terça-feira, 2 de março de 2010

Expressões populares II

Mais umas fotos da visita de estudo a Lisboa.



Capela de Santo Cristo


Situada numa das mais nobres e conceituadas zonas da cidade de Lisboa, Belém, a Capela do Senhor Santo Cristo, foi construída no início do século XVI, em 1517, integrando então o conjunto do Mosteiro dos Jerónimos.
A Capela de estilo Manuelino, atribuída a João de Castilho, situa-se junto ao Estádio do Clube de Futebol Os Belenenses e possui uma vista magnífica.
Esta Ermida esteve muitos anos soterrada e terá somente visto a luz do dia, quando foram feitas obras no Estádio acima referido.
Para além dos muitos elementos Manuelinos presentes no interior e exterior da Capela, destacam-se igualmente o interessante conjunto de azulejaria dos séculos XVI e XVII.










Expressões populares


Dar com a canastra na parede ou Mandar a albarda ao ar:

A expressão surgiu no período colonial, onde aqueles que escoavam a produção precisavam de ir a determinado lugar sobre burros ou mulas. O facto é que, muitas vezes, esses burros ou mulas, devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difíceis e regiões inóspitas, onde os burros morriam. Daí que, para não carregarem com a albarda e não terem de carregar aos ombros as sacolas… estes termos, passaram a ser usados para se referir a alguém que faz um grande esforço para conseguir algum feito e não consegue ter sucesso.


Guardar a sete chaves:

No século XIII, os reis de Portugal guardavam as jóias e documentos importantes da corte num baú que possuía quatro fechaduras, sendo que cada chave era distribuída a um alto funcionário do reino. Portanto, eram apenas quatro chaves. O número sete passou a ser utilizado devido ao valor místico que lhe era atribuído desde a época das religiões primitivas. A partir daí começou a utilizar-se o termo “guardar a sete chaves” para designar algo bem guardado.


O cu de Judas:

Conta-se que após ter traído Cristo, Judas se enforcou numa árvore descalço, já que tinha posto o dinheiro que ganhou por O entregar, dentro das botas. Quando os soldados viram que Judas estava sem botas, foram à procura delas e do dinheiro. Se encontraram as botas
, nunca ninguém soube! Mas um dos soldados, regressado ao local disse para outros que, se calhar, Judas tinha metido o dinheiro no cu. Daí, a expressão.



A corrente tradicional da lírica camoniana


o vilancete


Etimologicamente, vilancete quer dizer "cantiguinha vilã" e o termo surge pela primeira vez no Cancioneiro Geral.



Mote


Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.




Voltas
 
Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.
 
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.
 
                  Luís de Camões



O sujeito poético traça o retrato de Lianor, quando esta vai buscar água à fonte. O assunto evidencia a beleza e a graciosidade de Lianor.

O “eu” lírico consegue fazer ressaltar a graça e a beleza da rapariga, servindo-se:

- da expressividade do nome “graça”, dos adjectivos “linda”, “branca”, “formosa”;

- da expressividade do verbo “chover” (“chove nela graça tanta”), usado aqui com valor transitivo e carregado de sentido hiperbólico (a graça era nela tão evidente e tão abundante como a chuva);

- das metáforas “chove nela graça tanta”, “mãos de prata”, “cabelos de ouro”, fazendo ressaltar a brancura das mãos e o louro dos cabelos, características do tipo da mulher clássica;

- da expressividade dos diminutivos “sainho”, “vasquinha”, sugerindo a ideia de graciosidade e de simpatia;

- das orações consecutivas (“que o mundo espanta”, “que dá graça à formosura”);

- das hipérboles contidas nas duas orações consecutivas citadas acima e na expressão comparativa “mais branca que a neve pura”;

- da personificação “tão linda que o mundo espanta”;

- da adjectivação expressiva “fermosa”. “não segura” (exposta às ciladas do amor), “branca”, “pura”, “linda”;

