíramis, rainha da Assíria e mãe de Nino, foi abandonada num monte, sendo alimentada por pombas. Rômulo e Remo, fundadores de Roma, foram abandonados quando crianças e amamentados por uma loba).


127


... tu que és humano (se é humano matar uma donzela fraca e sem força, só por amar quem a ama), tem respeito a estas criancinhas. Tem piedade por elas e por mim, já que não me queres perdoar de uma culpa que não tenho. (Inês considerava-se inocente)

128


E se na guerra contra os Mouros soubeste dar a morte, sabe, agora, dar a vida a quem não cometeu nenhum erro para a perder.

Mas mesmo assim se achas que a minha inocência merece castigo, desterra-me para a fria Cítia ou a Líbia ardente onde viverei em sofrimento para sempre.


129


Manda-me para onde haja tigres e leões (animais selvagens) e verei se encontro entre eles a piedade que não encontrei entre os homens. Aí criarei estas criancinhas, recordações do pai, a minha única consolação.


130


O rei bondoso queria perdoar-lhe, impressionado com aquelas palavras, mas o povo obstinado e o seu Destino não lhe perdoam.

Os que aconselharam a morte de Inês, desembainharam as espadas.

É contra uma dama indefesa que vos mostrais valentes e cavaleiros?


131


Do mesmo modo que Pirro prepara a espada para matar a jovem Policena, que se oferece ao sacrifício, com os olhos postos em sua mãe enlouquecida de dor, de quem era a sua única consolação...

(Aquiles, herói da guerra de Tróia, era invulnerável por ter sido mergulhado, logo ao nascer, na água da lagoa Estígia (Lagoa da Morte). Personagem da Ilíada de Homero, morreu durante a guerra de Tróia, quando foi atingido por uma seta no calcanhar, o único ponto vulnerável do seu corpo. Pirro, filho de Aquiles, teria sido aconselhado pelo fantasma (“sombra”) do pai a matar Policena, noiva do herói morto. Matou-a quando esta se encontrava sobre o túmulo de Aquiles).

132


... assim os algozes de Inês, sem se preocuparem com a vingança de D. Pedro, se enfureciam contra ela, espetando as espadas no colo de alabastro, que sustinha as obras que fizeram Pedro apaixonar-se por ela, e banhando em sangue o colo de alabastro já regado com as suas lágrimas.


133


Bem puderas, ó Sol, não ter brilhado naquele dia, como aconteceu com o sinistro banquete em que Atreu deu a comer a Tiestes os filhos deste, para não ver tão terrível crime.

E vós, côncavos vales, que ouvistes o nome de Pedro, na sua voz agoniante, por muito tempo o repetiste em eco.

(Camões iguala a crueldade da morte de Inês à da história de Atreu e Tiestes. Tiestes era filho de Pélops e irmão de Atreu. Seduziu a esposa do irmão. Atreu deu a comer a Tiestes os filhos que nasceram daquela união).

134


Assim como a flor que é cortada antes do tempo por uma menina travessa, para colocá-la numa grinalda, fazendo com que a flor murche rapidamente, assim está Inês, pálida, pois perdeu a cor e a vivacidade da pele.


135


As ninfas do Mondego, durante muito tempo, lembraram, chorando, a morte de Inês. E, para eternizá-la, as lágrimas transformaram-se numa fonte chamada “dos amores de Inês”, acontecidos ali. A fonte que rega as flores é refrescante porque é feita de lágrimas e de amores.


II





FENÓMENOS FONÉTICOS

1. ADIÇÃO


PRÓTESE- Consiste no acrescentamento de um fonema no início de um vocábulo:


stare > estar

spiritu > espírito

scutu > escudo

thunu > atum


EPÊNTESE - É o nome que se dá ao acrescentamento de um fonema no meio da palavra:


stella > estrela

humile > humilde

umero > ombro


plano > prão > porão

blatta > brata > barata


catena > cadea > cadeia

plenu > cheo > cheio


PARAGOGE - adição de um fonema no final de um vocábulo:


ante > antes

amor > amore

Artur > Arturio

flor > flore


III



2. QUEDA


AFÉRESE - supressão de um fonema no início do vocábulo:


acume > gume

attonitu > tonto

episcopu > bispo


horologiu > orologio > relógio

apotheca > abodega > bodega (taberna, tasca; porcaria)


SÍNCOPE - supressão do fonema no interior da palavra:


legale > leal

Legenda > lenda

malu > mau

A Síncope possui uma modalidade denominada HAPLOLOGIA, que consiste não na simples supressão de um fonema no interior de palavra, mas na redução da primeira de duas sílabas sucessivas iniciadas pela mesma consoante:


bondadoso > bondoso

tragicocomédia > tragicomédia

formicicida > formicida


APÓCOPE - Consiste na queda de um fonema no final da palavra:


mare > mar

amat > ama

male > mal

Trabalhinho: "boninas"

Comprei este esquema e agora já não pico os dedos ao feltrar as florinhas, folhas, bolinhas, borboletas... Ficam muito bonitas e bem perfeitinhas! Não acham?



A Mena na cozinha

ERVILHAS COM OVOS ESCALFADOS


2 kg de ervilhas
100 g de chouriço
1 Cebola

2 colheres de sopa de concentrado de tomate
1 dl de caldo de carne ou àgua
1 colher de sopa de azeite
2 + 6 ovos
Sal

pimenta


Leve um tacho ao lume com um pouco de azeite e aloure a cebola previamente picada. Junte a folha de louro e o chouriço cortado em rodelas. Deixe refogar.
Adicione depois as ervilhas congeladas e a água ou o caldo de carne. Tempere com sal e pimenta e deixe cozinhar em lume brando até as ervilhas ficarem macias.


Junte mais água se necessário. Parta dois ovos para dentro do tacho e mexa-os para ficarem às farripas.

Abra, depois, cavidades entre as ervilhas e parta para aí os ovos. Deixe cozinhar mais 10 minutos em lume brando e desligue.

Sirva-as simples, com arroz branco ou com salada.
Bom Apetite!




Ui! Que susto!

Pois é! Ninguém adivinhou de onde vinha aquele barulho.
Aquele barulho vinha da casa do meu vizinho, do andar de baixo. E, pasmem, era ele a ressonar...
Ele e a mulher tinham o quarto bem por baixo do meu, tinham pouca mobília, o quarto era grande e qualquer barulhinho tornava-se num barulhão, porque ecoava... Depois de andar de levante a noite toda, apercebi-me que só ouvia aquele barulho, ali, no meu quarto... Pus-me à escuta, muito atenta, e... fez-se luz... o homem ressonava que se fartava... pobre mulher a dormir bem ao lado dele... se eu não conseguia dormir com aquele barulho vindo de outro apartamento, ela, coitada... talvez usasse tampões, quem sabe!


7 comentários:

Brunette disse...

Olá Mena!
Parece que o dia de hoje resolveu pregar-nos umas partidinhas com os seus contratempos... mas amanhã é outro dia, não é? Ainda para mais, vem aí um miminho...
Tal como escrevi no meu blogue, vou fazer de novo as pecinhas em fimo. Quando fizeste as tuas, aconteceu-te algo de parecido com o que me sucedeu? Ainda não consigo arranjar explicação e só espero que corra tudo bem na próxima fornada...
Bjos e boa semana

APO (Bem-Trapilho) disse...

ohh Deus, que coisa! pediste-lhe para insonorizar o quarto, está bom de ver! :)
quanto à troquinha és uma querida e tenho a certeza que a M. vai amar. ela adora todas estas manualidades e coisinhas fofinhas e afins. ela não é esquisita! :) desde bebé que ficava feliz até quando lhe ofereciam meias! e a expressao de felicidade era tao genuina que deixava todos espantados dos tipo "querida, este é que é o presente, isto são só umnas meias que resolvi acrescentar" e ela respondia, "mas sao taooo lindas!" :)
eu tb já estou quase despachada dos fimos. foi a primeira vez que mexi nisto e por isso demorei algum tempo a acertar.
bjinhos grandes

Unknown disse...

Olá amiga

passei somente para deixar um :)
jokas e boa semana

caloca disse...

Olá Mena.
Bem, coitada da senhora que tinha que partilhar o quarto com ele... As pecinhas de feltro estão muito bonitas e bem feitinhas, sim.
Sabes, abrir assim o apetite as 10.20 da manha é que não me calha muito bem, eu gosto tanto de ervilhas com ovos e está com tão bom aspecto... hummm!
Jinhos e uma boa semana
Armanda

mafgonbot@gmail.com disse...

Olá Mena,

que saudades!!!!
O tempo é sempre pouco ultimamente. Já tinha imensas saudades destes teus posts cheios de informações.
Adorei a receita, é um dos pratos que adoro e como apenas duas ou 3 vezes por ano!!
Vou tentar passar por cá mais vezes.
Beijocas grandes
Mafalda

Bijuterias D'encantar disse...

Olá!
Finalmente estou a tentar voltar ao activo por aqui e a visitar os vossos cantinhos! Que saudades!!
Adorei as novidades... como sempre postagens sempre recheadas de coisas boas!

Beijinhos e boa semana

artes_romao disse...

boa tarde,td bem?
k prato tao bom, ja se comia...
estas peças, estao lindissimas,parabens.
fika bem,jinhos***