- das peças de vestuário e dos objectos que transporta, em si graciosos, pretendendo o sujeito poético transferir essa graciosidade para Lianor: traz uma cinta escarlate, um sainho de chamalote, uma vasquinha de cote, uma touca e uma fita vermelha nas tranças; leva o pote à cabeça e o testo nas mãos;

- da utilização de sons abertos (o, a) que sugerem vitalidade, fechados (ô e u) e nasais (on, na);

- da associação de cores (o vermelho do vestuário, o branco da pele e o loiro dos cabelos) para sugerir a alegria, a pureza e a perfeição de Lianor;

- da projecção do retrato num fundo de “verdura”, a caminho da fonte, com evocação de outro cenário não menos simbólico: “A neve pura”.

O tema do vilancete, os elementos bucólicos nele presente (a fonte, o caminho cheio de verdura), bem como a concepção da mulher e do amor colocam este poema de Camões na linha da poesia trovadoresca medieval, o que é também confirmado pela métrica dos versos (medida velha).

Neste retrato idealizado de Lianor, em que, mais que a beleza física, se visiona a graça e a beleza espiritual, paira a concepção platónica do amor, assim como um tipo de mulher petrarquista.

Este vilancete é composto por um mote de três versos e por duas voltas (glosas) de sete versos. O último verso do mote repete-se, também como último, nas duas voltas. Os versos são de sete sílabas, isto é, versos de redondilha maior (Des – ca – ça – vai – pa – raa – fon). Trata-se portanto da “medida velha”, de acordo com as características tradicionais do poema. A rima é emparelhada e interpolada, como se pode verificar no esquema rimático: ABB – CDDCBB.



Comparação entre:


“Descalça vai pera a fonte”


- retrato pictural

- o movimento (“vai”)

- a leveza, a despreocupação, a beleza insegura

- espaço: a caminho da fonte

- todos os verbos no presente do indicativo


“Na fonte está Lianor”


- retrato escultórico

- o estatismo (“está”, “estava”)

(“o rosto sobre uma mão / os olhos no chão pregados”)

- a reflexão, a dor do amor sem esperança; ausência de cor

- espaço: na fonte

- a utilização do imperfeito do indicativo e do gerúndio




Trabalhinho:



A Mena na cozinha

Claras douradas

claras

caramelo

2 colheres de açúcar

sal


Molho

2 gemas

3 colheres de açúcar

2 colheres de chá de farinha maizena

Casca de limão

2,5 dl de leite



Bata as claras com uma pitada de sal até ficarem bem firmes. Junte duas colheres de açúcar e volte a bater muito bem, até ficarem bem durinhas. Acrescente duas colheres de sopa de caramelo e volte a bater mais um pouco.

Unte um pirex com caramelo e disponha as claras em pirâmide à colherada. Leve ao forno a 180º. Entretanto prepare o molho: ponha o leite ao lume com uma casquinha de limão e deixe ferver. Faça uma gemada com as gemas e o açúcar, junte a farinha maizena. Adicione o leite aos poucos e leve ao lume para espessar.

Verta o molho sobre as claras e polvilhe com canela. Se não puser o molho também fica óptimo.

Delicie-se!



5 comentários:

Mona Lisa disse...

Olá Mena

Adorei a visita que me proporcionaste.

Mais umas expressões populares, que adoro!

Ahhhh...servi-me da sobremesa.
Uma delícia.

Bjs.

Anónimo disse...

Olá Mena td bem?
Passei para ver as novidades e deliciar-me com as claras douradas =)
Beijinho grande

~*Rebeca*~ disse...

Não cheguei a ir à essa capela, fica pra próxima.

O cu de judas foi a melhor. kkkkkkkkkkk

Aí se fala onde Judas perdeu as botas?

até mais.

Jota Cê

artes_romao disse...

boa noite,td bem?
gostei imenso das novidades...
as claras parecem muito bem,hhehe.
fica bem,jinhos**

Sonia Facion disse...

Oi Mena!!!!

Que lugar maravilhoso, que previlégio!!!!!

Huuuuuuuu essas claras douradas....

Bom fim de semana.

Bjks

Sonia